Confira 7 mitos e verdades sobre menopausa precoce

Confira 7 mitos e verdades sobre menopausa precoce

Fatores genéticos e ambientais podem contribuir para o aumento da menopausa precoce

Correio do Povo

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A menopausa, período de cessação dos ciclos menstruais e redução dos níveis de hormônios, como estrogênio e progesterona, ocorre geralmente entre os 45 e 55 anos, segundo o Ministério da Saúde. Já a menopausa precoce, também conhecida como falência ovariana prematura (FOP), ocorre quando os ovários param de funcionar antes dos 40 anos.

Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) indicam que esse problema afeta 1 em 100 mulheres. Antes dos 30 anos, atinge 1 em 1 mil mulheres. “Entretanto, o número de mulheres que entram na menopausa precoce tem crescido devido a uma combinação de fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida”, afirma Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa/SP.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, em 2017, cerca de 4,8% das brasileiras entraram na menopausa antes dos 40 anos. Já um estudo publicado em 2020 na Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, que analisou a frequência de menopausa precoce, apontou que 5,6% das mulheres haviam entrado na menopausa antes dos 40 anos de idade.

“Quando os ovários dão sinais de envelhecimento e interrupção de suas funções precocemente, o quadro requer acompanhamento médico, já que estes órgãos não respondem apenas pelo sistema reprodutor, mas também endócrino, implicando em outras alterações que precisam ser avaliadas”, completa Claudia Chang, pós-doutora em Endocrinologia e Metabologia pela USP. Para ficar por dentro do que é fato sobre a menopausa precoce, confira os principais mitos e verdades sobre esta fase:

“Menopausa precoce não tem causas exatas”

Mito: embora a menopausa precoce possa ocorrer naturalmente, diversos fatores podem contribuir com a condição, como genética, hereditariedade, doenças cromossômicas, infecções virais, doenças na tireoide, remoção dos ovários, doenças autoimunes e tratamentos contra câncer, como quimioterapia e radioterapia, que podem afetar o funcionamento dos ovários.

“Atividade física pode influenciar na menopausa precoce”

Em termos: alguns estudos sugerem que a atividade física regular pode ter um efeito protetor contra a menopausa precoce. Um estudo publicado no Human Reproduction constatou que mulheres com maior atividade física tinham menor probabilidade de ter menopausa precoce, já que o exercício pode estabilizar os níveis hormonais.

Segundo Claudia Chang, a atividade física também evita a obesidade, prejudicial à saúde reprodutiva, uma vez que o excesso de gordura corporal pode levar a desequilíbrios hormonais e, consequentemente, à menopausa precoce. Por outro lado, atividades físicas extenuantes podem prejudicar a função ovariana e a saúde reprodutiva. Mulheres atletas, por exemplo, podem ter irregularidades menstruais e até cessação da menstruação (amenorreia), aumentando o risco de menopausa precoce.

“É importante lembrar que a atividade física sozinha não é suficiente para prevenir a menopausa precoce. Embora possa desempenhar um papel importante, o exercício físico deve estar relacionado a outras condições, como dieta saudável, sono de qualidade, gerenciamento do estresse e regularidade nas consultas médicas e nos exames preventivos”, reforça Carlos Moraes.

“Estresse crônico pode desencadear a menopausa precoce”

Verdade: o estresse crônico pode aumentar a produção de hormônios do estresse, como o cortisol, causando danos oxidativos na função ovariana. Outros hormônios que podem sofrer desequilíbrios são o estrogênio e a progesterona, desregulando a menstruação e comprometendo a fertilidade. Estas alterações podem aumentar o risco de menopausa precoce.

“Menopausa precoce tem os mesmos sintomas da menopausa natural”

Em termos: os sintomas da menopausa, tanto precoce quanto natural, incluem ondas de calor (fogachos), suores noturnos, secura vaginal, diminuição da libido, alterações de humor, problemas de sono, dificuldade de concentração e memória, metabolismo mais lento, ganho de peso, queda de cabelo, perda da elasticidade da pele e dor nas articulações e nos músculos.

No entanto, segundo Claudia Chang, na menopausa precoce, as mulheres podem enfrentar problemas adicionais. “Nesta condição, ocorre o hipoestrogenismo, uma queda do estrogênio muito mais intensa do que na menopausa natural, aumentando em 4 vezes o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, AVC e Alzheimer, e 7 vezes o risco de osteoporose (devido à perda óssea precoce). Também há maior chance de ter algum tipo de câncer, em especial, de ovário”, explica a endocrinologista.

“Fumar pode antecipar a menopausa”

Verdade: de acordo com um estudo da Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, mulheres que fumam podem entrar na menopausa um ano antes do previsto, ou até dois, se o consumo for excessivo.

Além disso, o cigarro intensifica os sintomas da menopausa. Segundo dados do estudo, as fumantes têm mais episódios de fogachos e mais dificuldade para dormir. Também há um risco 35% maior de fraturas e, mesmo entre quem já abandonou o vício, o risco é 15% maior em comparação com aquelas que nunca fumaram.

“Anticoncepcionais podem causar menopausa precoce”

Mito: “Não é comum que os anticoncepcionais causem menopausa precoce. Ao contrário. Alguns estudos sugerem que o uso prolongado da pílula pode atrasar a menopausa, mas ainda são necessárias mais pesquisas para confirmar essa relação”, esclarece Carlos Moraes.

“Toda mulher pode tratar a menopausa precoce com reposição hormonal”

Mito: mesmo sendo mais nova, a mulher com menopausa precoce pode ter indicação da reposição hormonal, já que o processo ocorreu muito cedo. Entretanto, há casos em que ela é contraindicada. 

“Mulheres com histórico de câncer de mama, ovário, útero, melanomas, trombofilias (alterações que predispõem à trombose), hipertensão, diabetes ou que possuem alguma desordem no funcionamento dos rins ou do fígado não podem fazer a reposição hormonal. Nestes casos, será preciso optar por outras abordagens para controlar os sintomas e reduzir os riscos associados à menopausa precoce”, finaliza Carlos Moraes.


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