78ª edição da SOEA evidencia protagonismo feminino na engenharia

78ª edição da SOEA evidencia protagonismo feminino na engenharia

Painel Mulher recebeu palestrantes internacionais e nomes relevantes na área

Camila Souza

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As mulheres estão cada vez mais conquistando seus espaços em profissões que, até então, eram dominadas por homens. E a 78ª Semana Oficial de Engenharia e Agronomia (SOEA) evidenciou isso. O evento, que recebeu cerca de 6 mil participantes no Serra Park, em Gramado, ofereceu uma programação focada no público feminino.

No segundo dia da SOEA, quarta-feira, um dos destaques foi o Painel Mulher, que recebeu palestrantes internacionais e nomes relevantes na área. Muitas mulheres marcaram presença e lotaram o auditório, algumas até com seus filhos, incluindo bebês recém-nascidos.  

A vice-presidente do Conselho Profissional de Engenheiros Civis da Argentina, engenheira civil Alejandra Fogel, e a engenheira Ania Lopez, do Conselho Nacional de Engenheiros da Itália (CNI), apresentaram dados de seus países e falaram sobre os caminhos para a igualdade de gênero.

Além disso, a representante da ONG Mulher em Construção, Camila Alhadeff, destacou o trabalho da instituição que tem como objetivo incluir a mulher periférica no mercado de trabalho da construção civil. Quem também integrou a programação foi a cofundadora da ONG Ela, Adriana Alves, falando sobre equidade racial e de gênero nas corporações.

A SOEA contou, pela primeira vez, com um estande do Programa Mulher, onde o público pôde se informar sobre as políticas de equidade de gênero promovidas pelo Sistema Confea/Crea. Para a engenheira ambiental Nanci Walter, primeira mulher presidente do Crea-RS, ainda que o número de profissionais seja baixo comparado aos homens, o público feminino têm ganhado destaque na engenharia.

“Nós comemoramos muito quando chegamos em 200 mil mulheres profissionais. Ainda é um número menor do que a gente gostaria, mas nunca na história tivemos tantas líderes à frente dos conselhos regionais. Em 27 Creas, temos sete mulheres presidentes”, ressalta.

Os desafios que as mulheres enfrentam para conquistar autoridade no mercado de trabalho são vários e aumentam ainda mais em profissões formadas, na maioria, por homens. Nanci comenta que a cobrança e a pressão em lideranças femininas é desproporcional: “Em várias situações, como ali na entrega da premiação, eu era a única mulher. Então, tenho que cuidar ainda mais da minha fala, porque há uma pressão e um olhar. Temos que cuidar onde pisamos, sempre estamos com olhares que podiam ser mais atenciosos para nós. É muita cobrança.” 

Apesar dos obstáculos, Nanci destaca a importância de incentivar outras profissionais. “Eu digo que eu não quero ficar para a história. Precisamos incentivar as mulheres. A gente vai sempre ser lembrada por abrir a porteira, mas as outras precisam vir também.”

A engenheira conta que neste ano sua filha conclui a graduação em Arquitetura e em Engenharia Civil. Sem esquecer dos obstáculos, diz que tenta deixar mais leve sua fala a respeito das experiências na profissão. “Se eu ficar só me queixando e dizendo o quanto é difícil e é, eu não vou estar incentivando principalmente a minha filha.” 

A presidente do Crea-RS afirma que é preciso oportunidade para que as mulheres continuem ganhando espaço e autoridade na engenharia. “A gente fala tanto em igualdade salarial, mas para ter igualdade salarial, precisamos ter oportunidade. Nos acolhendo melhor, nos deixando mais à vontade. É só isso que queremos. Aí a gente cresce, mas cresce junto com os homens”, afirma.


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