Mostra "Continuum" inaugura na Fundação Iberê Camargo
Com curadoria de Henrique Menezes, exposição apresenta três obras audiovisuais
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Em "Continuum", a obra "Pleura" (2005), da artista Ana Rito, inicia o percurso do visitante ditando o tom da mostra através de sua sutileza estética. A corrente de um rio passa tranquilamente por uma escultura clássica imóvel, numa permanente evocação do tempo e da finitude. A obra faz parte da Colecção António Cachola, uma das principais e mais respeitadas coleções privadas de Portugal. "Pindorama - dancing palm trees" (2014), de Cezar Sperinde, é uma projeção em grande formato que registra uma performance do artista em Londres, onde imensas palmeiras infláveis agitam-se em frente a colunas de uma imponente construção neoclássica. Este oásis alegórico, inusitado e anacrônico, explora reflexões sobre identidades e arquiteturas, em análises sociais e históricas que tocam o choque das experiências culturais contemporâneas. Já o filme "Cinema é Cachoeira", de Leonardo Remor e Denis Rodriguez, é inspirado em uma citação do cineasta Humberto Mauro e faz um paralelo entre o looping do filme e o fluxo contínuo da água que corre em uma escadaria de Porto Alegre.
Na programação deste final de semana, também está em cartaz a exposição "Sol Preto", do artista carioca Daniel Frota, que traz instalações, esculturas, gravuras e vídeo que abordam o conflito entre as crenças religiosa e científica. A mostra parte da pesquisa do artista sobre uma expedição científica realizada em 1919, na cidade de Sobral, no sertão do Ceará, que teve o objetivo de observar e documentar um eclipse solar. As obras investigam o impacto causado pela presença dos pesquisadores britânicos na população local, evocando o choque entre crenças religiosas e científicas, e mostrando as relações de poder estabelecidas pelo contraste entre o avanço do conhecimento científico e a precariedade socioeconômica da região.
No domingo, a partir das 16h, o Cine Iberê exibe o documentário "Certas Dúvidas de William Kentridge", do cineasta Alex Gabassi. A sessão é gratuita e será comentada pelo artista visual James Zortéa. A produção acompanha o artista visual sul-africano William Kentridge – um dos mais importantes nomes da arte contemporânea mundial – por Joanesburgo, sua cidade natal, e pelo Brasil. Ele fala do impacto da paisagem e das contradições sociais sobre sua obra e comenta a vida de personagens como Felix Teitlebaum, seu alter ego. O filme também destaca que o artista transita com a mesma fluidez por diferentes meios, numa combinação de referências e técnicas que torna único o seu trabalho em filmes, desenho, instalações, teatro, ópera.