Por corpos políticos mais visíveis

Por corpos políticos mais visíveis

Documentário "Corpolítica", que estreia nos cinemas, discute a importância da representatividade na política

Leticia Pasuch *

Deputada Federal Erika Hilton nas gravações de "Corpolítica", longa dirigido Pedro Henrique França

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Estreia nesta quinta-feira, dia 8, nas telas de cinema o longa “Corpolítica”, dirigido por Pedro Henrique França e produzido por Marco Pigossi, com distribuição da Vitrine Filmes. A produção independente discute a importância da presença LGBTQIA+ em cargos políticos, e traz depoimentos de candidatos às eleições de 2020 sobre as experiências com a candidatura, mandato e as violências por que passaram nos ambientes legislativos, com reflexões sobre a busca pela afirmação e luta por direitos no âmbito da política institucional brasileira. O filme já coleciona prêmios de melhor documentário no Queer Lisboa, em Portugal; de melhor filme nacional no MixBrasil, Prêmio Félix do júri de Melhor Documentário no Festival do Rio, e troféus no Montreal Independent Film Festival, além de outros nacionais e internacionais, com exibição em diversos festivais.

Candidatos do Rio de Janeiro e de São Paulo na disputa eleitoral em 2020 foram entrevistados, como Andréa Bak, Erika Hilton, Monica Benício e William De Lucca. Também, Fernando Holiday, primeiro vereador gay, de São Paulo; Thammy Miranda, primeiro vereador trans da Câmara Municipal de São Paulo; Erica Malunguinho, primeira deputada transexual eleita no Brasil em 2018, e Jean Wyllys, deputado federal entre 2015 e 2019 – quando se exilou do cargo devido às ameaças que recebeu. 

Pedro Henrique França relata que as gravações do longa ficaram no eixo Rio-São Paulo, por questões logísticas e pelas restrições impostas pela pandemia de Covid-19. A produção do filme iniciou em setembro de 2020 e as gravações seguiram até o início de 2021, acompanhando o período eleitoral, a apuração de votos até o momento da posse de alguns dos candidatos. 

O diretor lembra que o documentário começou a ser planejado a partir da notícia do recorde de candidaturas dessa comunidade para as eleições de 2020. Junto a Pigossi, quis, então, investigar a trajetória de invisibilidade dessa comunidade nas cadeiras do congresso. “Tinha também esse lugar do registro histórico por si só, por ser uma eleição em um cenário pandêmico, com um recorde de candidatura, em um ápice de conservadorismo”, conta Pedro, que também está à frente na Representa, produtora focada em trazer diversidade às produções audiovisuais. “Corpolítica” foi seu segundo longa-metragem documentário.


"Corpolítica" foi produzido por Marco Pigossi e dirigido por Pedro Henrique França. Foto: Liz Dórea / Divulgação

Os casos de ameaças e violências na política ainda são frequentes. De acordo com o Observatório de Mortes e Violências contra LBGTI+ no Brasil, 273 pessoas da comunidade morreram em 2022, e o Brasil segue no ranking mundial desses crimes. Na política, segundo dados da ONG Vote LGBT, os cargos ocupados pela comunidade não chega a 1% do total. Para Pedro, o documentário tem a missão de trazer esse cenário à tona, convocar a sociedade a resgatar a humanidade e o diálogo e a ressignificar a política. “Eu espero que esse filme provoque outros despertares políticos, que desperte humanidade, afeto e empatia, e que a gente chegue a muitos debates”, declara. Confira ao lado as sessões disponíveis do documentário.

* Supervisão de Luiz Gonzaga Lopes






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