Registros que se tornaram álbuns de família

Registros que se tornaram álbuns de família

A exposição “Quando um livro se torna Álbum de Família” será aberta no Espaço Força e Luz na próxima quinta-feira

Correio do Povo

Fotografia do projeto Museu das Memórias (In) Possíveis

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A inauguração da mostra “Quando um livro se torna Álbum de Família” será realizada na quinta-feira, às 18h, na Galeria Arquipélago do Espaço Cultural Força e Luz (Andradas, 1223). A mostra traz a versão física da exposição on-line do fotógrafo Luiz Eduardo Achutti realizada pelo “Museu das Memórias (In)Possíveis” em agosto de 2022.

Agora, o público poderá conhecer de perto o álbum, criado pelo artista visual e ilustrador Antônio Vasques, ao estilo dos antigos álbuns de família, porém em uma dimensão maior, onde estão expostas as fotografias feitas por Achutti no início de 2015. São imagens da primeira coleta seletiva de material reciclável no país, que o fotógrafo reuniu para compor sua dissertação de mestrado e resultou no livro “Fotoetnografia: um estudo de Antropologia Visual sobre cotidiano, lixo e trabalho”. Quando um livro se torna Álbum de Família integra a exposição "Antropologia Visual Ocupa Mars", que reúne 17 trabalhos realizados por 27 artistas de diferentes estados, selecionados por meio do edital realizado pelo Museu Antropológico RS.

A aproximação de Achutti com o “Museu das Memórias (In)Possíveis”, nos anos 90, redimensionou a importância do trabalho realizado junto aos trabalhadores da coleta seletiva. Foi quando o fotógrafo voltou à Vila Dique e, acompanhado por integrantes do Museu, levou as fotos feitas em 2015 às famílias e as fotografou com elas.

A partir daquele dia, uma nova história começou a ser escrita. Em um texto que está no site, está publicada parte desta trajetória: em 2015, Achutti recebeu uma mensagem enigmática em sua rede social: “Você tem a minha história!”, disse uma jovem de 20 anos. Era Diênnifer, que fora retratada por Achutti com 1 ano de idade, no colo de seus pais enquanto ele fotografava a primeira experiência de coleta seletiva de material reciclado na Vila Dique, em Porto Alegre. Para Diênnifer e seus familiares, os retratos que compõem o livro oriundo da dissertação de Achutti transformaram-se em álbum de fotos da família. Não chegara a época dos celulares com câmeras e dos selfies. Ser fotografado ou revelar uma foto era um luxo. Ainda mais onde o “lixo” tinha por objetivo transformar-se em renda. E, por que não, em memória. Diênnifer buscou Achutti mais de duas décadas depois. O texto continua destacando que muitas histórias e memórias foram lembradas posteriormente a partir daquele trabalho. Memórias de muitas vidas e de uma comunidade.

Em 2019, o “Museu das Memórias (In)Possíveis” trabalhava com Achutti na montagem de uma exposição sobre seu trabalho na Vila Dique. Mas ainda não sabiam como seria. Até que um dia Achutti conta ao Museu a história de Diênnifer e sua busca. Estava aí a linha curatorial do Museu: o encontro de Achutti com a Vila Dique e a entrega do “livro álbum de família”. O “Museu das Memórias (In)Possíveis” acompanhou e registrou esse momento de reencontro. Além disso, Achutti pôde continuar seu trabalho de 25 anos atrás. Presenteou os moradores da vila com suas fotos antigas e os fotografou com elas. A partir daí, o “Museu das Memórias (In)Possíveis” pôde criar sua exposição virtual. Hoje, essa exposição tem mais um desdobramento: de virtual se torna física. A mostra ficará aberta à visitação de 16 de janeiro a 15 de fevereiro deste ano.

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