Pinacoteca da Ajuris sedia “ColonialMente”, de Dedé Ribeiro

Pinacoteca da Ajuris sedia “ColonialMente”, de Dedé Ribeiro

Na abertura da mostra, nesta sexta-feira, o diretor e ator Daniel Colin propõe uma roda de conversa para refletir sobre o colonialismo

Correio do Povo

Obra "Pra construir é preciso destruir" é uma das 14 colagens, algumas delas com intervenções em desenho sobre papel, feitas entre 2019 e 2022, cujo pano de fundo é a questão decolonial

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    “ColonialMente” é a mais nova incursão da produtora Dedé Ribeiro pela colagem, após as individuais “Diagnóstico por colagem”, em 2018, e “A escolha do acaso”, em 2020, além de participações em importantes coletivas. Com curadoria de Francisco Dittrich, a mostra abre nesta sexta-feira, 2 de setembro, na Pinacoteca da Ajuris (Foro Central – rua  Manoelito de Ornellas, 50). Às 18h30min haverá uma roda de conversa conduzida com o ator e diretor Daniel Colin, que irá propor uma reflexão acerca da colonialidade na qual ainda (sobre)vivemos em pleno século XXI no Brasil. E, para além disso, o debate pretende apontar frestas que possam nos auxiliar a visualizar outras perspectivas que desacomodem o pensamento hegemônico colonial. E às 19h30min ocorrerá a abertura oficial da exposição, em cartaz até o final deste mês no espaço, de segundas a sextas, das 14h às 19h. 

São 14 colagens, algumas delas com intervenções em desenho, sobre papel feitas entre 2019 e 2022, que tem como pano de fundo a questão decolonial. Grande parte da mostra foi criada durante a pandemia da Covid-19, quando Dedé se debruçou em estudos sobre acessibilidade, democratização e decolonialismo. “No meu trabalho as coisas se misturam e, se estou produzindo um espetáculo ou escrevendo uma peça, as imagens e temas povoam minha cabeça até virarem colagem. Nesse caso, comecei a estudar esses temas durante a pandemia, com o objetivo de produzir projetos culturais melhores e mais inclusivos, porém o tema era tão forte e urgente, que saltou para as colagens”, afirma. E foi assim que antigos mapas e fotos da América colonial encontraram personagens de todas as épocas, às vezes em comentários sociais e às vezes como forma de demonstrar seu próprio processo de desconstrução de crenças e preconceitos.  “Algumas obras trazem também reflexões ligadas à África, que visitei duas vezes antes da pandemia. Raramente se fala da África quando se trata de decolonialismo, pois o movimento todo procura focar na arte latino-americana, mas na minha cabeça é uma segunda camada. Tanto a África passa pelo mesmo problema de apagamento de sua cultura, como seu povo é parte significativa do povo brasileiro.  Essa exposição é minha forma de dizer que não compactuo com o racismo, o machismo, o eurocentrismo ou os valores fortemente estadunidenses, embora me custe muitíssimo reconhecer que tudo isso ainda existe de alguma forma em mim”, completa a artista.
           
Sobre a artusta
Dedé Ribeiro é uma das produtoras mais longevas e reconhecidas no sul do Brasil, em atividade desde 1977. Criou o primeiro curso de produção do RS, que formou dezenas de produtores e ainda hoje é referência. Paralelamente, dirigiu importantes centros culturais (Usina do Gasômetro, Santander Cultural) e criou  políticas culturais para instituições como Unisinos, Rede Metodista, Centro Histórico-Cultural da Santa Casa e Instituto Ling. Também é dramaturga  e começou a desenvolver-se em artes visuais a partir de 2008, com o projeto de intervenção urbana “MicroDramas”.  Como artista plástica, apresentou "Diagnóstico por Colagem",  individual (Vasco 1120 - Porto Alegre - 2018 e Galeria Recorte - São Paulo - 2018); participou de coletiva na Galeria Caláfia (Porto Alegre), em 2019; na coletiva de aniversário da Galeria Recorte e Exposição Arte Pandêmica, em São Paulo, em 2020. Sua segunda individual, “A Escolha do Acaso", ocupou o CHC Santa Casa, em Porto Alegre /2020 e esteve no Centro Cultural Ordovás, em Caxias do Sul 2020/2021.  Suas colagens já foram capas de discos e livros. Desde 2021, é curadora do Centro Histórico-Cultural Santa Casa. Jornalista por formação, tem mestrado na Universidade de Paris I - Sorbonne (França) e mestrado em Artes Visuais na Ufrgs.

 


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