Thiago Martins de Melo inaugura mostra na Fundação Iberê

Thiago Martins de Melo inaugura mostra na Fundação Iberê

'Resistência', do artista maranhanse, com abertura no próximo sábado, dia 4 de novembro, reúne 14 obras de grandes dimensões e complexidade

Correio do Povo

Thiago Martins de Melo é um dos pintores brasileiros contemporâneos a abordar aspectos do cotidiano social em sua arte

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No próximo sábado, dia 4 de novembro, a Fundação Iberê (Padre Cacique, 2000) inaugura a exposição "Resistência", do artista maranhense Thiago Martins de Melo. Com curadoria do islandês Gunnar B. Kvaran, a mostra confronta o espectador com 14 obras de grandes dimensões e complexidade.

Com cores fantasmáticas, o trabalho de Thiago Martins de Melo articula uma densidade narrativa excepcional, feita de referências autobiográficas e mitológicas, sincretismo religioso e ambiência surreal. No centro dessa articulação, emergem, ora de forma sutil ora contundente, temas da política brasileira e da história do país. Tal iconografia crítica faz de Martins de Melo um dos pintores brasileiros contemporâneos a abordar aspectos do cotidiano social. “Eu venho de uma região marcada pela violência; não temos tempo para tratar de questões acadêmicas. Ser artista é um ato político”, diz ele.

"Resistência" abre com "A queima do templo do conhecimento" (2021), uma escultura-vídeo-pintura em que o fogo assume o papel principal, fazendo referência ao incêndio que destruiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro em 2018 e que possuía a quinta maior coleção arqueológica do mundo. Em e-mail enviado a Gunnar, que acompanha a trajetória do artista há mais de uma década, Martins de Melo destaca que a obra foi motivada, sobretudo, pelo que está por trás dessa tragédia.

O artista escreveu: “Isso ocorreu devido a uma queda no investimento em políticas públicas culturais e seus mecanismos. Os cortes na educação e na cultura se aprofundaram nas administrações de direita de Temer e Bolsonaro. O Museu Nacional, agora em recuperação, tem sido a vítima e o símbolo maior desse projeto de desmonte da cultura e da educação no Brasil”. 

A mostra segue com três pinturas de grande formato, "Escadaria do decapitado" (2019), "Tupinambás, Léguas" e "Nagôs" guiam a libertação de Pindorama das garras da quimera de Mammón (2013) e A Rébis mestiça coroa a escadaria dos mártires indigentes (2013), onde saltam aos olhos o estado de conflito e violência contínuos. Thiago Martins de Melo associa a opressão dos povos indígenas a importantes figuras libertadoras. Também há, nessas pinturas, uma clara resistência exercida pelos oprimidos, que, muitas vezes, se aliam a entidades divinas e espirituais. 

As pinturas da segunda parte da exposição são mais pacíficas, incorporando uma reflexão sobre a origem do mundo, da humanidade e da linguagem, “uma transição entre a besta e o humano”, como escreve o artista. Os sujeitos estão ancorados no mundo real e no metafísico. As narrativas meditativas mostram diálogos sutis entre realidade, religião e mitologia, deixando mais espaço para a interpretação do espectador. Há menos ação e mais silêncio.

Por meio de sua narrativa pintada, Thiago conduz o espectador através da história complexa e multifacetada do país, referindo-se a eventos que considera marcados por uma profunda injustiça. 

Exposição 'Resistência' de Thiago Martins de Melo 
Curadoria: Gunnar B. Kvaran
Abertura: 4 de novembro, sábado, às 14h
Visitação: até 28 de janeiro de 2024
Andares: Átrio e 2º andak da Fundação Iberê (Padre Cacique, 2000). 


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