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Murilo Galvão deu vida a Ozem na minissérie “A Vida de Jó”

Em entrevista concedida a Luciamem Winck, o ator de 28 anos fala da sua carreira, da possibilidade de investir na carreira de diretor e no pós “A Vida de Jó”

Murilo Galvão esteve no elenco da série “A vida de Jó”, da Record. Na produção, ele deu vida a Ozem
Murilo Galvão esteve no elenco da série “A vida de Jó”, da Record. Na produção, ele deu vida a Ozem Foto : Aloysio Araripe / Divulgação / CP

Murilo Galvão esteve no elenco da série “A vida de Jó”, da Record. Na produção, deu vida a Ozem, o servo dos camelos. Aos 28 anos, iniciou sua carreira na televisão ainda criança, como repórter mirim na TV Presidente, em Presidente Olegário (MG). Em seu currículo constam trabalhos em produções de destaque, como as novelas “Jesus” e “Reis’, na Record, e no seriado “A Hora do Mistério", de Felipe Netto. Canal dos irmãos Netto (Felipe e Lucas Netto) no YouTube. No cinema, foi protagonista do filme “Inconcebível’, dirigido por Carolina Baldner e Paul Serpa.

Ele integrou o elenco de espetáculos como “O Beijo no Asfalto”, “Roque Santeiro”, “Desperta” e “Guia Prático de Como Educar a Sua Mãe”. Formado em Teatro pela PUC Minas Gerais e especializado em Direção de Atores pela Escuela Internacional de Cine y Televisión (EICTV), em Cuba, Galvão foi assistente de direção nas peças “Um Anjo Veio Me Visitar” e “Coisas Que Eu Não Sei”. Paralelamente à carreira de ator, trabalha como agente artístico, sendo fundador e diretor da Mura Produções & Agenciamento Artístico.

Fale sobre Ozem. E o que aprendeste com esse personagem? E como foi sua preparação?

Ozem é um dos servos de Jó. Leal e dedicado, ele é o servo responsável pelos camelos. Interpretar Ozem foi uma experiência transformadora, que me ensinou muito sobre resiliência e lealdade. Como servo dedicado, ele me fez refletir sobre a importância de papéis aparentemente simples, mas que carregam grande significado em contextos maiores. Minha preparação para o papel foi longa e dividida em duas etapas. Na primeira, mergulhei no estudo da história de Jó, tanto na Bíblia quanto no roteiro da série, para compreender o contexto e a essência do universo em que Ozem estaria inserido. Nessa fase, revisitei o livro Carpintaria do Ator, do meu saudoso mestre Cecil Thiré, com quem tive a honra de estudar na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL). Esse livro é uma referência constante em minha carreira, seja no teatro ou no audiovisual, pois oferece ferramentas valiosas para construir personagens com verdade e profundidade, independentemente do gênero.

Na segunda etapa, tive suporte de duas profissionais incríveis. Inicialmente, trabalhei com a diretora Bia Oliveira, uma parceira de longa data que conhece bem minha trajetória e me ajudou a explorar as nuances de Ozem com grande sensibilidade. Na Record, a preparação com a Andrea Avancini foi fundamental para encontrar o tom exato do personagem — literalmente, no sentido vocal, e também emocionalmente. Ela me guiou para dar vida a Ozem de forma autêntica, alinhando minha interpretação ao espírito da série. O processo colaborativo foi essencial para construir um Ozem que, mesmo com sua simplicidade, pudesse tocar o público.

Tens no currículo alguns trabalhos bíblicos. Como é tua relação com a religião?

Sou cristão e vejo cada oportunidade de trabalhar em projetos bíblicos como um privilégio e uma responsabilidade especial. Minha fé guia minha vida pessoal e profissional, e estar em produções como “A Vida de Jó” ou em trabalhos anteriores, como as novelas Jesus e Reis, na Record, me permite unir minha espiritualidade à minha paixão pela atuação. Esses projetos exigem um mergulho profundo nas histórias e valores que carregam, o que sempre enriquece minha jornada como ator e como pessoa. Quando fui escalado para interpretar o Ozem, uma amiga do meu grupo de oração me disse algo que ficou marcado: “Não se esqueça de que, antes de ser o servo de Jó, você é um servo de Deus.” Participar de projetos bíblicos reforça minha conexão com esses valores, e me sinto honrado em contribuir para histórias que inspiram e tocam o público.

Além de atuar, foste assistente de direção de peças no teatro. Queres investir na carreira atrás das câmeras e bastidores?

