Um cinquentão com muitas histórias

Um cinquentão com muitas histórias

Depois de 50 anos do lançamento, "Houses Of The Holy", do Led Zeppelin, ainda dá o que falar

Aline Andreata*

Banda Presence Led Zeppelin

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O disco “Houses Of The Holy”, quinto álbum da banda Led Zeppelin, foi lançado em 28 de março de 1973. Presente na lista dos álbuns clássicos cinquentões deste ano, este é o primeiro disco da banda a ter de fato um nome - seus antecessores ganharam apenas número (I, II,III. IV). No entanto, no ano de 2019, 46 anos após seu lançamento, os fãs que compartilharam músicas com a capa deste álbum, tiveram suas publicações censuradas pelo Facebook. A rede apresentou um problema no algoritmo de censura, que pelo visto, ficou meio “confuso” com a capa na cor vermelha, um grupo de pessoas que para alguns parecem mulheres, outras crianças, escalando o que se parece um monte. Os usuários reportaram o problema, e logo, a arte pôde circular normalmente na rede. “O ‘Houses of the Holy’ é um dos maiores lançamentos musicais de todos os tempos. Engraçado é a capa ser proibida pelo Face”, disse um dos usuários da rede.

Afinal, o que de fato é a capa de “Houses Of The Holy”? A base para a elaboração da arte foram fotografias, feitas ao longo de dez dias, dos irmãos Stefan e Samantha Gates, no pôr do sol da chamada “Calçadas dos Gigantes”, um monumento natural localizado na Irlanda do Norte. Vale comentar que esse nome também é uma referência aos locais por onde a banda passou, os “Lugares Sagrados”, uma dedicatória ao seu público. A capa foi inspirada no livro “O Fim da Infância”, de Arthur C. Clarke. Um dos trechos da história narra o momento no qual um grupo de crianças aguarda uma “abdução” no topo de uma montanha. Então o designer gráfico Aubrey “Po” Powell, que havia trabalhado em capas de álbuns de outros artistas como Pink Floyd, foi convidado a participar do projeto. Na ideia original, a capa seria em preto e branco e as crianças em dourado, mas por erro na pintura, foi derramado acidentalmente um pouco de tinta roxa na tela, que se misturou as demais cores e criou um efeito que agradou o artista, dando origem a imagem que conhecemos hoje.

Diversidade sonora

Para grande parte dos fãs, este é o disco com maior diversidade sonora de sua discografia, com faixas como “D’yer Mak’er”, com influência reggae, é a faixa mais executada ao vivo. Há a reflexiva “The Rain Song”, que algumas pessoas acreditam ser uma conversa entre George Harrison e John Bonham, faixa de abertura do disco, e a famosa e dançante Dancing Days. Porém, a música “Houses Of The Holy”, entrou apenas no álbum seguinte, “Physical Graffiti” (1975).

Todo o sucesso atravessou o continente e gerações, chegando a São Leopoldo, onde nasceu a banda Presence Led Zeppelin em março de 2014. Alguns músicos passaram pela banda até chegar na atual formação, com Bruno Lacerda (guitarras), Rafael Pereira (baixos e teclados), Mauricio Mendes (bateria) e Matheus Raaber (vocais). A banda já percorreu diversos estados brasileiros como o RS, SC, PR e GO. Inicialmente, tocaram apenas em pubs e bares de rock. Desde 2017, o foco é levar o show a teatros da região Sul do país. “O ‘Houses’ é um álbum que executamos praticamente na íntegra na maioria de nossos shows, tocamos 6 das 8 músicas do disco. Nele estão contidas grandes músicas como a ‘The Songs Remains the Same’, por exemplo, que é um dos auges do nosso show, executada com a emblemática guitarra de dois braços. A balada lindíssima, ‘Rain Song’, causa sempre arrepios, seja quando ouvimos no disco ou quando executamos ela ao vivo”, conta Bruno.

O Led Zeppelin conquistou milhares de pessoas pelo mundo todo. Um deles é o bancário Luiz Cláudio Rocha Carvalho. O fã conta que passou a gostar da banda ainda na infância. Em 1974, com apenas cinco anos, ouviu o disco “Led Zeppelin IV”: “Com 11 anos eu tinha coleção do Led Zeppelin, a partir daí, eu comecei a ter percepção de música”. Junto do amigo Sérgio Amorim, fundou no Rio de Janeiro, o fã-clube Zeppeliano Fan Club, em 12 de outubro de 1986. Os anos se passaram e na década de 2000, Luiz Cláudio montou uma banda que se chamava “Black Dog” e tocava em eventos beneficentes.

Um desses eventos chegou a atrair mil pessoas, e arrecadou milhares de alimentos não perecíveis. O sucesso foi tanto, que pelo MySpace - rede social da época, ele e a banda conseguiram contato com um dos membros da banda: Jimmy Page. Seu fã clube foi o único brasileiro a participar da reunião inédita que o Led Zeppelin realizou em Londres, em 2007. Conhecido também como Lula Zeppeliano, apelido dado pela avó ainda na criança, mostra com orgulho as fotos tiradas ao lado do ídolo e exibe as três cópias do disco “Houses Of The Holy”. Na esquerda, a versão americana e a mais popular. À direita, as versões russa e inglesa, destacando também a camisa em alusão a música “Stairway To Heaven”, presente no “Led Zeppelin IV”. Um disco que até hoje desperta curiosidade e dá ao que falar. Que emociona, intriga e que já rendeu grandes histórias.

O disco

Lado A

1."The Song Remains the
Same"(Jimmy Page/Robert Plant). 5min23s
2."The Rain Song" (Page/Plant). 7min39s
3."Over the Hills and Far Away" (Page/Plant). 4min50s.
4."The Crunge" (John Bonham/John Paul Jones/Page/Plant). 3min17s

Lado B

1."Dancing Days" (Page/Plant). 3min43s
2."D'yer Mak'er" (Bonham/Jones/Page/Plant). 4min23s
3."No Quarter" (Jones/Page/Plant); 7min.
4."The Ocean" (Bonham/Jones/Page/Plant). 4min31s.
Tempo total: 40min57s.

Ficha técnica

Banda
John Bonham - Baterias, Vocais
John Paul Jones – Órgão, Baixo, Vocais, piano, Sintetizadores, instrumento
Jimmy Page – Violões, Guitarras, pedal steel guitar (guitarra de aço com pedais) Vocais, e Produtor
Robert Plant – Vocais, Gaita
Produção
Peter Grant – Produtor executivo
Eddie Kramer – Engenheiro de som, mixagem
Hipgnosis – Arte
Keith Harwood – Mixagem
Andy Johns – engenheiro, mixagem (em "No Quarter")
Aubrey Powell – fotógrafo da capa

*Sob supervisão Luiz G. Lopes


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