Nei Lisboa faz dois shows no Theatro São Pedro nesta semana

Nei Lisboa faz dois shows no Theatro São Pedro nesta semana

Músico toca repertório próprio e de nomes como Alberta Hunter e Cole Porter

Luiz Gonzaga Lopes

Nei Lisboa se apresenta no Theatro São Pedro cantando músicas mais próximas do blues

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O blues sempre foi um gênero persistente entre os discos do músico caxiense, radicado em Porto Alegre desde a infância, Nei Lisboa. Sempre ouvimos coisas como "Faxineira", "Abolerado Blues" e "Rima Rica" sabendo que o gênero negro do Mississippi fazia parte do dia a dia do autor de "Telhados de Paris" e "Verão em Calcutá".

Pois Nei resolveu reverenciar o gênero ou quase isto, com o show “Quase Blues”. Ao lado do pianista Luiz Mauro, em formato acústico, Nei, com sua voz e violão, interpreta canções suas que prestam tributo ao gênero, além de clássicos de Cole Porter, Alberta Hunter e do brasileiro Sérgio Sampaio, entre outros.

Os shows serão realizados nesta quarta e quinta, às 21h, no Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº), com ingressos na bilheteria do teatro ou pelo site. Sobre o formato das apresentações, Nei não deixa dúvida que o "quase" do título não está aí por acaso.

“O show quer mostrar também que vamos passar um pouco ao lado e além do gênero. Foi feito numa fase em que estou começando a compor um novo trabalho, com novas músicas, para um provável disco novo, no ano que vem, sem pressa nenhuma”, explica. Para Nei, o blues sempre foi uma autorreferência ao longo dos seus discos e de todos os anos de carreira.

“O blues ter sido uma coisa persistente, talvez em matéria de gênero, foi a coisa mais persistente no meu trabalho, que não tem uma identidade específica, de rock, MPB, o blues sempre tinha uma canção pelo menos em cada disco. Achei que seria uma boa ideia se referenciar isto neste show e fazer em formato simples, eu e o Luiz Mauro Filho ao piano, que toca comigo há uns 20 anos”, afirma.

Nei conta que ele e Luiz Mauro se apropriam um pouco do blues. “Este quase blues do título é também para dar um espaço de liberdade em relação ao gênero, ao mesmo tempo em que se está reverenciando aqueles que são blueseiros autênticos e conhecedores", comenta.

Sobre o repertório, ele afirma que foi difícil selecionar. Do “Vida Inteira”, apenas "Bife" entrou, "Publique-se a Versão" ficou no banco de reservas, mas estão garantidas "Abolerado Blues", "Rima Rica", "Faxineira", que vai ter um upgrade, além de clássicos do Sérgio Sampaio, Jorge Mautner, Alberta Hunter, Cole Porter, Bob Dylan.

"O que eu escolhi para fazer de releituras e covers, algumas eu reproduzo o mais fiel à original, me interessa ser bem parecida, como é o caso do Bob Dylan: 'Just Like a Woman', ou a Alberta Hunter cantando 'Wrap Your Trouble in Dreams'. São interpretações tão clássicas e lindas que eu quero mais é tentar fazer um pouco daquilo”, revela. Em outras músicas, Nei opta por uma versão bem modificada.

“Em outras canções, é diferente. Entram na categoria das releituras, como é o caso música do Sérgio Sampaio ou a 'Lágrimas Negras', do Jorge Mautner. Se tu for olhar as músicas, são todas antigas, tem standards dos anos 1930 ou o Bob Dylan, Mautner, é tudo de 70 para baixo, beirando os 1980. Aquele tempo está sempre correndo atrás de mim. Foi uma época de produção de muita música boa", reflete.

Para terminar o papo com Nei, um assunto que não poderia faltar: o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. "É um golpe o que está acontecendo. Ninguém desconhece a minha opinião a este respeito. Acho uma tristeza, lamentável, uma falta de bom senso culpabilizar e terminar depondo a única pessoa que não está diretamente envolvida, comprometida e indiciada em coisa nenhuma pela mão de um Congresso que mostrou a que veio na votação daquele domingo".

No entanto, Nei alivia a barra, dizendo que as apresentações não vão ser de polarização política. "Este momento em si do show é mais um respiro em relação a estas coisas todas. Não vou fazer do palco um palanque. Eu respeito o público que pensa diferente de mim. No máximo, vou me permitir brincar um pouco com a 'Faxineira', com o upgrade da música. Ela já está inserida na classe C, está fazendo Mestrado. Este upgrade envolve também um pequeno texto que faz a abertura da música", conclui.

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