Jussie Smollett critica falta de empatia após ataque racista e homofóbico

Falando publicamente pela primeira vez desde que sofreu uma agressão racista e homofóbica no mês passado, o ator Jussie Smollett se dirigiu aos céticos e descrentes em uma entrevista exclusiva que foi ao ar no programa "Good Morning America", da ABC News, ​​nesta quinta-feira. A estrela da série “Empire”, atacada no que as autoridades estão chamando de crime de ódio, afirmou que seu coração ficou partido quando descobriu que as pessoas contestavam os detalhes de sua história. "Eu tenho falar que me endereçar às mentiras e ao ódio. Se eu tivesse dito que o agressor era um muçulmano, um mexicano ou um negro, eu sinto que os descrentes teriam me apoiado muito mais. E isso diz muito sobre o lugar que estamos no nosso país agora”, avaliou, criticando a falta de empatia da população.

Em uma conversa intimista com a repórter Robin Roberts, na qual ele ocasionalmente chorava, Smollett disse que “nunca será o homem a quem isso não aconteceu". "Eu mudai para sempre". Ele também se declarou "indignado" não só pelo caso, mas também porque algumas pessoas questionaram a veracidade de sua narrativa. “Como você pode duvidar disso, como você pode não acreditar nisso se é a verdade? Não é necessariamente que você não acredite, você nem quer ver a verdade. Porque todo mundo tem sua própria ideia. Alguns estão curando e outros estão machucados, mas eu só quero que os jovens membros da comunidade LGBTQ, crianças negras saibam o quanto são fortes”, comentou o artista de 36 anos.

O artista revelou que sofreu ferimentos na clavícula e diversas contusões. afirmando que foi um alvo por causa de sua postura crítica em relação a Donald Trump, a quem chama de 45, já que ele é o quadragésimo quinto presidento dos Estados Unidos. "Eu venho muito, muito forte contra o 45. Sou muito duro contra sua administração e não seguro minha língua”. O ator disse que apreciava o fato de que o chefe de Estados não ignorou o evento – ele se manifestou lamentando o ocorrido –, mas acrescentou que não tinha dúvidas de que os agressores foram motivados por seus comentários de desprovação.

Com a ABC News censurando suas palavras, Smollett disse: “Isso só pode ter saído de suas palavras. Quem diz ‘[bip] de ‘Empire’, esse é o país do MAGA (Make America Great Again)’, amarra um laço no seu pescoço e derrama água sanitária em você? E esta é apenas uma luta amistosa?”, indagou. "Para mim, o pior foi a ideia de que eu de alguma forma mudei a minha história, sabe? E que, de alguma forma, talvez eu tenha adicionado um pouco de bugiganga extra, você sabe, da coisa do ‘Make America Great Again’”, disse.

"Eu não precisei inventar nada assim. Eles me chamaram de viado, eles me chamavam de preto. Não há como você excluir isso. Eu não preciso de um boné com a frase MAGA como a cereja em cima de um sundae racista". Outros sugeriram que ele pode ter mentido em sua explicação por estar na ruas às 2h, o que ele classificou como de mau gosto "Ouvi dizer que foi um encontro que deu errado, que eu também me ressinto dessa narrativa. Eu não vou sair e pegar um sanduíche de atum e uma salada para me encontrar e conhecer alguém. Isso é ridículo”. Acrescentou que também é ofensivo.

Detalhes

Confirmando relatos de que inicialmente relutou em contatar a polícia ou entregar seu celular para ajudar na investigação, ele disse que “queriam que eu desse meu celular ao técnico por três a quatro horas”. “Sinto muito, mas não vou fazer isso. Porque tenho fotos e vídeos privados e contato, o número do meu parceiro, o número da minha família, o do meu colega, os números dos meus amigos, meus e-mails particulares, minhas músicas privadas, minhas mensagens de voz privada", explicou. Ele assegurou que não queria chamar a polícia no início, mas seu amigo e diretor de criação, Frank Gatson, fez isso em seu nome.

Quando as forças de segurança chegaram, agentes disseram ter encontrado Smollett em seu apartamento com roupas manchadas e uma "corda branca enrolada" em volta do pescoço dele, segundo o boletim de ocorrência. Smollett comentou que ainda estava em estado de choque. "Eu estava olhando para mim mesmo, checando o que tinha acontecido. Eu vi o hematoma no meu pescoço, você sabe, como o pequeno queimão causado pela. Então, quando a polícia veio, eu mantive as roupas, eu mantive a corda em mim... quer dizer, não estava enrolado. Mas sim, estava por perto porque eu queria que eles vissem”, avaliou.

O artista ainda tem esperanças de que a polícia rastreie os suspeitos. Ele também acredita que as duas pessoas de interesse, cuja foto foi divulgada pela polícia nos dias após o ataque” são os perpetradores. "Eu não tenho nenhuma dúvida em minha mente de que são eles "Nunca tive”, enfatizou.