Os últimos caminhos do músico Belchior em livro

Os últimos caminhos do músico Belchior em livro

“Viver é melhor que sonhar", de Chris Fuscaldo e Marcelo Bortoloti, deve ser lançado em fevereiro

Arte & Agenda

A trajetória do cantor e compositor Belchior (1946 – 2017) ganha registro em livro

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A trajetória do cantor e compositor Belchior (1946 – 2017) ganha as páginas do livro “Viver é melhor que sonhar- Os últimos caminhos de Belchior” (Sonora Editora), escrito pelos jornalistas Chris Fuscaldo e Marcelo Bortoloti. A dupla resgata os últimos dez anos do criador de clássicos da música popular brasileira como “Como Nossos Pais”, “Palo Seco”, “Apenas um rapaz latino-americano” e “Sujeito de sorte”.  O chamado “road book " está  em pré-venda por meio do site Benfeitoria (http://Benfei.to/belchior). O lançamento é previsto para fevereiro e março.  

Chris e Marcelo buscam desvendar o que aconteceu com Antônio Carlos Belchior para ele se tornar um refugiado em seu próprio país. Com 60 anos recém feitos, em 2007, o músico deixou sua vida artística para trás rumo a uma jornada incerta e anônima pelo sul do Brasil, que terminaria com sua morte dez anos depois. Segundo os escritores, Belchior não explicou a ninguém o motivo do seu desaparecimento, não pediu dinheiro emprestado aos amigos, só deu um telefonema a um dos filhos durante este período. “Em companhia de uma nova produtora e amante, Edna Assunção de Araujo, de pseudônimo Edna Prometheu, percorreu dezenas de cidades, viu de longe seu patrimônio ir embora, foi caçado pela justiça e pela imprensa, dormiu em locais abandonados, dependeu da caridade de desconhecidos, foi expulso de casas por pessoas que o abrigavam, e não retrocedeu”, detalham os escritores. 

“Por que Belchior agiu assim?” Esta mesma questão moveu particularmente os dois jornalistas e doutorandos em Literatura no exato momento em que viviam uma transformação, em que se especializavam no mundo acadêmico com o intuito de se firmarem como pesquisadores, mas também fãs do cantor e interessados em mergulhar em suas origens. Assim nasceu este livro, chamado por eles de “road book”, por ter sido produzido enquanto percorriam as paralelas anteriormente percorridas pelo objeto de estudo. 

Para chegar ao fundo desta questão, eles passaram pelo Rio Grande do Sul, Uruguai, São Paulo e Ceará. Neste trajeto, entrevistaram pessoas que tiveram contato com Belchior, conheceram locais onde ele se hospedou, dormiram em camas onde ele dormiu, reviraram suas malas deixadas para trás. Consultaram processos e documentos que levavam seu nome e anotações pessoais, falaram com a sua família, amigos, namoradas e advogados. Ao longo da investigação, no entanto, os jornalistas dizem que não conseguiram distinguir os limites entre a vida íntima do homem e a vida pública do artista. “Estava tudo embaralhado num mesmo cesto que era necessário examinar para compreender suas motivações mais profundas. Ao lado das músicas, dos livros, dos depoimentos, absorvemos também as fofocas, as picuinhas, as maledicências. Nossas facetas jornalísticas e pesquisadoras estavam separadas por uma linha bastante tênue”, relatam. 

De acordo com os autores, nos dez últimos anos antes da sua morte, Belchior viveu de maneira insólita e extraordinária, conhecendo pessoas diversas, lugares interessantes e relações inusitadas, com fãs perplexos que abrigaram um astro da música em suas casas sem saber muito bem por que ele estava ali. Em parte, o astro buscou este caminho; em parte, foi conduzido a ele. “Acompanhar os seus passos nos abriu para uma compreensão mais madura da existência de um grande artista, e da própria sociedade que o cerca. Esperamos que o leitor possa compartilhar esta descoberta”, finalizam. 


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