“O cinema é a arte do encontro”, afirma Jorge Furtado em Gramado
Cineasta gaúcho com 40 anos de carreira recebe o Troféu Eduardo Abelin, na noite desta sexta-feira, pelo conjunto de sua obra, no Palácio dos Festivais

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A carreira de Jorge Furtado foi marcada pelo curta "Ilha das Flores", que foi exibido no Festival de Gramado em 1989 e recebeu dez minutos de aplausos. Nesta sexta-feira, o cineasta novamente vai receber aplausos, agora pelo conjunto da carreira. A partir das 19h, ele recebe o Troféu Eduardo Abelin pelos 40 anos de carreira.
Na entrevista coletiva realizada na tarde desta sexta-feira Jorge contou que alterna trabalhos em cinema e TV. Sobre isso, ele diz: "eu sou um contador de histórias, é o que gosto se fazer, não importa em que formato", revela. Sobre seu trabalho com os atores, ele diz que é muito centrado no texto, por ele também ser roteirista, então há muitos ensaios. Nos seus trabalhos ele também alterna atores muito experientes e revela novos talentos. Como aconteceu com Vitória Strada, entre outros, e agora com Gabriela Correia, que estreia no filme apresentado nesta sexta-feira no Palácio dos Festivais. Ele diz que novatos são selecionados por testes, até ele encontrar o que ele está procurando para determinado papel. O homenageado não conseguiu esconder a sua emoção ao falar de cinema: "Cinema é a arte do encontro, não dá para fazer sozinho e nem assistir sozinho. Espero que isso não se perca", afirmou com a voz embargada pela emoção.
O filme “Virgínia e Adelaide”, será exibido nesta sexta-feira à noite, apresenta a história de duas mulheres, Adelaide Koch (Sophie Charlotte), médica judia que fugiu da Alemanha nos anos 30, e a pesquisadora e professora Virgínia Bicudo (Gabriela Correa), que se tornou a primeira psicanalista negra do Brasil. "Quando li sobre esta história fiquei surpreso por não conhecer nada sobre isso e decidi fazer o filme. Mas vi que não poderia fazer sozinho, precisava de uma mulher negra ao meu lado", conta Furtado. "Foi a partir daí que convidei a Yasmin Thayná (diretora de "Kbela") para dirigir comigo." Além dos diretores, as protagonistas Sophie Charlotte e Gabriela Correa e a produtora Nora Goulart também estão presentes em Gramado.
Furtado começou sua carreira profissional na TV, ainda na década de 1980. Em 1987, foi um dos fundadores da Casa de Cinema de Porto Alegre, um dos mais importantes núcleos de produção de filmes do país, a qual integra até hoje. Nas telonas, dirigiu marcos do cinema produzido no RS. se tornando conhecido por curtas como “O dia em que Dorival encarou a guarda” (1986), “Barbosa” (1988) e “Ilha das Flores” (1989), com os quais recebeu vários prêmios nacionais e internacionais, inclusive no Festival de Berlim. A Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Abraccine, classificou o simbólico filme como o melhor curta-metragem brasileiro de todos os tempos.
Ele estreia como diretor de longas em “Houve uma vez dois verões” (2002). Com seu segundo longa, “O Homem que Copiava”, chega ao grande público, levando mais de 600 mil espectadores aos cinemas, recebendo o prêmio de melhor filme nacional no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2003. Furtado marcou carreira com a direção de longas e programas especiais na televisão, que abriram novos caminhos e discussões em torno do audiovisual brasileiro. Para Rosa Helena Volk, Presidente da Gramadotur, a homenagem reforça a potência do cinema gaúcho. “O Jorge é um patrimônio do cinema brasileiro e, mais do que isso, um realizador que amadureceu seu trabalho em Gramado”, destaca Rosa Volk.
Após a homenagem e a sessão hors-concours de “Virgínia e Adelaide”, de Yasmin Thayná e Jorge Furtado, haverá a cerimônia de premiação do Prêmio Sedac/Iecine de Longas-metragens Gaúchos.