Dolce&Gabbana finalmente desembarca em Paris, com exposição antológica no Grand Palais

Mostra tem mais de 200 vestidos, joias e ternos que são uma homenagem ao artesanato italiano

Exposição abre duas semanas antes do início da temporada de moda de Paris
Exposição abre duas semanas antes do início da temporada de moda de Paris Foto : Anne-Christine Poujoulat / AFP

A dupla de estilistas italianos Dolce&Gabbana desembarca pela primeira vez em Paris nesta sexta-feira, com uma exposição espetacular no Grand Palais: mais de 200 vestidos, joias e ternos que são uma homenagem ao artesanato italiano.

O desfile "Du coeur à la main" ("Do coração para a mão") foi um grande sucesso no ano passado em Milão e agora se tornou seu cartão de visita na capital da moda, onde a dupla nunca desfilou.

Organizado no recentemente reformado Grand Palais, com uma atmosfera suntuosa em cada uma das dez salas, "Du coeur à la main" mostra todas as influências de Domenico Dolce (siciliano) e Steffano Gabbana (milanês).

E as influências artísticas na Itália são inesgotáveis: o Renascimento, com uma sala que homenageia o Palácio Farnese, a inspiração clássica de Roma e Bizâncio, a devoção religiosa, o colorido das festas populares sicilianas, com uma sala inteiramente decorada com azulejos pintados à mão, o filme "O Leopardo".

Aberta até 31 de março, a exposição inclui uma reprodução do ateliê da dupla, onde suas funcionárias estavam ocupadas costurando vestidos nesta quinta-feira.

A exposição abre duas semanas antes do início da temporada de moda de Paris, primeiro com a Semana de Moda Masculina (21 a 26 de janeiro) e depois com a Alta Costura (27 a 30 de janeiro).

Vestidos com apenas uma unidade

A Dolce&Gabbana lançou sua primeira coleção há 40 anos, em 1985, com um lençol como cortina decorativa. Desde então, a dupla se tornou um dos principais nomes da moda italiana, com incursões em acessórios e decoração.

"Esta é a primeira vez que eles apresentam seu trabalho e revelam sua alta costura", disse Florence Müller, curadora da exposição.

Os desfiles da Dolce&Gabbana, sempre realizados em algum cenário italiano, das ruínas greco-romanas de Agrigento ao La Scala de Milão, se tornaram um dos eventos mais exclusivos do mundo da moda.

"São coleções bastante confidenciais, reservadas a clientes de alta costura", acrescenta a curadora. Alguns dos vestidos são únicos, explica.

Uma "Madonna" do pintor Rafael fica igualmente bem em uma jaqueta masculina ou em uma saia ampla feminina, bordada com lápis-lazúli. O famoso "Retrato de um Músico" (1485) de Leonardo da Vinci é tecido em seda e malha de algodão.

A era greco-romana é representada em camadas e vestidos com estampas mas geométricos, mas reinventada com referências do estilo cinematográfico peplum. "Os vestidos remetem à decoração, e vice-versa", explica a curadora.

Um enorme coração sangrento, dourado, no estilo das imagens religiosas barrocas, destaca-se na sala dedicada à devoção católica, com uma grande capa de renda preta bordada com fios de ouro e pedrarias.

Um repertório artesanal que tem feito sucesso para a marca, que em março do ano passado apresentou um balanço otimista, com um aumento de 17% nas vendas, atingindo 1,871 bilhão de euros (11,8 bilhões de reais).

A Dolce&Gabbana, no entanto, considera abrir seu capital, declarou explicou seu presidente, Alfonso Dolce, irmão do estilista, em julho de 2024.

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