'Un año, una noche': o cinema enfrenta os ataques de novembro de 2015 em Paris

'Un año, una noche': o cinema enfrenta os ataques de novembro de 2015 em Paris

O filme estreou nesta segunda-feira , dia 14, no Festival de Berlim, enquanto a França revive o trauma através do julgamento

AFP

Cartaz do filme 'Un año una noche', do diretor espanhol Isaki Lacuesta, que narra o pior episódio desse múltiplo ataque terrorista

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"Un año, una noche", o filme espanhol que narra o ataque jihadista ao salão de festas Bataclan, em Paris, em novembro de 2015, estreou nesta segunda-feira (14) na Berlinale, enquanto a França revive o trauma através do julgamento.

O diretor espanhol Isaki Lacuesta, vencedor de duas Conchas de Ouro em San Sebastián, narra o pior episódio desse múltiplo ataque terrorista.

Dos 130 mortos nos ataques na noite de 13 de novembro de 2015 em Paris, 90 caíram sob as balas de três terroristas no Bataclan, uma casa de shows.

O filme concorre ao Urso de Ouro, que será anunciado na quarta-feira.

O argentino Nahuel Pérez (35 anos) e a francesa Noémie Merlant (33 anos) interpretam um casal que sobrevive à tragédia, Ramón e Céline.

Ambos saem marcados pelo evento. Mas a reação deles será diferente, e isso os forçará a repensar suas vidas e seu relacionamento um com o outro.

"Un año, una noche" é baseado na história de Ramón González, um sobrevivente espanhol dos eventos.

Seu livro, "Paz, amor y death metal", foi publicado na Espanha em 2018. Nele, conta como decidiu deixar seu emprego como engenheiro e reconstruir sua vida após a experiência.

Enquanto isso, Céline teimosamente decide não contar nada a ninguém e continuar com seu trabalho.

- Silêncio e desconfiança -

Outro espanhol, Ramón Campos, produtor de cinema, também estava em Paris naquela noite fatídica. Quando a notícia dos ataques chegou, teve que correr de volta para o hotel com sua família.

"No dia seguinte fui passear sozinho pela cidade e fiquei impressionado com o silêncio, os olhares de desconfiança entre as pessoas que estavam em Paris. E desde então estou obcecado", explicou nesta segunda-feira durante uma coletiva de imprensa em Berlim.

"Acho que o título descreve o que estávamos procurando com o filme: como [Ramón e Celine] tentam aprender a viver novamente e, acima de tudo, como tentam não desistir do rock and roll, do amor, das experiências coletivas", apontou Isaki Lacuesta.

E, ao mesmo tempo, o filme está empenhado em reconstruir o que aconteceu dentro da sala, focando exclusivamente nas vítimas.

A câmera mostra os tiros, os gritos, o pânico, em um delicado exercício de testemunho e ficção para o qual tiveram a colaboração, durante as filmagens, das próprias vítimas.

"Chegamos ao ponto de não mostrar nada sobre o ataque, e sentimos que isso seria trair as pessoas que estavam lá. O corte cinematográfico típico de autor, em que deixa de fora o que tem medo de mostrar", explicou Lacuesta.

"É sempre difícil se colocar no lugar de alguém que vivenciou algo real. Nunca se sabe se (a atuação) est´á muito superdimensionada", explicou o ator Nahuel Pérez.

Noémie Merlant também estava na capital francesa no dia 13 de novembro, noite que recorda "com horror, como todos os parisienses".

Sua personagem se esconde atrás do trabalho que tinha antes da tragédia, como trabalhadora em um abrigo para jovens com problemas.

"Ela nega tudo, vive para os outros", explicou à imprensa.

"Há pessoas que precisam conversar, compartilhar para avançar na vida, outras que não querem... Não há respostas", reconheceu.

O principal acusado dos ataques, Salah Abdeslam, um francês de 32 anos, o único diretamente envolvido que ainda está vivo, negou na semana passada qualquer responsabilidade nos eventos.

"Eu não matei ninguém e não feri ninguém", assegurou diante do tribunal que o julga.

 


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