Matthieu Blazy inaugura nova era da Chanel com desfile “intergaláctico” na Semana de Moda de Paris

Inspirado pelo fascínio de Coco Chanel pela astronomia, o estilista propõe uma conversa com a fundadora e revisita os códigos fundamentais da maison em sua estreia

Nesta segunda-feira, 6, ocorreu a estreia de Matthieu Blazy na direção criativa da grife Chanel
Nesta segunda-feira, 6, ocorreu a estreia de Matthieu Blazy na direção criativa da grife Chanel Foto : Anne-Christine Poujoulat / AFP / CP

Uma das estreias mais aguardadas da temporada de Semanas de Moda marcou o início de um novo capítulo na história da Chanel. Matthieu Blazy, ex-diretor criativo da Bottega Veneta, apresentou nesta segunda-feira, 6, sua primeira coleção à frente da maison francesa com um desfile que transformou o Grand Palais — palco tradicional da marca — em um universo “intergaláctico”.

Inspirado pelo fascínio de Gabrielle “Coco” Chanel pelo céu e pelas estrelas, Blazy levou o sistema solar para dentro do espaço, criando um cenário imersivo, quase hipnótico, que tornava difícil a tarefa de não se entregar à experiência, assinado pelo estúdio criativo Bureau Betak.

“Para este primeiro desfile da Chanel, quis fazer algo universal, como um sonho, algo fora do tempo. Fiquei fascinado pelo universo das estrelas, um tema tão querido à casa. Todos observamos o mesmo céu, e acredito que ele provoca as mesmas emoções em nós”, declarou o estilista nas redes socias da grife.

Revisitando o legado da maison

A coleção Primavera/Verão 2026 foi pensada como uma conversa com a fundadora. A partir de intensas pesquisas, Blazy se apropriou do estilo pessoal de Coco Chanel, marcado pelo equilíbrio entre o masculino e o feminino, e revisitou os tecidos fundamentais da marca como o tweed, jersey e seda.

As peças aparecem reeditadas e reinterpretadas em diferentes atos, explorando as dualidades que sempre definiram o guarda-roupa da maison, sem deixar de lado o DNA autoral do designer.

Apesar do tweed ser um dos maiores símbolos da Chanel, ele só aparece na passarela depois do 25º look, em uma versão mais leve e depois em looks também sem forro e com desfiados, além de detalhes que a Marie Claire define como “acabamentos crus”.

As cores começam em cartelas mais neutras explodindo em tons vibrantes no decorrer da apresentação, reforçando o discurso sobre quem é a nova “mulher Chanel”, sofisticada, mas livre para viver múltiplas versões de si mesma.

Detalhes da nova coleção da Chanel, por Matthieu Blazy | Foto: Anne-Christine Poujoulat / AFP / CP

Silhuetas inspiradas nos anos 1920, com cinturas rebaixadas e movimento fluido, dominaram a passarela. Houve espaço também para experimentações têxteis, das plumas de tweed multicolorido às escolhas sustentáveis que ainda conversava com elementos da estética refinada da maison, mesclando a sofisticação à modernidade e inovação do high fashion.

Modelo desfila coleção Primavera/Verão 2026 da Chanel na Semana de Moda de Paris | Foto: Anne-Christine Poujoulat / AFP / CP

Looks volumosos com diferentes caimentos contrastaram com a alfaiataria, como a camisa desenvolvida em colaboração com a tradicional camisaria Charvet. O modelo traz o nome “Chanel” bordado na caligrafia usada em rótulos da marca nos anos 1920.

Complementando os visuais, os acessórios adicionaram camadas e textura aos looks com colares longos, brincos e broches de flores em tamanhos variados, além de adornos de cabeça (headpieces) feitos em materiais inesperados. As clássicas bolsas Chanel surgiram em versões abertas, atribuindo uma proposta mais descontraída.

O encerramento foi um momento simbólicos para a noite. Ao fechar o desfile, a modelo Awar Odhiang correu para abraçar Blazy, sob aplausos do público, repercutindo rapidamente também nas redes sociais.

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A plateia também estava repleta de estrelas. Nomes já associados à maison marcaram presença, como Tilda Swinton, Margot Robbie, Penélope Cruz, Naomi Campbell, Pedro Pascal e Nicole Kidman, que usava uma das camisas da nova coleção. A atriz Bruna Marquezine também foi uma das convidadas a prestigiar a apresentação.

A estreia do estilista Matthieu Blazy carregava grande expectativa: ele é o quarto designer a comandar a Chanel em seus 115 anos de história. Desde a morte de Karl Lagerfeld, em 2019, a maison vinha sendo liderada por Virginie Viard, sua ex-braço direito.

Após sua saída no início de 2024, as últimas coleções foram assinadas pelo próprio estúdio criativo da casa, o que fez do desfile desta segunda-feira não apenas uma estreia, mas o possível início de uma nova fase para a grife de luxo francesa.

*Sob supervisão de Mauren Xavier