"La Casa de Papel" rompe fronteiras e conquista público brasileiro

"La Casa de Papel" rompe fronteiras e conquista público brasileiro

Com sua terceira temporada confirmada para 2019 no Brasil, a série espanhola é a favorita do momento

Marcos Santuário

A espanhola "La Casa de Papel" se tornou a série de língua não inglesa mais assistida na Netflix até o momento

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O sotaque que predomina não é o inglês, e sim o espanhol. Criada por Álex Pina, um homem que se forjou no meio televisivo criando séries para a Antena 3, um canal da Espanha, a série “La Casa de Papel”, distribuída pela Netflix, rompe suas fronteiras e envolve também o público brasileiro. No centro da trama, oito assaltantes e um líder.

Os assaltantes têm nomes de cidades para ninguém saber a identidade de ninguém. Sendo eles, Tóquio, Berlim, Helsinque, Oslo, Rio, Moscou, Nairóbi, Denver e o líder é intitulado como Professor. Cada assaltante tem uma habilidade e juntos irão assaltar a Casa da Moeda da Espanha. Do outro lado, o da lei, estão dois policiais, Raquel e Ángel, que entram no centro da história, fazendo o trabalho de negociação e tentando desvendar os mistérios envolvendo esse assalto. O assalto em si não se torna spoiler ao ser conhecido, pois acontece logo no primeiro episódio.

A primeira temporada prima por um roteiro bem-construído, que nos dá a conhecer como o assalto foi planejado através de flashbacks. São também pelos flashbacks que conhecemos as histórias de cada um dos assaltantes e de alguns reféns. Doses homeopáticas de conhecimentos e descobertas. O líder do grupo, o “professor” não propõe roubar ninguém. Eles estão lá na Casa da Moeda produzindo o dinheiro que vão levar. A segunda temporada recebeu críticas por não acompanhar a intensidade narrativa do início.

O local em que foi gravada a série, a tal Casa da Moeda da trama, serviu também de cenário para outra produção espanhola, “Vis a Vis”. Nela, o lugar era uma prisão feminina e grande parte da equipe que trabalhou nela também é responsável pela elaboração do thriller da “Casa de Papel”.

A galeria que antes era o corredor central da cadeia feminina, se transformou na Fábrica Nacional de Moneda y Timbre, modificada e reinventada. “A real era feia por dentro”, confessou o diretor de fotografia Miguel Amoedo. Entre as modificações, onde antes havia paredes de concreto, agora há molduras, arte e dourado.

A questão técnica tem primado na produção. Direção segura, cenas de ação envolventes, planos bem cuidados e medidos no detalhe, fotografia elogiável e trilha sonora muito bem escolhida. As atuações se destacam para o mundo com o talento de Itziar Ituño (a delegada Raquel Murillo, que esteve no CineCeará 2015 representando o filme “Loreak”), Álvaro Morte (o professor), Jaime Lorente (Denver), Pedro Alonso (Berlim) e Alba Flores (Nairóbi).

“A Casa de Papel” tem formato de série de gênero “assalto”, visto com frequência no cinema de entretenimento. Mas há algo diferente, “tarantinesco”, como quer o diretor Jesús Colmenar. Se move na dimensão dupla entre intensidade, ação, violência e humor mórbido”. Os diálogos têm o vigor necessário e a estrutura temporal joga a favor da produção.

O assalto é narrado quase em tempo real e o flashback cria antagonismo envolvente. Na concepção de seus criadores estão em momento parecido ao da criação do neoexpressionismo alemão. Isso explica ótica e ângulos de câmara pouco habituais na tevê. Mais planos angulares, perdendo altura dos olhos, muito plongê e contra-plongê. Dale!

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