Mulheres trabalham 7,6 horas por semana a mais do que homens em tarefas domésticas no RS

Mulheres trabalham 7,6 horas por semana a mais do que homens em tarefas domésticas no RS

Gaúchas dedicaram 18,9 horas semanais para os afazeres domésticos em 2022, contra 11,3 horas registradas pelo público masculino, segundo o IBGE

Correio do Povo

Tempo dedicado ao trabalho doméstico não remunerado pelas mulheres diminuiu cerca de 1,8 hora em relação a 2016

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As mulheres gaúchas dedicaram um número de horas 2/3 maior que o dos homens nos cuidados de pessoas e afazeres domésticos em 2022: 18,9 contra 11,3 horas, uma diferença de 7,6 horas semanais, segundo uma pesquisa do IBGE. A distância entre esses públicos varia conforme os grupos de idade: a maior é encontrada no grupo de 50 a 59 anos (8,8 horas a mais de trabalho das mulheres) e a menor, no de 14 a 29 anos (5,7 horas).

O dado mostra que o tempo dedicado ao trabalho doméstico não remunerado pelas mulheres diminuiu cerca de 1,8 hora em relação a 2016, quando a informação foi coletada pela primeira vez pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua. A diferença também é observada em todos os grupos de idade, com maior intensidade para o de 50 a 59 anos (2,9 horas a menos) e a menor, para o de 60 ou mais (0,9 hora a menos). Já as horas de trabalho doméstico masculino se mantiveram relativamente estáveis, com diferença de no máximo 0,5 hora a menos frente a 2016.

O recorte por cor ou raça indica, de forma semelhante, que as mulheres pretas ou pardas em 2022 se ocupavam de afazeres domésticos ou cuidado de pessoas durante 19,1 horas semanais, 2,3 horas a menos que em 2016. A diferença entre mulheres pretas ou pardas e homens pretos ou pardos em 2022 foi idêntica à das mulheres e homens brancos: 7,6 horas. Comparando-se mulheres pretas ou pardas a mulheres brancas, o resultado em 2022 foi próximo, com uma diferença de 0,2 horas a mais para o primeiro grupo.

Considerando apenas os homens e mulheres ocupados, o trabalho doméstico das mulheres chega a 16,1 horas, superando em 51,6% o dos homens, ou 5,5 horas a mais. Frente a 2016, da mesma forma que se observa nos demais recortes, esse tempo foi reduzido em 2,0 horas semanais, enquanto o dos homens se manteve em patamar semelhante (10,8 horas em 2016, 10,6 em 2022).

Esse dado é particularmente importante porque está relacionado tanto à inserção das mulheres no mercado de trabalho quanto à frequência escolar das mais jovens. Em 2022, entre as mulheres de 15 a 24 anos no Rio Grande do Sul, 17,0% não estavam ocupadas, não estudavam e não estavam em treinamento, enquanto para os homens na mesma faixa etária esse percentual foi de 10,3%.

Em 2022, o nível da ocupação das mulheres adultas (25 a 54 anos) era de 72,8% no RS, ante 88,0% para os homens. A distância entre homens e mulheres também é diretamente afetada pela atividade de cuidados de crianças nos domicílios: nos arranjos domiciliares com presença de crianças de até 6 anos, o nível de ocupação das mulheres é de 70,0% e o dos homens, de 91,8%.

Já naqueles sem crianças, o nível das mulheres é de 73,9% ante 86,7% dos homens. A diferença cai de 21,8 pontos percentuais (p.p.) para 12,8 p.p. Ainda assim, o RS tem a menor diferença entre homens e mulheres com crianças no país, e o segundo maior nível de ocupação das mulheres com crianças, menor apenas que o de SC (71,0%).

Taxa de desocupação no RS

Em termos de taxas de desocupação, as mulheres apresentam, historicamente, taxas mais elevadas que os homens. Em 2022, 7,9% das mulheres e 5,2% dos homens estavam desocupados no território gaúcho.

Quando se cruzam o dado de sexo com o de cor ou raça, entretanto, observa-se que o segundo fator impacta mais a taxa do que o primeiro, com a desocupação das mulheres brancas ficando abaixo da dos homens pretos ou pardos na maior parte da série histórica. Em 2022, as taxas, da maior para a menor, foram de: 11,0% para as mulheres pretas ou pardas, 8,1% para os homens pretos ou pardos, 7,1% para as mulheres brancas e 4,4% para os homens brancos.

Entre os dois extremos, homens brancos e mulheres pretas ou pardas, a distância em 2022 foi de 6,6 p.p., ou uma taxa 2,5 vezes maior para as últimas. Em 2020, primeiro ano da pandemia de Covid-19, a desocupação atingiu o maior valor da série para ambos os grupos, ampliando ainda mais a diferença, que chegou a 13,5 p.p. ou uma taxa quase três vezes maior para as mulheres pretas ou pardas.

