Seis escritoras gaúchas que você precisa conhecer

Seis escritoras gaúchas que você precisa conhecer

No Dia do Escritor, o Bella Mais apresenta seis autoras que impulsionam o protagonismo feminino na literatura

Correio do Povo

Cris Lisbôa, Ana dos Santos e Clara Corleone estão entre as gaúchas que se destacam na literatura

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Para enaltecer o protagonismo feminino no Dia do Escritor, comemorado neste dia 25 de julho, o Bella Mais apresenta seis mulheres que publicaram obras de sucesso e ganharam destaque no universo literário. Convidamos jornalistas de diferentes editorias do Correio do Povo para indicar suas escritoras gaúchas favoritas. Confira:

Ana dos Santos

Por Carolina Santos, repórter de Arte&Agenda

Ana Dos Santos é natural de Porto Alegre. É poetisa, escritora e professora de Literatura Brasileira. Mestra em Estudos Literários pela Ufrgs, faz doutorado em Pós-colonialismo e Identidades, pesquisando a escrita de mulheres negras e indígenas. É autora dos livros “Flor” (Corpos Editora/Portugal, 2009) e “Poerotisa” (Editora Figura de Linguagem/RS, 2019).

Recentemente, lançou mais um livro: “Maiúscula” (Libretos Editora), em que aborda o luto, as poéticas negras brasileiras e o erotismo. A obra é dividida em três partes por temas. O livro inicia falando da finitude em "Escrevo uns versos, depois, rasgo", justamente por ser “um processo doloroso que me custou muitos rascunhos”, segundo a escritora.

Na sequência, "Pérola Negra" faz uma homenagem ao poeta Luiz Melodia e as poéticas negras brasileiras. E finaliza com a série "Afro Disíacas", com uma pegada erótica no sentido mais amplo do Eros, a relação com a vida, com o bem viver das mulheres negras e as deusas que nos habitam.

O processo de escrita durou dois anos, período que coincide com intensa produção acadêmica – a dissertação de mestrado sobre a escrevivência de mulheres negras e o projeto de doutorado sobre a escrevivência de mulheres indígenas – e o luto, tanto pessoal quanto coletivo.

Clara Corleone

Por Brenda Fernández, editora web

Há grande chance de você já ter ouvido falar de Clara Corleone. Já esbarrou em algum de seus posts saudavelmente polêmicos no Instagram, com discussões sobre relacionamentos, autocuidado e artes – às vezes tudo isso numa coisa só –, ou pode ter lido alguma de suas três obras já lançadas, todas com temáticas feministas.

Clara é formada em Artes Cênicas pela Ufrgs, habilidade impressa na sua facilidade de construir uma narrativa criativa, envolvente e cheia de diálogos eletrizantes. O seu livro de estreia “O homem infelizmente tem que acabar” (2019) reúne em crônicas vivências da escritora, que antes eram publicadas na sua rede social. A reunião disso é puramente o suco da vida de uma mulher solteira e “bonfiner” (moradora do bairro Bom Fim, em Porto Alegre). Com título faísca para o alvoroço masculino, a obra aborda temáticas de relacionamentos, amor e sexo.

Em 2021, uma nova estreia, desta vez no gênero romance. “Porque era ela, porque era eu”, uma homenagem à música homônima de Chico Buarque, vai falar de amor, amizades e o quanto as mulheres investem emocionalmente nas relações amorosas. A obra foi vencedora do Troféu Jacarandá 2021 na categoria Autora Revelação.

As questões de gênero e liberdades femininas também voltam a aparecer na sua obra mais recente (2023), “Predadores”. No romance, a protagonista e o grupo de amigas buscam sobreviver em um contexto de horror e ameaça à vida das mulheres espalhados pela cidade. Além de um novo livro em produção, Clara Corleone ministra aulas online de escrita e é uma frequentadora assídua das rodas de samba da Capital gaúcha.

Cris Lisbôa

Por Camila Souza, editora do Bella Mais

A gaúcha Cris Lisbôa, uma das minhas autoras favoritas, tem um jeitinho muito especial de escrever. É como se seus textos saíssem do papel ou da tela do celular e chegassem em forma de abraços acolhedores até os leitores. Cris escreve prosas poéticas sobre amor, esperança e a beleza presente nos detalhes do cotidiano. Além disso, é professora e pesquisadora de comunicação na escola livre “Go, writers” desde 2013.

Já publicou obras como o bilíngue “Tem um coração que faz barulho de água” e o romance “Papel-manteiga para embrulhar segredos”, que ganhou uma continuação intitulada “Duas pessoas são muitas coisas”.

