Tarde de narrativas e iconoclastia na Flicom

Tarde de narrativas e iconoclastia na Flicom

Festa Literária da Comunicação abriu com discussão sobre ficção e política na tarde desta terça

Luiz Gonzaga Lopes

Ariele Cardoso, Felipe Pena, Ana Sparremberger e Juremir Machado da Silva

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A Festa Literária da Comunicação – Flicom foi aberta na tarde desta terça-feira, no Auditório do Laboratório Central de Informática da UPF com duas mesas, a primeira foi “Fronteiras entre ficção e realidade nas narrativas contemporâneas” e a segunda “Iconoclastia, história e narrativas políticas”. Em sua terceira edição em Passo Fundo, o evento que é realizado em parceria com a Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação - Intercom é coordenado por Felipe Pena, que foi o mediador da primeira mesa, com os jornalistas e escritores Luize Valente, Henrique Rodrigues e Fernando Molica. No centro do debate esteve o bem contar uma história que a narração jornalística e a narração ficcional têm em comum, com a diferença que uma trata de personagens reais e a outra se vale de personagens criados. “No jornalismo, na reportagem, o que fazemos é contar uma história que aconteceu. São fatos reais, pessoas que existem. Contamos uma verdade na melhor versão possível”, salienta Molica. Já na ficção, segundo ele, pode-se usar de um pano de fundo real, mas os personagens são criados.

Henrique Rodrigues disse que a grande chave é perceber o que é ficção e o que é realidade. “É preciso entender a representação simbólica e perceber o que é arte e o que é realidade”, observa. Luize Valente analisa ainda que na ficção é mais fácil transitar com personagens, mesmo que o pano de fundo seja real. Autora de dois livros de ficção, nos quais a condição judaica é o pano de fundo, mas os personagens não são reais, ela aleta que, nestes casos, afirma que deve haver uma verossimilhança interna: “o pano de fundo pode ser real, mas a história é ficcional e muitas vezes é preciso adaptar o personagem ao que aconteceu”

Na segunda mesa da Flicom, os participantes foram o jornalista, sociólogo, professor, escritor e colunista do Correio do Povo, Juremir Machado, o próprio Felipe Pena e a jornalista e mestre em Antropologia Social, Ariele Cardoso, mediados por Ana Sparremberger. Juremir defendeu o direito ao ressentimento, lembrando que os seus livros como “Raízes do Conservadorismo Brasileiro” e “Jango – Vida e Morte no Exílio” têm pesquisa histórica, texto de escritor e investigação jornalística e que vendem 10 mil exemplares ou mais e não são dignos de nota na grande imprensa do centro do país ou são avaliados negativamente pela Capes. Felipe Pena lembrou que o jornalismo precisa de todos os lados, da tese e da antítese para chegar à síntese, principalmente quando o assunto é política ou para combater as fake news. “O golpe de 31 de agosto de 2016 foi contra uma presidente legítima, mas também nas relações afetivas. Quantas brigas não tivemos no almoço de domingo? Precisamos ser mais iconoclastas”, afirmou Pena, lembrando de uma pergunta que Millôr Fernandes fez a ele certa vez: “O que você faz para fazer dos seus alunos, iconoclastas?”.

Ariele Cardoso destacou a longa trajetória de cinco séculos de golpes no país, começando com o Descobrimento do Brasil, passando pela Independência, Proclamação da República até Estado Novo, o de 1964 e este de 2016. “Saí do jornalismo à antropologia e voltei para pesquisar as representações identitárias na mídia, o jornalismo alternativo. Acho que o jornalismo precisa dar voz à pluralidade da sociedade. Em pesquisa do Instituto JFK, sabemos que apenas 29% dos brasileiros confiam na mídia, nos veículos de comunicação, mas 64% confiem nos jornalistas. Precisamos transformar, ser utópicos”, frisou Ariele. A Flicom será encerrada nesta quarta, com mais duas mesas às 14h e 16h:

4 de outubro:

Mesa 3
Das 14h às 16h

Booktoubers, Bloggers e Plataformas Digitais: a Leitura na Rede
Participação: Daisy Carias, Denise Guilherme, Flávia Schemer e Vana Campos
Mediação: Felipe Pena

Mesa 4
Das 16h às 18h

Interações, Performances e Recursos Estilísticos
Participação: Afonso Borges, Sonia Virginia e Tico Santa Cruz
Mediação: Felipe Pena.

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