Novo filme de Cristiane Oliveira fará estreia mundial na Índia

Novo filme de Cristiane Oliveira fará estreia mundial na Índia

“A Primeira Morte de Joana” é o segundo filme da diretora de “Mulher do Pai”


Correio do Povo

Longa participa do International Film Festival of India (IFFI), o mais antigo festival de cinema da Ásia, que começa neste sábado e segue até 24 de janeiro

publicidade

“A Primeira Morte de Joana”, segundo longa da premiada realizadora gaúcha Cristiane Oliveira, tem sua estreia mundial marcada para o International Film Festival of India (IFFI). O evento, que começa neste sábado e vai até dia 24 de janeiro, acontece no estado de Goa e é o mais antigo festival de cinema da Ásia (www.iffigoa.org). Em sua 51ª edição, ocorre desde 1952 e consta da seleta lista de festivais reconhecidos pela Federação Internacional de Associações de Produtores Cinematográficos (FIAPF). A programação deste ano chega no início de 2021, após uma temporada de festivais internacionais conturbada, pela pandemia de coronavírus.

“Há um grande volume represado de filmes que não encontraram espaço nos últimos meses em função de cancelamentos ou da redução da grade dos festivais. O ano de 2021, por isso, será super competitivo. Abrir a trajetória do filme em um evento desse porte é uma alegria. E assim podemos ver como o filme ressoa em outras culturas antes de estrear no Brasil”, analisa a diretora e roteirista Cristiane Oliveira, lembrando que a maioria dos grandes festivais nacionais acontece no segundo semestre. A produtora Aletéia Selonk, da Okna Produções, ressalta a importância do circuito internacional de festivais. “Filmes autorais encontram nos festivais internacionais a primeira oportunidade de conexão com as audiências e, por conseqüência, de estabelecer os primeiros momentos de diálogo e significação. Será muito bom poder fazer isso justamente na Índia, país que mantém viva uma forte tradição de cinema”, acrescenta Cristiane.

O primeiro longa-metragem da cineasta, “Mulher do Pai”, também foi exibido na Índia, no Bengaluru International Film Festival de 2017. Percorrendo o circuito mundial de mostras, a produção participou de 21 festivais, colhendo um total de 20 prêmios. Entre as premiações mais importantes está a de melhor direção no Festival do Rio e o prêmio do júri da Federação Internacional de Críticos de Cinema (Fipresci), no Festival Cinematográfico Internacional do Uruguai.

Sinopse:
Joana, 13 anos, quer descobrir por que sua tia-avó faleceu aos 70 sem nunca ter namorado alguém. Ao encarar os valores da comunidade em que vive no sul do Brasil, percebe que todas as mulheres da sua família guardam segredos, o que traz à tona algo escondido nela mesma. 

Processo:
A ideia do que se tornaria “A Primeira Morte de Joana” remonta a 2006, quando  Cristiane Oliveira passava por um momento de luto pela perda de uma pessoa próxima que, assim como na trama, faleceu aos 70 anos sem nunca ter namorado alguém. Durante uma de suas viagens de férias para o litoral, nas quais passava pela região do Morro da Borússia, em Osório (RS), percebeu modificações no ambiente antes tão familiar.

A paisagem local, formada pelo encontro entre lagoas e morros de mata virgem, ganhava intervenções metálicas. Grandes cata-ventos de um enorme parque eólico foram instalados, rasgando a vegetação natural. A infraestrutura da região não seria mais a mesma. Até mesmo as estradas foram reconstruídas, alargadas, para suportar o movimento de caminhões. “Aqueles cata-ventos pareciam pontos brancos no horizonte”, lembra-se a diretora. “Demorei para entender do que se tratava. Uma paisagem que era cheia de vida, de repente, ganhava outro elemento, algo que se movia com o vento, uma nova vida.” O novo cenário, que aos poucos se revelava, poderia dialogar, pensou Cristiane, com o que se passa dentro da cabeça e do corpo de uma menina em transformação. 

Essa menina – Joana – que, diante de um momento de luto em família, entra em contato mais íntimo com ela própria. Ela se modifica. A paisagem ao seu redor também. “É uma região em que venta muito”, nota Cristiane. “Um vento assim, tão presente, já não é apenas um elemento natural. Ele é uma força que de fato interfere em quem vive ali. ”Estudando mais a região do Morro da Borússia, a diretora encontrou outros aspectos que entrariam em seu roteiro. Naquele pedaço do Rio Grande do Sul, há fortes traços de colonização alemã, mas também há presença evidente da cultura de matriz africana. O roteiro assim, adquiriu densidade, camada sobre camada, permitindo que a cineasta trabalhasse questões morais e de atravessamentos culturais. A família da protagonista, nesse contexto, ganhou ascendência de colonos alemães que chegaram à região no século 19. As filmagens aconteceram em novembro e dezembro de 2018. Todas as cenas foram filmadas na região, nos municípios vizinhos de Osório e Santo Antônio da Patrulha. Após a temporada de festivais, o filme ganhará distribuição nacional pela Lança Filmes, chegando ao público brasileiro ainda em 2021. 

Equipe:

Roteiro e direção Cristiane Oliveira
Elenco: Letícia Kacperski, Isabela Bressane, Joana Vieira, Lisa Gertum Becker, Rosa Campos Velho, Pedro Nambuco, Graciela Caputti e Emílio Speck.
Produção: Aletéia Selonk e Cristiane Oliveira
Produtores Associados: Corentin Dong-Jin Sénéchal, Daniel Chebannes, Gustavo Galvão
Produção executiva: Gabriela Ferst, Gina O’Donnell
Direção de produção: Gina O’Donnell
Corroteirista: Silvia Lourenço
Direção de fotografia: Bruno Spolidoro
Direção de arte: Adriana Nascimento Borba
Figurino: Isadora Fantin, Mariane Collovini
Montagem: Tula Anagnostopoulos
Música original Arthur de Faria
Preparação de elenco: Vanise Carneiro
Produção de elenco: Nadya Mendes


Mais Lidas

Guia de Programação: a grade dos canais da TV aberta desta sexta-feira, dia 29 de março de 2024

As informações são repassadas pelas emissoras de televisão e podem sofrer alteração sem aviso prévio

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895