Morre aos 70 anos Régis Bonvicino; relembre a trajetória do poeta paulistano

Morre aos 70 anos Régis Bonvicino; relembre a trajetória do poeta paulistano

Segundo informações de sua esposa à Folha de S. Paulo, o escritor sofreu uma queda durante as férias em Roma e estava internado havia uma semana

Estadão Conteúdo
Régis Bonvicino foi poeta, crítico e juiz e colaborador do Estadão e Jornal da Tarde

Régis Bonvicino foi poeta, crítico e juiz e colaborador do Estadão e Jornal da Tarde

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O poeta paulistano Régis Bonvicino morreu na Itália, neste sábado, 5. Ele tinha 70 anos e estava de férias com a família em Roma. Segundo informou sua mulher, a psicanalista Darly Menconi, à Folha de S. Paulo, ele sofreu uma queda e estava internado havia uma semana. Além da esposa, ele deixa três filhos, João, Marcelo e Felipe.

A viagem tinha o objetivo de visitar lugares que dialogavam com o cinema, outro interesse do escritor. Era inspirado pelo neorrealismo italiano, incluindo Roberto Rossellini, Federico Fellini, Michelangelo Antonioni, Pier Paolo Pasolini e Vittorio De Sica.

Na literatura, era leitor de Ezra Pound, Álvares de Azevedo, Carlos Drummond de Andrade e Fernando Pessoa, entre outros.

Quem foi Régis Bonvicino

Régis Bonvicino foi poeta, crítico e juiz e colaborador do Estadão e Jornal da Tarde. Nascido em São Paulo em 25 de fevereiro de 1955, ele era filho de Alva Flôr Ferreira de Oliveira e de Odayr Rodrigues Bonvicino. Estudou na Escola Nossa Senhora das Graças e no Colégio Santa Cruz e se formou em Direito pelo USP, em 1978.

Sua estreia literária foi em 1975, quando lançou seu o livro de poemas, “Bicho de Papel”. Em 1991, ganhou um Jabuti com o livro 33 Poemas.

O autor manteve uma amizade sólida com Paulo Leminski, com quem trocou tantas cartas ao longo da vida que elas renderam outro livro - “Envie Meu Dicionário: Cartas e Alguma Crítica”, lançado em 1999.

Alguns dos títulos lançados pelo escritor ganharam traduções em inglês, francês, dinamarquês, espanhol e mandarim.

Em 2010, numa entrevista ao Estadão por ocasião do lançamento de “Até Agora”, reunindo tudo o que ele havia publicado em 35 anos, o escritor disse que, em meados dos anos 70, ainda estudante de Direito, ele sentia-se fora de contexto. Respeitava os concretos, mas não tinha intenção de fazer poemas visuais ou multimídia. Tampouco tinha interesse em ser letrista. 'Queria fazer poesia para o papel. Não buscava o racionalismo concretista nem a irracionalidade que vinha do zen', contou.

Ele disse ainda que sua poesia foi um trabalho de concentração, de diálogo, de observação. “De estar ligado a todas as coisas da cidade, das paisagens às artes plásticas. Sou um anti-Rimbaud. Não me sentia bem e fui construindo uma poesia própria, aprendendo com todos aqueles com os quais não me identificava totalmente”, explicou.

Bonvicino, que atuou no Tribunal de Justiça de São Paulo e no conselho parlamentar em Brasília durante a Assembleia Constituinte de 1987 a 1988, também esteve à frente de duas publicações dedicadas à literatura: a revista Poesia em G, nos anos 1970, e o periódico Sibilia, dirigido por ele em parceria com o americano Charles Bernstein.

Entre os trabalhos traduzidos por ele, estão obras de Jules Laforgue, Dougas Messerli e Oliverio Girondo.

Bonvicino também escreveu para crianças - ele lançou “Num Zoológico de Letras” com Guto Lacaz.

O trabalho do escritor foi reconhecido internacionalmente por retratar a condição precária da vida urbana contemporânea. Esse recorte aparece em seu último livro, publicado em 2022. Em “A Nova Utopia”, o autor descreve um cenário urbano desolador em 67 poemas que recheiam o volume, alguns deles escritos em homenagem a sua filha, Bruna, que morreu em 2018 com apenas 25 anos. O livro foi finalista do prêmio Jabuti em 2023.

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