Lume revisita crises, erros e cicatrizes como um ato de superação

Lume revisita crises, erros e cicatrizes como um ato de superação

Grupo paulista é destaque hoje no Palco Giratório Sesc 2021, com ‘Kintsugi, 100 Memórias’, às 20h, com transmissão gratuita pelo YouTube do Sesc Brasil

Correio do Povo

Peça foca a restauração do afeto em analogia com técnica japonesa

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Partindo da expressão japonesa “Kintsugi” ou a "beleza da imperfeição", que significa literalmente emenda com ouro, na arte que repara a cerâmica quebrada com uma mistura de laca e pó de ouro, prata ou platina, o grupo Lume (SP) apresenta seu mais novo trabalho, “Kintsugi, 100 Memórias”, com dramaturgia de Pedro Kosovski. O espetáculo é o ponto alto da programação desta quarta, 6 de outubro, do Palco Giratório Sesc 2021, com transmissão gratuita, às 20h, pelo YouTube do Sesc Brasil. 

Como ocorre tradicionalmente com o Lume, o trabalho de pesquisa foi grande e começou em 2013, quando uma das atrizes trouxe à tona uma reportagem sobre um caso raro de Alzheimer que acompetia muitas pessoas na cidade de Angostura, na Colômbia. Antes o grupo havia focado muito a temática do esquecimento, que entrou junto com a questão social no Brasil, no retorno do revisionismo do passado recente ditatorial.  E como são as memórias traumáticas que queremos esquecer. "´lindo como começamos a trabalhar com memórias de trauma que queremos deixar de lado, mas temos de enfrentar. E relacioná-las a esta técnica do Kintsugi, assumindo as cicatrizes, no que passa a ser mais valioso. Assumí-las tem um caráter de cura", revela Renato Ferracini, que assina a concepçao da peça e atua ao lado de Ana Cristina Colla, Jesser De Souza e Raquel Scotti Hirson.

A exibição de cem memórias, de forma fragmentada, tem como mote as memórias com forte potência política e coletiva, conforme orientação do diretor, o argentino Emilio García Wehbi. A memória que interessa ao Lume não é a passada, conforme Ferracini, e sim como ela é recriada no presente, para o que vai vir, ao contrário do que os revisionistas fazem. "Usar a memória é produzir um novo futuro", diz o artista. Assm, são recriadas as crises pretéritas, os erros cometidos e as cicatrizes, tanto individuais quanto coletivas, para corrigir o futuro, em um reencontro com a dor como ato de superação. A narrativa autoficcional transita perifericamente pela história dos intérpretes, do coletivo - e, como projeção, dos espectadores - trazendo ainda episódios do país. 

A estreia de “Kintsugi, 100 Memórias" foi em junho de 2019 e quando a pandemia eclodiu em território nacional, em março de 2020, o grupo estava em temporada em sua sede, situada em Campinas. "Inlucímos nas memórias q pandemia, que não deixa de ser uma memória de trauma coletiva", acrescenta Ferracini. O tema é recorrente para o grupo, em um aspecto quase filosófico, da memória em uma atualização para o agora. Em "Café com Queijo" foram conversar com os idosos do interior brasileiro para compartilhar suas histórias, ntremeadas por canções e versos, nas vidas que encontraram por suas andanças. 

Sobre o Lume
O Lume é um núcleo interdisciplinar de pesquisas teatrais da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e, ao mesmo tempo, um coletivo que se tornou referência internacional para artistas e pesquisadores no redimensionamento técnico e ético do ofício de ator. Um espaço de multiplicidade de visões que refletem as diferenças, impulsos e sonhos de cada um. Ao longo de 36 anos, tornou-se conhecido em mais de 26 países, desenvolvendo parcerias especiais com mestres da cena artística nacional e mundial. Criou mais de 20 espetáculos e mantém 14 em repertório, com os quais atinge públicos diversos de maneiras não convencionais. Com sede no Distrito de Barão Geraldo (Campinas), celebra o teatro como a arte do encontro e o ator como um artesão que executa ações.


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