Segunda etapa do 30º Porto Alegre em Cena apresenta espetáculos, homenagens, mostras e oficinas

Depois de realizar uma primeira etapa em setembro de 2023, o Porto Alegre Em Cena conclui sua 30ª edição oferecendo intensa programação entre os dias 13 e 24 de março. Serão oito espetáculos convidados, além de ampla programação paralela, em circuitos temáticos, mostra de filmes, atividades formativas e ponto de encontro. Os ingressos já estão à venda no site www.portoalegreemcena.com.

As atrações internacionais incluem artistas da África do Sul, Cabo Verde e Bolívia. Da África do Sul virá “O Circo Preto da República Bantu”, em montagem que expõe o legado violento e vergonhoso dos zoológicos humanos, populares na sociedade ocidental entre os anos 1870 e 1960. A artista Albert Ibokwe Khoza investiga o efeito do olhar imperial e colonial sobre os corpos negros, como se manifesta hoje e como pode ser remediado. Já a performance multidisciplinar imersiva, interativa e futurística <Tx[@]be/t_a | |=* (Txabeta), é o terceiro capítulo de uma série de solos do cabo-verdiano Djam Neguin, que vem pensando sobre a identidade de seu país com olhar atento às insinuações dos avanços tecnológicos e do capitalismo degenerativo, um termo utilizado pelo autor. O Teatro de Los Andes, da Bolívia, retorna ao Em Cena com Un Buen Morir - del amor y otras iluminaciones, uma obra teatral repleta de surpresas e poesia. FRONTE[I]RA | FRACAS[S]O, um trabalho em conjunto entre a Companhia Clowns de Shakespeare, do Rio Grande do Norte, e o Teatro de Los Andes, reforça esta linha curatorial.

O Coletivo Ocutá (SP) apresenta sua adaptação para o palco do romance “O avesso de pele”, de Jefferson Tenório, vencedor do Prêmio Jabuti na categoria Romance Literário em 2021. O musical Brenda Lee e o Palácio das Princesas, traz a história de Brenda Lee, chamada de o “anjo da guarda das travestis”, ativista que fundou a primeira casa de apoio para pessoas com HIV/AIDS do Brasil. A peça venceu o prêmio APCA de Melhor Espetáculo Teatral de 2022.

Parceria entre o Porto Alegre em Cena e a Cia Municipal de Dança de Porto Alegre, buscando integrar artistas presentes na programação da 30ª edição, Área Suspensa é uma cartografia dançada das poéticas de relação dos corpos que habitam a cidade de Porto Alegre. A coreógrafa Gal Martins, da Cia Sansacroma, presente no festival em setembro de 2023 com o espetáculo “Vala – Corpos Negros e Sobrevidas”, assina a coreografia.

Outras importantes iniciativas foram pensadas para esta edição. Uma delas é o Circuito Evoé, em homenagem à trajetória de dois grandes artistas do teatro que nos deixaram em 2023: Zé da Terreira e Zé Celso Martinez. Para produzir essa montagem de rua durante o festival, serão realizadas oficinas ministradas por grupos teatrais de Porto Alegre e membros do Teatro Oficina, resultando em um cortejo teatral pelas ruas da cidade.

O Programa Educativo do festival apresenta seminário, bate-papo com artistas e oficinas. E ainda na grade de programação está uma mostra de filmes do Teatro Oficina e do grande mestre Zé Celso Martinez, com curadoria de seu companheiro de vida e de arte Marcelo Drummond, em parceria com a equipe do festival. As mesas de debates, dias 14 e 15 tratarão dos temas "Formas, modos e governanças dos festivais de artes cênicas brasileiros”, em parceria com a Funarte; e a mesa sobre o Teatro Oficina e a obra de Zé Celso Martinez Corrêa. O Ponto de Encontro terá uma programação especial no Espaço 512, com artes cênicas, música e atividades especialmente pensadas pra reunir o povo do festival e o público que o acompanha.

A primeira etapa desta 30ª edição apresentou 22 espetáculos com foco nas criações regionais e também cinco companhias convidadas de diferentes estados. Em março, o 30⁰ Porto Alegre Em Cena totalizará 30 espetáculos e 41 apresentações. A produtora Voz Cultural, que esteve à frente das 29ª e 30ª edições, apostou em pontos estratégicos, como a criação de uma direção/curadoria coletiva, ampliando assim a participação da comunidade artística local. Mais recentemente recuperou o aporte de grandes empresas patrocinadoras, e, por fim, inseriu novamente o festival no circuito nacional de festivais e nas agendas das mais importantes companhias que circulam pelo país com seus espetáculos. “São metas que fomos alcançando uma a uma, num trabalho coletivo que durou 18 meses e ainda vai seguir até junho, quando passamos o bastão para a próxima produtora selecionada no edital da Prefeitura para organizar a 31ª edição”, afirma Vitor Ortiz, um dos coordenadores gerais do projeto.