Laurie Anderson faz homenagem a Lou Reed no Festival de Veneza

Laurie Anderson faz homenagem a Lou Reed no Festival de Veneza

Casada com o músico por 21 anos, ela dirige o filme "Heart of a dog"

AFP

Laurie Anderson realizou o filme para contar suas memórias

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A cantora, violinista e poeta Laurie Anderson prestou uma homenagem a Lou Reed, seu marido morto em 2013, durante Festival de Veneza. Ao apresentar o filme "Heart of a Dog", que fala de forma delicada sobre o significado da vida, ela contou à imprensa sobre o dia em que ele morreu.

"Eu nunca tinha visto uma expressão tão bela. Suas mãos se juntaram, formando o 21 na arte do Tai Chi, o que representa a água corrente. Seus olhos estavam bem abertos. Eu estava segurando em meus braços a pessoa que mais amava no mundo e eu pude falar com ele até que sua morte. Então, seu coração parou de bater. Ele não estava com medo e eu teria sido capaz de andar com ele até o fim do mundo", relatou Laurie, que foi casada com o roqueiro por 21 anos.

Ela quis traduzir este imenso amor em filme, 29 anos após a realização de "Home of the Brave", sucesso de Reed. "Heart of a Dog" é um longa-metragem de 75 minutos elegantes, profundos, emocionais e cheios de estética, em que a artista de 68 anos de idade evoca o luto de seu marido, mas também, mais recentemente, o de sua mãe e de sua amada cadela terrier, Lolabelle. "Eu prefiro provocar reações em vez de explicar o meu trabalho", comenta ela, considerada uma das musas do avant-garde americano. 

No longa, Laurie conta a sua própria vida, sua infância em Illinois, sua lembrança de 11 de setembro de 2001 em Nova York, mas também dos velhos tempos e o último suspiro de sua cadela cega. "A tristeza, devemos sentir, mas não sermos tristes", costumava dizer seu guru budista, um princípio de vida que perpassa todo o longa, que mistura anedotas e pequenos eventos, como tantos outros poemas em homenagem a seu marido. Este, porém, não é mencionado sequer uma vez. "O espírito de Lou está muito presente no filme", disse a viúva.

"Eu queria fazer algo que fosse uma homenagem ao meu marido, mas que também respeitasse uma parte de sua personalidade. Eu queria especialmente que o filme refletisse sua grande energia", afirmou. Para a diretora, que aproveitou a oportunidade para expressar suas reflexões pessoais sobre a vida, angústias e sonhos, "a memória dá uma cor diferente" para as coisas.

Ao dar aos telespectadores suas teorias sobre o sono, imaginação e luto desorientador, Laurie Anderson coloca o problema do tempo e sua relação com a identidade. Ela medita sobre o que os budistas chamam de "bardo", este estado intermediário após a morte de alguém, que dura 49 dias, durante o qual a identidade se rompe e a consciência se prepara para reencarnar em outra forma de vida. "Não há porque chorar por seus mortos", aconselha, argumentando que cada história de amor é essencialmente uma história entre fantasmas.

Assista ao trailer de "Heart of a Dog":


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