Há exatos 50 anos, primavera de 1975, Nelson Coelho de Castro fazia seu primeiro show, nas Rodas de Som do Teatro de Arena, produzidas por Carlinhos Hartlieb.
Esses 50 anos serão um dos temas da conversa de Nelson com Juarez Fonseca, dia 30 de outubro, às 19h, na 11ª edição do projeto “Música no Memorial”. Os encontros ocorrem no Auditório do Memorial do Ministério Público (Praça Mal. Deodoro, 110), com entrada franca.
Meses antes da Rodas de Som, Nelson participara do festival Musipuc e os membros do júri, sem saber como classificar sua música, deram a ele o até então inédito prêmio de “Originalidade”. Realmente, o estilo do compositor porto-alegrense é único, embora a maioria de suas canções esteja ligada ao samba. Por essa razão, já foi dito que, depois de Lupicínio Rodrigues, ele foi/é o grande inovador do samba gaúcho.
Formado em jornalismo (1977), Nelson chegou a trabalhar como produtor de Tânia Carvalho no programa “PortoVisão”, da TV Difusora. Estudou violão com o grande Ivaldo Roque. Seu primeiro show com produção profissional foi ...E o Crocodilo Chorou, dirigido por Luciano Alabarse no mesmo 1977.
No ano seguinte, novo show, Milagrezinho, teve dez apresentações no Teatro Arena (sextas e sábados à meia-noite, domingos às 18h) e, entre 15 músicas inéditas, lançava um samba que marcaria época: Faz a Cabeça, que tinha como tema a esperada anistia política.
Faz a Cabeça tornou-se sucesso no rádio e, no início de 1978, Nelson lotou o Salão de Atos da UFRGS em um show para os calouros – teve que fazer quatro bis, com o público batendo palmas e cantando junto. No mesmo ano, ele foi escalado para participar do (depois histórico) disco Paralelo 30, ao lado de Bebeto Alves, Carlinhos Hartlieb, Cláudio Vera Cruz, Nando d’Ávila e Raul Ellwanger, pela nova gravadora Isaec.
Em 1979, pela Isaec, sai seu primeiro disco individual, um compacto simples com Faz a Cabeça e Hei de Ver. Torna-se o nome mais popular da chamada nova música gaúcha. Juarez Fonseca publicou em Zero Hora: “Conseguindo manter sempre intacto o elemento surpresa em sua música, Nelson provoca em quem o ouve uma espécie de espanto que, ao contrário de afastar, aproxima”.
Agora viria o álbum completo, com 12 músicas, que em março de 1980 começou a ser gravado no estúdio da Isaec. Mas ao contrário do que se esperava, a Isaec fechou as portas e a saída para lançar o LP foi a venda de bônus: quase 500 pessoas o adquiriram de forma antecipada – os “cooprodutores” tiveram seus nomes publicados na contracapa e ainda motivaram o título, Juntos, lançado em setembro de 1981 tendo num canto da capa a inscrição “Primeiro disco independente gaúcho”.
Tudo isso, assim como as aventuras das gravações dos outros seis discos individuais de Nelson (o último, Umbigos Modernos, é de 2021), dos dois com o grupo também chamado Juntos (ele, Antônio Villeroy, Bebeto Alves e Gélson Oliveira) e muito mais rolará na conversa no dia 30. Conversa ilustrada com música, claro.