Roberto Birindelli nesta quinta no "Conversa de Risco"

Roberto Birindelli nesta quinta no "Conversa de Risco"

Ator participa do projeto do diretor teatral Bob Bahlis e fala sobre o que mudou na sua vida com a pandemia do Covid-19

Vera Pinto

Roberto Birindelli participa do "Conversa de Risco", projeto de Bob Bahlis, e fala sobre a parada em função da pandemia

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O diretor teatral Bob Bahlis está à frente do “Conversa de Risco”, projeto que traz entrevistas on-line com vários artistas tematizando as incertezas, angústias e mudanças de hábito causadas pela pandemia, postadas no site homônimo. Para o Dia das Mães, neste domingo, ele reserva algumas surpresas, que adianta nesta quinta-feira, com um bate-papo com o ator Roberto Birindelli, diretamente do Rio de Janeiro, em vídeo que vai ao ar a partir das 9h, pelo http://www.conversaderisco.com


Birindelli está trabalhando demais e fazia um ano que não tirava férias: estava filmando no Panamá, Colômbia, São Paulo e Montevidéu, quatro longas, além da série “Um Contra Todos”. Como seu personagem na nova novela das 18h, “Nos Tempos do Imperador”, entra no primeiro capítulo, volta em um mês e meio e retorna nos últimos quatro capítulos, pegou o filho e foi para a Europa. O jovem tinha que retornar à faculdade dia 18 de março e ele, para Lisboa, porque um produtor o chamou para um longa e uma novela. Ao mesmo tempo, estava com o longa “Loop”, com Bruno Gagliasso, em dois festivais: em Porto e Manchester. Entre 10 e 15 de março houve pânico geral na Europa, com fechamento de tudo, e não tendo como ir a Lisboa, voltou para ao Brasil. “Ficamos 20 dias de quarentena, nós dois, e daí pensei que da Inglaterra não trouxe nada. Como o diretor que estava com a gente nos últimos dias, pegou Covid-19, ficando cinco dias na UTI, concluímos que ou fomos assintomáticos ou tivemos muita sorte”, comemora.


“Estou há 37 dias sozinho em casa, sem ir sequer até a calçada. Nunca tinha passado por isto na vida. Penso que é uma baita meditação, vamos aproveitar isto! Quebrei os principais condicionamentos cotidianos: não uso relógio, acordo quando acordar, deu sono 14h vou dormir, almoço às 1h, às vezes às 3h estou lendo. O normal da humanidade, já entendi que foi o que nos ferrou. Há algo de novo que o vírus está nos ensinando. É neste caos que vou trabalhar este novo. Neste silêncio, às vezes desespero ou bem-estar, me dei conta que a minha relação com o tempo mudou: eu passava o dia fazendo coisas para os outros, antes de silenciar e sentir o que era necessário. Agora o tempo é meu, parece simples, mas não é. A coisa mais importante: o que é supérfluo e o que é essencial: tô assistindo a filmes, lendo, ligando para amigos – alguns do peito, muito mais do que quando eu podia sair. E é isto que vai ficar: a relação com as pessoas é que vai nortear o meu tempo e a minha energia”. Para o ator, isso é mais importante que ter carro, fazer passeios e viagens, trocar uma roupa, tudo isto é secundário.


“Vamos entender a pandemia como algo externo, que vem e sacode você: do jeito que estava não dá mais. Temos raras oportunidades de que isto aconteça, às vezes a morte de um parente, um acidente em que nos safamos. Mas tem gente que nem assim consegue entender nada, vai passar pela pandemia apenas reclamando. São essas que passam pela vida também reclamando. Eu acho que mudanças vêm por aí, e o século XXI começou agora. A gente agora precisa do outro. Eu posso ter todo o dinheiro do mundo, mas se o porteiro do meu prédio estiver contaminado, eu me ferrei. Ao invés de acumular riquezas, vou ter que distribuir e isto é algo novo”.


Sem muito consumo, está fazendo compras de comida, e fazendo aulas de voz on-line. Acredita que as pessoas mudarão seus hábitos de compra do essencial, dedicando-se ao encontro de outras pessoas. Chegando a Porto Alegre em 1978, aos 15 anos, do Uruguai, escapando da ditadura em seu país, o momento de abertura lhe pareceu um paraíso. “Os condicionantes de um novo golpe estão sendo montados. Eu não sei se as pessoas não entendem ou são coniventes”, comenta sobre o panorama atual. 

O trabalho de Birindelli pode ser conferido na novela “Apocalipse”, que está reprisando na Record TV. “A novela tem dois anos, o país mudou, se deteriorou tanto, que já dá pra comparar com duas épocas diferentes”, declara sobre a trama, que considera extremamente atual, por falar de um governo extremamente autoritário, com crenças acima da ciência. Todas as quartas-feiras, no final da tarde, ele faz uma live sobre vinhos, em que pergunta o que as pessoas estão lendo, e tem se impressionado com o retorno. A arte e o entretenimento, assim como a relação entre as pessoas e o consumo terão um novo patamar pós-pandemia, em sua opinião. “O glamour deu lugar a uma outra coisa”, diz o ator, que morou 30 anos na capital gaúcha e 11 no Rio de Janeiro, onde comprou uma casa que se transformará em um centro cultural, em fase de captação. A ideia é que seja um ponto de encontro de artistas.

 


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