Morre Hermann Nitsch, o artista da violência

Morre Hermann Nitsch, o artista da violência

Pioneiro da body art, morreu na segunda-feira, dia 19, em Viena, aos 83 anos

AE

Pioneiro da body art, o austríaco Hermann Nitsch morreu na segunda-feira (19), em Viena, aos 83 anos

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Pioneiro da body art, o austríaco Hermann Nitsch morreu na segunda-feira, dia 19, em Viena, aos 83 anos, em consequência de uma doença grave que os familiares não revelaram. Nitsch era da mesma geração de outro artista e performer austríaco radical, Rudolf Schwarzkogler (1940-1969), morto aos 29 anos, igualmente associado ao grupo Actionism vienense, do qual faziam parte os artistas Günter Brus, Otto Mühl e Nitsch.

Hermann Nitsch divida o mesmo credo no poder de transformação pela arte - sempre por meio de ações violentas relacionadas com o corpo. Nitsch e Schwarzkogler se destacaram por testar os limites físicos em performances realizadas nos anos 1960. Schwarzkogler foi até mais radical, numa performance em que se mutilou, cortando e fotografando pedaços de sua pele. Em outra, ele simulou um ritual de sacrifício em frente a uma tela, enquanto Otto Mühl atirava tinta vermelha sobre seu corpo, que finalmente sucumbiu numa performance de 1969, quando cometeu suicídio.

Nitsch não era diferente, mas não seguiu o colega. Morreu idoso. O austríaco, nascido em Viena em 1938, ficou traumatizado pelos bombardeios em sua cidade durante a 2ª. Guerra, o que o levou a agitar bandeiras contra nacionalistas e políticos de todas as tendências. Suas performances tratam de violência provocada pelo ódio. Envolvendo sacrifício animal, essas performances usavam sangue e vísceras para chocar os espectadores.

Próximo da arte religiosa no começo de sua carreira, ele chegou a trabalhar no Museu Técnico de Viena. No estúdio do museu, realizou pesquisas que o conduziram ao “teatro da orgia” - o Actionism vienense tinha fixação em sexo, o que levou Schwarzkogler, numa performance, a simular a mutilação de seu pênis.

Mais tarde, outros seguiram o caminho do grupo de Nitsch e Schwarzkogler, entre os quais a artista sérvia Marina Abramovíc, que começou a carreira nos anos 1970. Em 1975, Marina fez uma performance radical, Ritmo 0, em que, deitada e imóvel, submeteu-se aos impulsos mais irracionais da plateia, colocando à disposição dos espectadores 72 itens, de chicotes e lâminas de barbear. Marina chegou a ser agredida e sofreu abuso sexual. O grupo catalão La Fura dels Baus, criado em 1979, em Barcelona, é outro filho dileto da tradição 'sangue e vísceras' de Nitsch.


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