Deputadas e especialistas cobram políticas públicas para mulheres no climatério e na menopausa

Deputadas e especialistas cobram políticas públicas para mulheres no climatério e na menopausa

Redução na produção de hormônios deixa as mulheres mais expostas a problemas cardíacos, diabetes e osteoporose

Agência Câmara de Notícias

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Cerca de 35 milhões de brasileiras estão entre o climatério e a menopausa. Mesmo representando um terço da população, essas mulheres não têm acesso a informações sobre essa fase da vida e apenas a metade faz algum tipo de tratamento.

Além do desconforto causado por sintomas como ondas de calor, depressão, irritabilidade, insônia e perda da libido, a redução na produção de hormônios deixa as mulheres mais expostas a problemas cardíacos, diabetes e osteoporose.

Para melhorar a qualidade de vida durante essa fase, as mulheres têm que ter acesso à informação e a um tratamento adequado já na atenção primária à saúde. É o que prevê o Projeto de Lei 5602/19, que está sendo analisado pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados e que foi discutido numa audiência pública nesta quinta-feira (5).

A relatora da proposta na comissão, deputada Lêda Borges (PSDB-GO), sugeriu a realização do debate com representantes do governo, dos médicos e da sociedade civil. O texto prevê a criação de programa de atenção às mulheres na menopausa e no climatério.

“É necessário debater a promoção da saúde da mulher para esse ciclo da vida, buscando criar políticas públicas efetivas que melhorem a qualidade de vida dessas mulheres”, diz a deputada.

Novos tratamentos e remédios

A representante do Ministério da Saúde, Débora Siqueira Beltrammi, afirmou que a pasta está desenvolvendo um eixo de atuação, inclusive com o estudo de novos medicamentos para os casos em que a reposição hormonal é contraindicada.

“O Ministério da Saúde trabalha em parceria com algumas instituições na condução de pesquisas clínicas para a avaliação de segurança e eficácia de hormônios", disse Débora.

Com relação a práticas integrativas e complementares, ela informou que a pasta está trabalhando em especial com a fitoterapia. "O que nós temos de oferta é a isoflavona, mas podemos trabalhar pensando em inclusão de novos fitoterápicos”, explicou.

Reposição hormonal

A endocrinologista especializada em climatério Ana Priscila Soggia destacou que 80% das mulheres têm os sintomas do climatério, mas apenas 15% delas fazem tratamento. Ela lembrou que a falta de hormônios, característica dessa fase, dobra os riscos de infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

“As mulheres que fazem reposição hormonal têm uma redução de risco de AVC e de mortalidade em geral, de câncer de intestino, de fraturas ósseas, chegando a uma diminuição de 26% de redução de risco de diabetes”, listou a médica.

Ciência x políticas públicas

A fundadora da Associação Menopausa Feliz, Adriana Ferreira, afirmou que as iniciativas para as mulheres nessa fase da vida não saíram do papel, o que leva a muitos diagnósticos e tratamentos inadequados pela falta de informação também por parte dos médicos.

“Em 2008, o Ministério da Saúde criou o Manual da Atenção à Saúde do Climatério, uma série de diretrizes que foram criadas por mulheres e movimentos sociais que participaram dessa construção muito bem desenhada à época", informou. "Infelizmente, hoje ele já está ultrapassado, porque a ciência está evoluindo muito rápido.”

Adriana Ferreira destacou que, atualmente, 18 estados discutem políticas públicas de atenção às mulheres no climatério e na menopausa. Ela sugeriu a criação de um dia nacional de conscientização sobre a menopausa para informar e acabar com o tabu que envolve essa fase da vida.


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