“Priscilla” segundo Sofia Coppola

No cinema de Sofia Coppola, as mulheres são quase sempre o foco principal, como pode ser visto principalmente em “As Virgens Suicidas”, “Bling Ring” e “Maria Antonieta”. Pois agora a cineasta adaptou para as telas o livro autobiográfico escrito por Priscilla Presley sobre seu casamento com o rei do rock Elvis.

“Priscilla” tem seus problemas, mas no geral acaba sendo mais um acerto da filha de Francis Ford Coppola. O longa-metragem começa em 1959, quando Priscilla, vivida delicadamente por Cailee Spaeny (Jovens Bruxas – Nova Irmandade), então com apenas 14 anos, conhece Elvis Presley (Jacob Elordi, do seriado Euphoria) em uma base na Alemanha, onde o roqueiro prestava serviço militar. Ele estava com 24 anos e já era o astro mundialmente conhecido, e que se encanta com a adolescente, cujos pais acabam sendo convencidos a deixarem rolar o namoro. “Ela é muito madura para a idade dela”, diz Elvis para o pai da garota.

Os dois engatam um namoro, porém Priscilla acaba ficando quase como uma cativa, já que Elvis não permite que a jovem tenha amigos e decide até mesmo as roupas que ela pode vestir, qual corte de cabelo usar e por aí em diante. Da Alemanha, Priscilla é levada a morar em Graceland, a famosa mansão de Elvis em Memphis.

Como o cantor quase nunca está lá, envolto em shows e filmagens em Hollywood, a garota vive cercada pela comitiva do cantor, como o pai, familiares dele e empregados, e vai terminar os estudos numa escola de freiras. Apesar de o namoro entre os dois mostrar uma diferença de idade de dez anos, Sofia mostra que Elvis evitava fazer sexo com Priscilla − ele se saciava transando com as colegas de seus filmes. Esse fato talvez livrasse o astro de uma acusação de pedofilia nos dias atuais.

Os dois se casaram em 1967 − e só depois tiveram relações sexuais. No ano seguinte, nasceu a filha do casal, Lisa Marie, que morreu em janeiro deste ano aos 54 anos de idade.

Solidão

Solitária em Graceland, Priscilla acabou se divorciando de Elvis em 1973 − ele morreria em 1977. “Eu era alguém que ele tinha criado. Eu era apenas uma criança, eu fui consumida por ele. Eu nunca podia dizer o que pensava, tudo que desejava era não desapontá-lo. Ele era bem crítico. O que você está vendo é o produto de constante críticas”, afirmou Priscilla há alguns anos.

O filme dirigido por Sofia Coppola é feito sob uma visão feminina, de alguém que virou um pássaro preso em uma gaiola. “Priscilla” mostra um relacionamento que desde o início estava fadado ao fracasso. Mas Priscilla aguentou por mais de uma década porque amava Elvis incondicionalmente. Só que no final se frustrou. Sofia não usou canções do rei do rock na trilha sonora, colocando músicas dos Ramones, Frankie Avalon, The Righteous Brothers e outros.