Minha experiência como assistente de direção foi extremamente enriquecedora. Tive o privilégio de trabalhar ao lado de dois profissionais que admiro profundamente, Bia Oliveira e Fábio Gozzi, em espetáculos que me ensinaram muito sobre os bastidores e a dinâmica de liderar uma produção. Nos últimos anos, por meio das minhas empresas - Mura Produções e Mura Agenciamento - tenho me dedicado a preparar e lançar novos talentos no mercado audiovisual e promover projetos culturais. Quanto a investir mais na carreira atrás das câmeras, digo que sim, tenho grande interesse. Minha formação em Direção de Atores na Escuela Internacional de Cine y Televisión, em Cuba, e minha trajetória como produtor reforçam essa vontade. Pretendo continuar equilibrando as duas frentes - atuação e bastidores - e vejo um futuro promissor em expandir o trabalho como diretor e produtor, especialmente em projetos que valorizem novos talentos.

Já fizeste parte de uma escola de samba carioca. Fale de sua relação com o Carnaval.

Apesar de ter crescido no interior de Minas Gerais, sempre fui apaixonado pelos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, especialmente pela Vila Isabel, que conquistou meu coração desde pequeno. Essa paixão pelo Carnaval carioca, com sua energia única e riqueza cultural, me acompanhou até o Rio, onde também cursei jornalismo. Durante a faculdade, fui fazer um trabalho acadêmico sobre a Alegria da Zona Sul, escola de samba de Copacabana, e essa visita mudou minha trajetória. O carnavalesco Marco Antônio Falleiros me convidou para assumir a assessoria de imprensa da rainha de bateria, e, pouco tempo depois, o então presidente Marquinhos Almeida me ofereceu o cargo de diretor de Eventos. Passei quase três anos na Alegria da Zona Sul, uma experiência inesquecível. Tive a oportunidade de vivenciar o Carnaval de perto, não apenas na Marquês de Sapucaí, com toda sua grandiosidade, mas também na Intendente Magalhães, que considero a raiz do samba carioca, onde a essência comunitária e a alma do samba pulsam com força. Essas experiências me ensinaram muito sobre organização, trabalho em equipe e a importância de valorizar a cultura popular. O Carnaval, para mim, é mais do que uma festa: é uma celebração da identidade brasileira, que une arte, música e comunidade. Até hoje, carrego esse aprendizado e essa paixão, que continuam inspirando o trabalho como ator, produtor e gestor da Mura Produções.

Tens 28 anos e começaste a trabalhar aos 11. Como avalias a trajetória? Perdeste algo trabalhando tão novo?

Meu primeiro trabalho na televisão foi aos 11 anos, como repórter mirim, mas minha paixão pelas artes vem desde que me entendo por gente. Sempre fiz teatro, e me lembro que aos cinco anos de idade já participava de festivais de músicas. Avalio minha trajetória como uma jornada de aprendizado e realização, construída por escolhas próprias. Não sinto que perdi nada; pelo contrário, trabalhar desde pequeno me trouxe experiências únicas e uma conexão profunda com a arte, sempre com muita alegria.

És mineiro e moras no Rio pelo trabalho. Como foi essa mudança? E como avalias esse mercado em que a maioria das oportunidades estão entre Rio e SP?

Sou de Presidente Olegário, no interior Minas Gerais, e antes mesmo de me mudar para o Rio de Janeiro, morei em Belo Horizonte, onde estudei teatro na PUC-MG. Só depois fui para o Rio em busca de oportunidades na atuação. A mudança foi desafiadora, mas empolgante. O mercado artístico, concentrado entre Rio e São Paulo, é competitivo, mas rico em possibilidades. A proximidade com emissoras como a Record me permite crescer como artista.

Muitos artistas usam as redes como ferramenta para mostrar novas vertentes profissionais. O que você acha da plataforma? E qual sua relação com os seguidores?

Acho as redes sociais uma ferramenta poderosa para artistas divulgarem projetos e se conectarem diretamente com o público. Elas permitem compartilhar não só o trabalho, mas também o processo criativo, o que humaniza a profissão. Bom, eu não acho que tenha fãs. Talvez, alguns admiradores. Minha relação com quem me acompanha é de gratidão e proximidade. Sempre busco interagir com carinho, respondendo mensagens e valorizando o apoio.

E os sonhos profissionais?

Meus sonhos profissionais incluem consolidar a Mura Produções e a Mura Agenciamento como referências na formação e projeção de novos talentos, e seguir trilhando meu caminho na atuação. Quero explorar mais a direção, aplicando o que aprendi na EICTV, em Cuba.

E após “Jó”, algo previsto?

Após "A Vida de Jó”, quero estar focado em novos projetos com a Mura.

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