Luísa Sonza transforma a dor em cumplicidade em Porto Alegre

Luísa Sonza transforma a dor em cumplicidade em Porto Alegre

No primeiro show após anúncio de traição, artista cantou “Chico” como um libelo contra o trair no Pepsi On Stage

Luiz Gonzaga Lopes

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Quem adentrou a madrugada deste sábado no Pepsi On Stage, em Porto Alegre, pôde rever um fenômeno gaúcho de postura cênica, de voz, de dança, de atitude e principalmente de mensagem ao público jovem e da diversidade. Luísa Sonza, a Braba de Tuparendi, cantou, dançou e "causou" por cerca de 1h15min para um público de 5,7 mil pessoas no Pepsi On Stage fervilhando e apaixonado. Luísa é uma referência do pop brasileiro, não por acaso, pois o show é curto, mas de uma intensidade fora do comum. O melhor momento da coisa toda foi quando ela confessou ter pensado muito se ia cantar ou não “Chico” neste show por tudo o que aconteceu com a traição do Chico Moedas no Bar da Cachaça. “Esta música é minha e vou cantar sim, pois quem trai não faz para a outra pessoa, acaba traindo a si mesmo”, disse para os gritos do público e os xingamentos direcionados para Chico, tipo “Ei Chico, vai tomar....”. 

Foi o primeiro show de Luísa após o anúncio da traição no programa “Mais Você”, no dia 20 de setembro. Ela não conseguiu esconder o choro e emendou: "Se tem uma coisa que ninguém vai me tirar é uma música. Essa música é a demonstração do amor que existia em mim. Eu nunca vou deixar de amar essa música". Ela até puxou um refrão novo para a canção, dedicado a Chico Buarque e inspirado nele com “Se acaso me quiseres” em vez “Chico, se tu me quiseres” no início. O relacionamento dela com Chico Moedas durou quatro meses, mas o suficiente para uma letra que fala dos gostos do cara, dos papos sobre boemia, política e MPB. “Vejam essa música como a minha música. Nunca ninguém vai tirar a capacidade que eu tenho de amar. Esse nome é só um nome. Esse nome é do Chico Buarque. Vamos ensinar este novo refrão para o Brasil inteiro”, disse Luísa para palmas entusiasmadas do público. 

Foto: Alex Vitória/ Especial/CP

O começo foi por volta das 00h15min, quando a intro de “Escândalo Íntimo” bateu forte na histeria dos fãs e a luz brilhou sobre a banda e os bailarinos de Luísa e logo depois os primeiros acordes de “Carnificina”, botando o sarrafo do show lá em cima, com aqueles riffs de guitarra possantes e batida empolgante e seguindo a ordem do disco lançado no final de agosto, “Escândalo Íntimo”. E não adianta brigar contra o gostar de Luísa pois “morre no fundo do poço”. A loira se concentrou neste terceiro disco e no anterior, “Doce 22” (2021) e deixou as canções do primeiro álbum “Pandora” (2019). 

E foi com a canção do segundo disco, “Mulher do Ano XD”, que a função continuou naquele empoderamento feminino, com estes versos para colocar o homem no seu devido lugar: “Baby, eu não nasci pra ficar na cozinha/ Já sou rainha por aqui faz tempo/ E hoje nessa selva eu vou caçar no seu lugar”. A festa do público que filmava, dançava, cantava todas a plenos pulmões seguiu com aquele samba bem pegado, bem Jorge Benjor, “Luísa Manequim” e com a música que faz o clima subir e todos subirem pelas paredes “A Dona Aranha”, no qual a dança e a sensualidade sobem o calor da noite. 

Foto: Alex Vitória/ Especial/CP

E aí veio o single que fala do cansaço, "Principalmente Me Sinto Arrasada", e que quando foi lançado deu uma guinada mostrando a Luísa que desce ao fundo do poço e surta, resfolega, mas sobe à tona e emerge como uma diva. “Eu não podia mais abrir mão de mim/ eu juro que eu fiz tudo o que eu pude”. “Surreal” deu as tintas de Dalí ao show e depois veio a sequência de “Penhasco” e “Penhasco 2”. O que seria o momento mais triste e reflexivo do show foi muito alto astral. Com a intro de “Strawberry Fields Forever”, dos Beatles, Luísa partiu para “Campo de Morango”, sonhando com campos de morango ao mesmo tempo que anda de BMV, sonha com campos de morango, é malvadona, safada, joga Nintendo e ouve Beatles. Mais um punhado de hits, alguns em versão short, outros do jeito normal vieram em sequência como “Melhor Sozinha”, “Cachorrinhas” e “Hotel Caro”, esta com a voz e a imagem de Baco Exu do Blues ao fundo. Aí veio “Chico” e tudo aquilo que já descrevi lá no início. Com “Anaconda” e “Atenção”, o modo funk foi reativado novamente, seguindo com “Modo Turbo” até a apoteose da noite, com “Lança Menina”, homenagem para Rita Lee, morta em maio. Na canção, cujo refrão é “Lança Perfume”, da roqueira paulistana, e com a voz de Rita ao fundo e a imagem dela no telão, criticando as mulheres boazinhas, certinhas, “chata paca”, Luísa fechou com chave roqueira a noite mágica, intensa e incrivelmente curta.  

Luisa Sonza fez o primeiro show pós-término com Chico Moedas em casa. A gaúcha apresentou a turnê Escândalo Íntimo e pôde ter o acolhimento de quem gritava para que ela superasse o ex. Em show que também marca o primeiro mês de lançamento do álbum recordista de streaming no dia de estreia no Spotify Brasil.

 

Setlist

Escândalo íntimo
Carnificina
MULHER DO ANO XD
Luísa manequim
A dona aranha
BRABA
Interlúdio - Dão errado
Principalmente me sinto arrasada
Surreal
Penhasco
Penhasco2
Interlúdio – Strawberry Fields Foreves (Beatles)
Campo de morango
CAFÉ DA MANHà
SentaDONA (Remix) 
CACHORRINHAS
Hotel caro
Iguaria
Chico
Melhor Sozinha 
(Homenagem a Marilia Mendonça)
Chico (segunda parte)
ANACONDA
ATENÇÃO (PEDRO SAMPAIO cover) 
MODO TURBO
Lança menina (homenagem a Rita Lee)


Foto: Alex Vitória/ Especial/CP


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