Para Malala, ganhadora do Nobel, é impossível 'ser menina' sob o talibã

Para Malala, ganhadora do Nobel, é impossível 'ser menina' sob o talibã

A paquistanesa fez um apelo durante um discurso na África do Sul e classificou o "apartheid baseado no gênero" como um "crime contra a humanidade"

AFP

Malala Yousafzai participou do evento anual 'Nelson Mandela Annual Lecture ' em Joanesburgo, na África do Sul

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A paquistanesa vencedora do Prêmio Nobel da Paz, Malala Yousafzai, declarou nesta terça-feira, dia 5 de novembro, que o regime talibã tornou impossível "ser uma menina" no Afeganistão e fez um apelo, durante um discurso na África do Sul, a classificar o "apartheid baseado no gênero" como um "crime contra a humanidade".

"Os talibãs tornaram ilegal ser menina e isso tem um custo", declarou Malala Yousafzai durante uma conferência organizada em Joanesburgo pela Fundação Mandela, por ocasião do décimo aniversário da morte do primeiro presidente sul-africano negro.

Segundo a paquistanesa, as meninas afegãs "recorrem a drogas" e "tentam cometer suicídio" por causa da "opressão".

Desde que voltaram ao poder, em agosto de 2021, os talibãs, cujo governo segue uma interpretação rigorosa do islã, reduziram de forma implacável os direitos das afegãs. Em dois anos, escolas de ensino médio e universidades fecharam as portas às mulheres, assim como parques, academias e "hammams" (uma espécie de sauna, também conhecida como "banho turco").

Malala Yousafzai recebeu o Prêmio Nobel em 2014 pela sua luta pelo direito das meninas à educação.

"É imperativo chamar o regime afegão do que ele é: um regime de apartheid de gênero", afirmou nesta terça-feira em Joanesburgo.

"Os sul-africanos lutaram para que o apartheid baseado na raça fosse chamado de apartheid e criminalizado a nível internacional. Com isso, chamaram a atenção do mundo para os horrores do apartheid", disse Malala Yousafzai.

"O apartheid baseado no gênero ainda não foi explicitamente codificado. Temos a oportunidade de fazê-lo agora", insistiu ela.

No mês passado, Malala e outras personalidades, como Hillary Clinton e conhecidas ativistas feministas, pediram em uma carta às Nações Unidas a criminalização da segregação baseada no gênero e a revisão do texto de um tratado em discussão sobre crimes contra a humanidade.


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