Livro reúne correspondência inédita de quando Erico Verissimo trabalhava na União Pan-Americana

Livro reúne correspondência inédita de quando Erico Verissimo trabalhava na União Pan-Americana

Obra foi organizada pela professora e pesquisadora Maria da Glória Bordini e conta episódios de um conturbado momento político

Correio do Povo

Uma das cartas trocadas por Erico foi com Herbert Caro, que trabalhou no Correio do Povo, onde manteve por anos a coluna de livros “Balcão de Livraria”

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 “Erico Verissimo: Cartas da União Pan-Americana 1953-1958” é o livro que reúne e recupera a correspondência do escritor gaúcho, nos cinco anos em que trabalhou na União Pan-Americana como diretor do Departamento de Assuntos Culturais, em Washington DC.. Os textos eram trocados com dois velhos amigos, o tradutor Herbert Caro e o escritor Clodomir Vianna Moog. A obra foi organizada pela professora e pesquisadora Maria da Glória Bordini (UFRGS), com transcrição e notas das mestrandas Juliana Pauletto e Gabriela Guindani. 

As cartas contam episódios de um conturbado momento político, durante a Guerra Fria, de muita burocracia na OEA, hierarquias desrespeitadas, regras mal entendidas, pouca ação e muita discussão, além de alguns líderes demasiadamente autoritários. No Brasil, vivia-se uma década de grandes tensões, marcada pelo suicídio de Getúlio. O livro reúne 40 cartas, em ordem cronológica, para manter a continuidade da correspondência. Todas foram transcritas dos originais, trazendo informações preciosas sobre figuras nacionais e mundiais da arte. Ela cita músicas, teatro e literatura, bem como filmes, pois o cinema hollywoodiano estava em sua considerada melhor fase. Além das relações de amizade com os destinatários, elas revelam as dificuldades do romancista e o posicionamento político diante da hegemonia norte-americana. Erico estabelece diferenças entre os latinos-americanos e os norte-americanos, não teme a repercussão de seu ponto de vista e mostra um pulso democrático e combativo. Os rumos familiares, informações de bastidores, relatos de conferências realizadas nos Estados Unidos e Américas Central e do Sul, a sólida amizade com Clarice Lispector são encontrados nas mensagens. 

O lado “escritor de cartas” de Erico Verissimo ainda é pouco conhecido do grande público. Como outros escritores de sua geração, o autor da trilogia O Tempo e o Vento utiliza-se da correspondência como forma de socialização, um meio de se comunicar e transmitir suas percepções literárias, trocar informações, nutrir suas relações de amizade, denunciar o que testemunhava nas Américas. Constitui uma outra História das relações internacionais de então. 

A obra está disponível gratuitamente através do endereço da Editora Makunaíma: http://www.edicoesmakunaima.com.br/

 


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