Protagonista de escândalo da Academia Sueca recorre de condenação por estupro
Tribunal considerou Arnault como culpado de uma das duas denúncias de agressão sexual
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Embora não haja provas físicas, o tribunal alega que as evidências apresentadas - declarações da denunciante e de sete testemunhas a quem ela relatou o caso, incluindo um psiquiatra - são suficientes para uma condenação. A sentença estabelece a pena mínima à qual Arnault poderia ser condenado, em relação aos três anos que a Promotoria pedia e à pena máxima de seis anos para este tipo de crime. Arnault, que nega as acusações, permanece em prisão preventiva desde a semana passada por ordem do tribunal.
A denunciante afirmou no julgamento que o artista, de 72 anos e marido da acadêmica e poetisa Katarina Frostenson, a obrigou a praticar sexo oral e a fazer sexo contra sua vontade em duas ocasiões, uma delas enquanto ela dormia. A Promotoria tinha encerrado em março parte da investigação preliminar, iniciada a partir das acusações de várias mulheres, que seriam 18 suspostas vítimas de abuso. O crime foi denunciado em um jornal sueco em novembro de 2017 de maneira anônima e indicava a participação de uma "personalidade cultural" muito próxima à Academia. Mais tarde, a pessoa foi identificada como Jean-Claude Arnault.
A reportagem afirmava que Arnault tinha cometido abusos em seu clube literário e em propriedades da Academia, que após o escândalo cortou relações com o artista e iniciou uma auditoria, que concluiu que ele não tinha influenciado nas decisões sobre prêmios e colaborações.
Além disso, o "caso Arnault" gerou um conflito interno que nos últimos meses provocou a renúncia de oito acadêmicos. A Academia Sueca fez várias reformas e adiou o Nobel de Literatura deste ano, pela primeira vez em sete décadas, e por isso em 2019 serão entregues dois prêmios, medida justificada pela falta de confiança e pelo enfraquecimento da instituição.