República Tcheca será a convidada de honra da Feira do Livro de Porto Alegre
Programação contará com mostras, mesas, recitais, saraus e exibições de filmes relacionados ao país
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Com intensa programação durante o primeiro final de semana/feriadão da Feira, de 1º a 4 de novembro, o país convidado terá duas exposições temáticas “50 anos da Primavera de Praga” e “100 anos da fundação da Tchecoslováquia”, além de recitais de poesia, saraus, exibições de filmes e estande no 1º andar do Memorial do RS.
O Rio Grande do Sul conta com três associações de descendentes tchecos e pesquisas recentes indicam que este seria o terceiro maior grupo de imigrantes recebidos pelo RS, atrás de Itália e Alemanha. Segundo o cônsul honorário da República Tcheca em Porto Alegre Fernando Lorenz, os números são imprecisos porque muitos tchecos identificaram-se como boêmios, falantes de alemão ou provenientes do Império Austro-húngaro ao chegarem, dificultando ainda hoje a identificação da comunidade tcheca. “Acreditamos que essa participação na Feira poderá colaborar para o estreitamento das relações bilaterais, não apenas literárias e editoriais, mas no potencial econômico, turístico, cultural e educacional dos dois países”, declara Lorenz.
A primeira atividade será “República Tcheca por seus Livros: ‘Cara Liberdade’, de Zdenek Korecek”, com Erika Korecek, dia 2 de novembro, às 14h30min, no auditório do Margs. No livro, Korecek relata sua história de deslocamento forçado em fuga da II Guerra Mundial, até chegar ao Brasil, em 1953, experiência comum a milhões de refugiados que buscam novo lar pelo mundo. No mesmo dia e local, às 15h30min, o tema será “A Imigração na Literatura”, com a professora e escritora Markéta Pilátová. Logo depois, às 16h30min, será abordado o pensamento do filósofo tcheco, falecido em 1991, que se radicou em São Paulo, Vilem Flusser, por Eva Batlicková.
No dia 3, às 14h30min, no Margs, o livro abordado por Helena Hrdlicková será “A Guerra das Salamandras”, de Karel Capek. Escrita em 1936, a obra, de forma satírica e engenhosa, prevê os regimes totalitários, perseguições e genocídio que ocorreram posteriormente. No dia 4, às 15h30min, o Margs sedia a apresentação do livro “Meninas do Quarto 28”, de Hannelore Brenner, que foi objeto de exposição com massiva visitação na Ufrgs em 2016.
A história de esperança, amizade, sobrevivência e arte-terapia em tempos de guerra será apresentada por Karen Zolko. “O detalhe é que a avó da Karen foi separada da filha, que ficou no campo de Terezín, próximo à Praga. Lá havia uma professora que fazia com que as crianças exercitassem a arte, fizessem desenhos coloridos e durante a exposição ‘Meninas do Quarto 28’, ela viu um desenho da filha dela. Este depoimento é emocionante”, revela Fernando Lorenz, ele mesmo com um envolvimento pessoal numa das palestras da Feira.
Na mesa “Frantisek Vladimir Lorenc”, às 17h30min, no Margs, será abordado o poliglota e filósofo Francisco Valdomiro Lorenz, bisavô de Fernando, que nasceu no Reino da Boêmia, em 1872 e morreu em Dom Feliciano (RS) em 1947. Francisco publicou mais de 70 livros em 40 línguas, foi um dos primeiros esperantistas do mundo e foi reconhecido pelo Senado da República Tcheca, como um dos três homens que promoveram a integração entre República Tcheca e Brasil, junto com Juscelino Kubitschek e Jan Antonin Bata.
Nesta quinta-feira, dia 18, às 19h, no Centro Cultural da Ufrgs, a Câmara Rio-Grandense do Livro irá anunciar o patrono da Feira do Livro. Os patronáveis são Caio Riter, Celso Gutfreind, Claudia Tajes, Leticia Wierzchowski e Maria Carpi.