Seu romance mais recente, “Meu coração diz teu nome”, foi inspirado em uma história familiar. Em parágrafos construídos em primeira pessoa e com a delicadeza que torna o trabalho de Cris Lisbôa tão único, a obra fala sobre vulnerabilidade e sobre a busca por amar quem se é.

A autora também publica prosas poéticas em seu perfil no Instagram. Ela sempre diz que “o mundo está cheio de bilhetinhos de amor”. E seus textos, sejam eles impressos ou nas telas das redes sociais, certamente são alguns desses bilhetes.

Eliane Brum

Por Brenda da Rosa, estagiária do Bella Mais

Eliane Brum é gaúcha de Ijuí, no noroeste do RS. É jornalista, escritora e documentarista formada na PUCRS. Já foi repórter de jornal e de revista e desde 2010 atua como freelancer. Também é fundadora do veículo jornalístico trilíngue Sumaúma. Ao longo da carreira, Eliane ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem, além de 8 publicações literárias e 4 atuações como diretora e roteirista em documentários.

“A vida que ninguém vê” (2006) é uma coletânea de crônicas-reportagens publicadas pela autora no final dos anos 90. São contos de personagens comuns do dia a dia e de pessoas que não viram notícia. É um clássico para todo estudante de Jornalismo no início da graduação e, para mim, ler este livro foi como finalmente entender de onde vinha minha paixão por histórias e o que fazer com essa necessidade de contá-las. Acredito que seja uma leitura proveitosa para aqueles que gostam de olhar com sensibilidade para o ordinário, apesar da vida corrida.

Eliane Brum escreveu “A vida que ninguém vê”, uma coletânea de crônicas-reportagens | Foto: Alberto César Araújo /Amazônia Real / Divulgação / CP

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Letícia Wierzchowski

Por Adriana Androvandi, editora de Arte&Agenda

Letícia Wierzchowski, 52 anos, é uma escritora e roteirista gaúcha que tem vários livros no gênero “romance histórico”. Há dramas de imigrantes que chegam ao Sul do Brasil para tentar a vida e também do olhar feminino em tempos difíceis. Ela alcançou grande sucesso quando seu livro "A Casa das Sete Mulheres", lançado em 2002, deu origem à série televisiva homônima veiculada em 2003.

Este romance narra personagens femininas durante a Revolução Farroupilha, quando elas lidam com longos tempos de espera, enquanto os homens da casa estão na guerra. "Uma ponte para Terebin" (2006) acompanha um imigrante no início do século XX, inspirado na chegada do seu avô ao Brasil e a adaptação a um novo mundo. Após viver no país por um tempo, ele decide voltar à Europa para lutar contra Hitler. Entre seus mais recentes títulos, ela lançou "Deriva" (2022), em que aposta no realismo fantástico sul-americano.

Letícia, que também é mãe, é ainda autora de livros infantis, entre eles "O Dragão de Wawel e outras lendas polonesas" (2005), em que resgata fábulas do país de origem de sua família. Outro livro, "O Menino que Comeu uma Biblioteca" (2018), é ambientado em uma estância no interior do Uruguai, no fim dos anos 1930, e traz a história de uma menina que conhece um garoto que teve de vender os livros da família para sobreviver.

Letícia Wierzchowski tem vários livros no gênero “romance histórico” | Foto: Carin Mandelli / Divulgação / CP

Mar Becker

Por Letícia Pasuch, estagiária de Arte&Agenda

Mar Becker, com nome de batismo de Marceli Andresa Becker, nasceu em Passo Fundo (RS) em 1986 e hoje é radicada em São Paulo. A escritora e poeta também é graduada em Filosofia pela Universidade de Passo Fundo (UPF). O contato inicial dela com a escrita foi concomitante com a experiência da leitura de poesias, iniciada aos 13 anos através de livros didáticos e do que encontrava na escola e na biblioteca municipal onde morava, perpassando Cruz e Souza a Augusto dos Anjos. Suas maiores referências atuais também incluem Oscar Wilde, Herberto Helder e Clarice Lispector.

Mar é autora dos livros “A Mulher Submersa” (ed. Urutau, 2020) e "Sal" (ed. Assírio & Alvim Brasil, 2022), que foram reunidas no volume "Canção derruída" (ed. Assírio & Alvim, 2023). “A Mulher Submersa” foi uma das cinco finalistas da segunda fase do Prêmio Jabuti, na categoria Poesia, em 2021. O livro também foi vencedor no Prêmio Minuano em 2022. "Sal", obra onde Mar apresenta poemas que evocam referências à família e à infância vivida em Passo Fundo, foi vencedor na Associação Gaúcha de Escritores (Ages) em 2023.

Mar Becker é autora dos livros “A Mulher Submersa” e "Sal" | Foto: Arquivo pessoal

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