Rolando há 60 anos na estrada

The Rolling Stones completaram seis décadas de carreira em 12 de julho passado e ainda fazendo turnê

31/07/2022 | 7:00

Chico Izidro

Banda se apresentou em Porto Alegre em 2016 | Foto: Ricardo Giusti / CP Memória

A data passou quase despercebida, mas neste mês de julho, mais exatamente no dia 12, ocorreu o aniversário de 60 anos dos Rolling Stones, que ainda segue em atividade, focando em sua especialidade: na estrada tocando Rock'n'Roll. Seus únicos integrantes originais remanescentes são Mick Jagger e Keith Richards. E desde 1964, a banda lançou 29 álbuns de estúdio, dez álbuns ao vivo, 31 compilações, 16 álbuns vídeo, 57 videoclipes e noventa e dois singles oficiais. E foi ela que me fez gostar de Rock, tanto que levo tatuado no corpo o símbolo do grupo, a lendária língua, criada pelo designer John Pasche em 1970.

Bem, há exatos sessenta anos, numa quinta-feira, dia 12 de julho de 1962, no Marquee Club, uma casa noturna na Oxford Street, em Londres, com capacidade para 800 pessoas, que os Rolling Stones fizeram seu primeiro show, em 1962. Naquela noite, o baixista Bill Wyman e o baterista Charlie Watts (1941-2021) ainda não faziam parte da banda. Quem subiu ao palco foi o vocalista Mick Jagger, os guitarristas Keith Richards e Brian Jones (1942-1969), o pianista Ian Stewart (1938-1985), o baixista Dick Taylor e o baterista Mick Avory. Eles substituíram, às pressas, a Blues Incorporated, cujo guitarrista Alexis Korner, foi convidado a participar do programa de rádio Jazz Club, na BBC Radio. E a banda se apresentava todas as quintas no Marquee. A solução encontrada foi chamar uns jovens músicos que viviam por ali em busca de oportunidades. E eles aceitaram sem pensar duas vezes. Mas para fazer aquele show, os Stones pegaram dinheiro emprestado com o pai de Jagger para alugar equipamentos.

Mas a banda surgiu alguns meses antes, quando Mick Jagger e Keith Richards entraram em contato com Brian Jones após ver o anúncio do guitarrista na revista Jazz Weekly em busca de membros para formar uma banda de blues de Chicago. O nome do grupo foi criado por Jones, no improviso, durante uma entrevista por telefone para a revista inglesa Jazz News. O entrevistador perguntou qual o nome do grupo, e não havia um. Então o guitarrista viu de relance o título de um disco de Muddy Waters, Rollin' Stones Blues, na estante e mandou The Rollin' Stones. O resto é história.

Jagger e Richards se conheciam desde a infância em um bairro pobre de Londres. Mick afirmou não conseguir precisar quando conheceu o parceiro de longa data. "Eu não consigo me lembrar de quando eu não conhecia ele. Eu morava a uma rua de distância, e estudamos juntos dos 7 aos 11 anos. A gente costumava brincar juntos. Não éramos melhores amigos, mas éramos amigos", recordou o vocalista. "Quando fizemos 11 anos, ele foi para uma escola pertinho de onde eu morava. Eu costumava ver ele voltando da escola, que ficava a menos de um quilômetro de onde eu morava", recordou. Depois, ficaram anos sem se ver, até que um dia os dois se encontraram em um trem, onde descobriram o gosto comum por música. "A história é real. Nós nos encontramos na estação de trem, e eu estava com um monte de discos de Rhythm & Blues, que eram artigos valiosos porque ainda não estavam disponíveis na Inglaterra naquela época. Ele disse: 'Caramba, esses discos são muito bacanas!' Foi assim que nossa amizade começou realmente."

O caminho para a criação de uma banda foi um passo. Meses após o primeiro histórico show, Charlie Watts entrou oficialmente para a banda, só a deixando quando morreu, em 2021, aos 80 anos. O baixista Bill Wyman entrou na banda também em 1962, mas em janeiro de 1993, ele se recusou a sair em turnê e caiu fora, abrindo um bar temático em Londres. Hoje o músico está com 85 anos. A sua vaga foi ocupada por Darryl Jones, que já havia tocado, entre outros, com Miles Davis, Cher, Sting, Peter Gabriel, Madonna e Eric Clapton. Ele entrou como músico contratado e assim permanece até hoje.

O guitarrista Bryan Jones, da primeira formação clássica dos Stones, morreu no dia 3 de julho de 1969, aos 27 anos de idade. Jones foi encontrado pela sua namorada afogado no fundo da piscina de sua casa, em Cotchford Farm, na Inglaterra. Ele é um dos integrantes do Clube dos 27 (músicos que morreram aos 27 anos, como Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Kurt Cobain e Amy Winehouse, entre outros). Para seu lugar foi convidado Mick Taylor, que tinha apenas 20 anos E com o garoto, a banda lançou um clássico por ano: "Let It Bleed" (1969), "Get Yer Ya-Ya's Out!" (1970), "Sticky Fingers" (1971), "Exile on Main Street"(1972), "Goats Head Soup" (1973) e "It's Only Rock 'n' Roll" (1974). Taylor, hoje com 73 anos, saiu da banda em 1974, por desentendimentos com Mick Jagger e Keith Richards devido aos créditos em algumas composições. Seu substituto foi Ron Wood, que começou sua carreira em 1964 com os The Birds, passando depois por The Creation, Jeff Beck Group ao lado do vocalista Rod Stewart, e The Small Faces, logo renomeado como The Faces. Hoje com 75 anos, Wood segue membro ativo dos Stones.

O grupo esteve quatro vezes no Brasil - em 1995, 1998, 2006, quando tocaram para mais de 1,5 milhão de fãs na Praia de Copacabana, e finalmente em 2016, quando até nós, gaúchos, tivemos a oportunidade de ver a banda, que se apresentou numa noite chuvosa de 2 de março, no Beira-Rio. E os Stones seguem na estrada, atualmente na turnê europeia “Sixty”, também chamada “turnê europeia de despedida”. Steve Jordan está substituindo Charlie Watts. Na terça-feira passada, Jagger completou 79 anos e Keith terá a mesma idade em dezembro. Mês aliás, que de acordo com boatos vindos do centro do país, eles irão se apresentar no Brasil. Datas e locais dos shows ainda não foram revelados.

Banda se apresentou em Porto Alegre em 2016 | Foto: Ricardo Giusti / CP Memória