Matheus Nachtergaele fala sobre homenagem a Joãosinho Trinta

Matheus Nachtergaele fala sobre homenagem a Joãosinho Trinta

Ator interpreta o carnavalesco em cinebiografia que estreia nesta quinta-feira

Adriana Androvandi

Matheus Nachtergaele interpreta um dos maiores nomes do Carnaval brasileiro

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O longa-metragem brasileiro “Trinta”, de Paulo Machline, irá estrear nos cinemas nacionais na próxima quinta-feira. O filme faz um recorte na vida de Joãosinho Trinta (1933 — 2011), enfocando o período em que, recém-chegado do Maranhão, no Rio de Janeiro, luta para se tornar um bailarino profissional e depois um carnavalesco. O protagonista é vivido pelo ator Matheus Nachtergaele.

Joãosinho Trinta foi considerado um revolucionário do Carnaval carioca, abusando do luxo e buscando referências da cultura erudita para suas criações populares. Uma de suas frases conhecidas é: “O povo gosta de luxo. Quem gosta de miséria é intelectual”. Durante o Festival do Rio, Nachtergaele conversou com o Correio do Povo sobre este seu trabalho.

Correio do Povo — Como foi interpretar o carnavalesco Joãosinho Trinta?

Matheus Nachtergaele — Quando Paulo Machline me convidou para fazer o filme, fiquei honradamente assustado com a responsabilidade de interpretar este mito. Mas o que me tranquilizou foi saber o momento de sua vida que ia ser mostrado, a batalha deste gênio até assinar um desfile de Carnaval. O projeto começou quando Joãosinho ainda era vivo e, por isso, a proposta era fazer um filme que ele pudesse ver. Depois que ele morreu, o filme se tornou uma homenagem póstuma. Isso me fez entrar no set mais emocionado.

CP — Como foi sua preparação para o papel?
MN — Conheci Joãosinho Trinta pessoalmente. Eu sabia que não queria fazer uma “imitação” dele. Não é assim que eu trabalho. Mas procurei captar alguma coisa da sua alma, daquele homem que tinha 1,56 m, mas era dono de uma inteligência diferente, tinha uma inquietação de menino com a vida. Como ele começou como bailarino, fiz aulas de balé clássico durante quatro meses. Isso me ajudou na postura corporal, fiquei mais ereto. Além disso, tive acesso a um precioso material de arquivo e a um documentário sobre João feito anteriormente pelo próprio Machline.

CP — Como foi o seu encontro com Joãosinho Trinta?
MN — Conheci Joãosinho pessoalmente em 2009, antes de seu falecimento (2011). Joãosinho soube que eu ia fazer o filme sobre ele. Conversamos bastante e ele me abraçou e disse: “Que bom que é você”. Para mim, foi importante esse aval.

CP — A sua interpretação no início do filme parece mais contida e, ao final, mais solta. Isso acompanha o processo que se passa com o personagem?
MN — Sim. Uma das questões que o filme mostra é a formação de um artista e a sua solidão. O fato de a filmagem ter sido em ordem cronológica ajudou.

CP — Uma das cenas que mais gerou risos na plateia foi a do ‘surto’ no barracão da escola.
MN — Sim, Joãosinho começa a coordenar o seu primeiro desfile de forma muito educada no barracão. Mas ninguém entendia o que ele estava falando, qual a sua proposta para o tema, nem o próprio bicheiro que o contratou. Até que ele se dá conta de que ia ter de se impor pelo berro, porque pela alta cultura não ia dar. A partir da cena em que Joãosinho “surta”, ele passa a ser respeitado no barracão. O filme mostra essa transformação do artista até ele ser o que conhecemos.

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