Novo vilão testará limites físicos de Batman

Novo vilão testará limites físicos de Batman

Tom Hardy interpreta terrorista Bane no último filme da franquia

Rafaella Fraga / Correio do Povo

Anne Hathaway interpreta a nova Mulher Gato

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A grande expectativa gerada pela estreia do filme “Batman – O Cavaleiro das Tevas Ressurge” nesta sexta-feira nos cinemas brasileiros se deve, em parte, ao novo vilão da trama, considerado por críticos e fãs de histórias em quadrinhos (HQs) um dos mais temidos da história do Homem-Morcego. O ator Tom Hardy foi o escolhido para interpretar Bane, um perigoso terrorista que chega para atormentar Gotham City e provocar a volta de Batman, que fugiu após ser acusado pela morte do promotor público Harvey Dent. Hardy carrega a responsabilidade de não apenas dar sequência a vilania do Coringa, papel do falecido Heath Ledger no longa-metragem anterior, mas de finalizar um ciclo de sucesso da franquia dirigida pelo cineasta britânico Christopher Nolan.

Cada nova história de super-herói traz à tona um vilão. A saga de Batman acumula pelo menos 15 deles. Nas telonas, já vimos o Charada vivido por Jim Carrey, o Pinguim na pele de Danny DeVito, o Coringa, que surgiu duas vezes, com Jack Nicholson e Heath Ledger, assim como o Duas-Caras, que ganhou vida com Tommy Lee Jones e mais recentemente com Aaron Eckhart, e a Mulher-Gato, já interpretada por Michelle Pfeiffer e que agora retorna na pele de Anne Hathaway.

Entre as adaptações mais conhecidas do cinema estão as de Tim Burton. O cineasta foi responsável por levar às telas “Batman” (1989) e “Batman, o Retorno” (1992), reverenciando em ambos populares vilões da saga. Para o crítico de cinema Marcus Mello, a escolha pelos rivais garantiu o sucesso das produções, já que, segundo ele, o protagonista não tinha tanto carisma. “Tim Burton foi muito feliz em relação a seus vilões. Primeiro veio o Coringa do Jack Nicholson e depois a Michelle Pfeiffer como Mulher-Gato e Danny DeVito como o Pinguim, um vilão que destoava completamente das expectativas desse público de blockbuster. Por isso foi um filme polêmico, as pessoas ficaram chocadas com a figura do Pinguim e o filme foi atacado pelos conservadores”, recorda Mello. “Michael Keaton foi ofuscado, não me pareceu uma boa escolha”, reforça.

O ambiente criado por Burton, no entanto, foi muito diferente da atmosfera da Gotham City de Christopher Nolan. Enquanto o primeiro tem características de fantasia, o segundo é obscuro e mais realista. As interpretações do Coringa de Jack Nicholson, em 1989, e a de Heath Ledger, em 2009, evidenciam essas diferenças. “Eu acho que o mérito do Nolan é o vilão da segunda versão e o filme é do Heath Ledger. Ele tem uma densidade, uma qualidade de atuação impressionante. Porque o Coringa do Jack era um Coringa cartunesco, caricato, parecia de desenho animado. E o do Heath tem uma estatura trágica. O Nolan fez inovações na franquia. Ele matou a mocinha, por exemplo”, relata Marcus Mello, referindo-se à personagem de Maggie Gyllenhaal.

A performance de Heath Ledger como vilão é uma das principais marcas da saga de Nolan, que tem o desafio de cativar o público sem a presença do inimigo carismático. Para fechar a trilogia, a ideia, inicialmente, era reviver o Charada. Na época da produção do filme, o roteirista de “Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, David Goyer, disse que um executivo da Warner Bros queria o personagem e que Leonardo Di Caprio o interpretasse. Porém, a escalação foi alterada quando o cineasta decidiu mudar os vilões da história: passaram a ser Bane e Mulher-Gato. "Bane é um vilão engenhoso, astuto e comprometido, que sabe exatamente o que quer. Ele quer Batman morto e Gotham City em ruínas. Isso se encaixava em um terceiro filme", afirmou Nolan na época.

Na HQ, Bane quebra a coluna de Batman

Bane é um personagem recente e pouco conhecido para os que não são familiarizados com as HQs. Ele foi criado em 1993, quase 50 anos após o surgimento do Batman, pelos roteiristas Chuck Dixon, Doug Moench e Graham Nolan. No cinema, ele apareceu pela primeira vez em “Batman e Robin” (1997), dirigido por Joel Schumacher, mas de forma secundária, quase esquecível.

De todos os que se propuseram a enfrentar o protagonista, Bane é o único que conseguiu ferir gravemente o Homem-Morcego. É ele quem fratura a coluna do herói. “A DC Comics lançou o personagem na década de 90 como um estratégia de marketing para alavancar as vendas e atrair novos leitores. Na HQ, o vilão deixa o Batman paralítico. Essa alternativa era um reflexo de uma orientação de mercado da época, mas também de uma estética dos quadrinhos dos anos 90. Eles tinham uma característica mais violenta, com histórias baseadas em pancadaria”, explica André Kleinert, autor de “A Enciclopédia dos Quadrinhos” e membro da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul.

Mesmo o intérprete de Bane admitiu não conhecer o algoz de Batman quando recebeu o convite para o papel. “Quando ouvi falar em Bane pela primeira vez, acho que assim como várias pessoas que não são tão ligadas ao Batman, eu não tinha ideia de quem ele era e por isso foi necessária uma breve explicação”, disse Tom Hardy. O próprio Christopher Nolan chegou a confessar que sabia pouco sobre o personagem e precisou adaptar uma série de características para criá-lo.

Porém, para André Kleinert, esse desconhecimento pode ser o diferencial do novo filme. “O Bane não faz parte do hall de vilões famosos do Batman. Mas ele tem seus méritos e a história com ele é uma boa história. Ele é um vilão que usa muito da força física, diferente do Coringa, Charada ou Pinguim, que queriam vencer o Batman com inteligência e sagacidade”, detalha André. “Dentro do contexto que Nolan está propondo, acho que foi uma boa escolha, de vilão e de ator”, opina.

Há, no entanto, a dúvida de até onde Nolan irá considerar o que aconteceu com o herói na HQ e o quanto da história deve ser reproduzido no cinema. “Acho que ele deve ferir demais o Batman no filme. Mas só. Por mais artístico que seja, acho pesado matar a galinha dos ovos de ouro”, arrisca André.

Assista aos trailers de “Batman – O Cavaleiro das Tevas Ressurge”









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