Peça-filme tem um rio como narrador e protagonista da própria história

Peça-filme tem um rio como narrador e protagonista da própria história

“Se Fosse Apenas Água...” tem apresentações gratuitas de hoje até o dia 24 de abril, pelo Youtube do Guatambu Teatro





Correio do Povo

Gabriel Pangonis, Lucas Fernandes e Samantha Rossetti atuam no espetáculo virtual

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Um rio narra a sua história, contando a construção e crescimento de uma metrópole às suas margens, a urbanização que tenta domar as águas e as relações disfuncionais que seus habitantes têm com a água. Tendo como inspiração a fundação e urbanização da cidade de São Paulo, que ainda hoje é usada como modelo para o restante do Estado e do país, a peça-filme “Se Fosse Apenas Água...” busca localizar historicamente os pontos de origem para problemas atuais, como as enchentes e a grilagem de terras com nascentes. O  trabalho de estreia do Guatambu Teatro – oriundo da Universidade Estadual de Campinas (SP) - pode ser conferido de hoje até 24 de abril pelo Youtube da companhia, de sextas a domingos, 20h. As apresentações são gratuitas.

A principal poética da obra é dar voz ao rio, deixar ele expressar suas opiniões e impressões através da boca da atriz; assim como imaginar sua subjetividade e angústias frente aos rumos que a urbanização tomou. A obra desloca o ponto de vista da plateia, através do ponto de vista do rio, como um convite a ver outras possibilidades de cidade. “Se Fosse Apenas Água…” foi gravado em pontos importantes da capital paulista, como Vale do Anhangabaú e Edifício Copan. A  obra provoca a reflexão sobre outros projetos de cidade possíveis de serem construídos no futuro próximo. Rodrigo Spina (Prêmio Aplauso Brasil de Melhor Direção por “Aqui estamos com milhares de cães vindos do mar” e a dramaturgia ficou a cargo de Gabriel Pangonis e o próprio grupo, com orientação de Isa Kopelman (Prêmios Apetesp e Troféu Mambembe de Melhor Atriz). No elenco, Gabriel Pangonis, Lucas Fernandes e Samantha Rossetti.

Um rio narra a sua história, contando a construção e crescimento de uma cidade às suas margens. Um plano diretor foi traçado, vai se construir uma metrópole, pelo bem das futuras gerações e dos negócios. Para isso, o fluxo das águas teve que dar lugar ao fluxo de automóveis, ao asfalto e ao esgoto. Hoje, novas gerações podem caminhar desavisadas do que ainda jorra oculto sob seus pés. No entanto, se estes se permitirem desacelerar, ouvirão um leve gorgolejar sob a rua. Num sussurro, o rio ora devaneia com esperança e ora promete vingança: Um grande dilúvio para o qual não haverá arca da salvação. Até quando continuaremos desavisados? 

Ao perceber que a cidade foi construída dessa forma por determinados motivos, pode-se pensar razões para construí-la diferente daqui para frente. Por isso, o espetáculo se completará nos bate-papos da equipe criativa com a plateia, expandindo os horizontes para além da apreciação estética em direção à discussão cidadã. Estas atividades serão acompanhadas de ações de acessibilidade, colaborando ao acesso da comunidade surda que, tão frequentemente, tem seus direitos culturais e sua participação cidadã nas discussões dificultadas. Assim, convidamos o público a conhecer uma nova perspectiva sobre sua história, e conosco, vislumbrar que a cidade poderia, e ainda pode, ser diferente. 

 


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