Mulheres ocupam 37,7% dos cargos gerenciais

Quando se trata de ascender a posições de liderança, é possível observar que persistem as barreiras invisíveis na trajetória das mulheres no mercado de trabalho. No RSl, as mulheres ocupavam, em 2022, apenas 37,7% dos cargos gerenciais. O percentual ficou abaixo da média nacional no mesmo ano, de 39,3%.

A ocupação desse tipo de posição por mulheres no estado, que inicia a série histórica em 33,9%, no ano de 2012, atinge seu percentual máximo em 2021, com 38,2%. Em 2020, com a pandemia de Covid-19, observa-se que a desproporção aumentou frente ao ano anterior, com uma queda de 6,8 p.p. na participação das mulheres.

Quando se analisam os rendimentos dos ocupantes de cargos gerenciais, constata-se que, em 2022, o das mulheres (em média R$ 4.762) equivalia a 62% do rendimento dos homens no mesmo tipo de posição (R$ 7.684). A desigualdade aumentou no estado frente a 2012 (início da série histórica), quando a razão de rendimento era de 72,3%.

Considerando o Brasil como um todo, o rendimento das mulheres correspondia em 2022 a 78,8% do dos homens. O Rio Grande do Sul se posiciona, assim, entre as dez unidades da federação com razões de rendimento mais desfavoráveis que a média brasileira.

Mulheres são 49,9% dos docentes do ensino superior no RS

Em 2022, segundo o Censo da Educação Superior, as mulheres representavam 49,9% dos professores de instituições de ensino superior no Rio Grande do Sul. Entre 2012 e 2022, o número de homens docentes no ensino superior caiu 6,8% no estado, enquanto o de mulheres subiu 0,8%. Assim, a proporção de mulheres avançou, ao longo da última década, 2,0 p.p., repetindo o movimento observado no país. Enquanto na média nacional o percentual é menor (47,3%), nas unidades da federação, os pontos extremos são observados na Bahia (51,8%) e em São Paulo (43,7%).

Gaúchas ocupam 22,6% das cadeiras da Câmara dos Deputados

Apesar de as mulheres corresponderem a 52,7% do eleitorado e do aumento recente da representatividade na Câmara Federal (de 14,8%, em setembro de 2020, para 17,9% de deputadas federais em exercício em novembro de 2023), o Brasil encontra-se na 133ª posição de um ranking com dados para 186 países, sendo o último colocado entre os países da América Latina. No Rio Grande do Sul, onde as mulheres representam 53,0% do total de eleitores, a proporção subiu de 9,7% em 2020 para 22,3% em 2023.

7,7% dos municípios gaúchos são chefiados por mulheres

Em 2023, apenas 19,2% das cadeiras de vereadores eram ocupadas por mulheres no Rio Grande do Sul. Regionalmente, a presença menos expressiva se deu no Rio de Janeiro (10,0%) e a unidade da federação na qual as mulheres estavam mais representadas entre vereadores (21,6%) foi o Rio Grande do Norte.

Com relação ao poder executivo local, ressalta-se que somente 7,7% das prefeituras gaúchas, em 2020, data da última eleição, estavam ocupadas por mulheres. Nos pontos extremos deste indicador estão Espírito Santo (1,3%) e Roraima (26,7%).

Em 12 anos, número de nascimentos com mães entre 10 a 19 anos cai pela metade

Segundo as estatísticas de nascidos vivos no Brasil, entre 2010 e 2022 houve uma redução de aproximadamente 300 mil nascimentos, o que representa cerca de 10% de diminuição. No Rio Grande do Sul, se observa a mesma tendência, com uma queda de 12,3 mil nascimentos ou 9,2%. Percebe-se que, no período, houve crescimento até 2015 (148,4 mil) e trajetória de queda dos nascimentos a partir de 2016 (141,4 mil), que se acelera a partir de 2019 (134,6 mil), alcançando 120,9 mil nascimentos em 2022.

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Prevalência contraceptiva recua, especialmente no Sul

Apesar da redução do número de nascidos vivos e do aumento da concentração dos nascimentos para idades das mães a partir de 30 anos, a prevalência contraceptiva entre mulheres (uso de contraceptivos por mulheres de 18 a 49 anos, casadas ou em união, que tiveram relações sexuais nos últimos 12 meses e não estavam na menopausa) reduziu de 82,6%, em 2013, para 79,7%, em 2019. Além disso, é possível notar que as maiores retrações ocorreram entre as mulheres brancas (-3,5 p.p.) e no Sul do país (-4,8 p.p.).

Covid-19 fez dobrar a mortalidade materna no RS em 2021

A razão de mortalidade materna compreende as mortes maternas obstétricas diretas e indiretas por 100 mil nascidos vivos, e a meta do ODS 3.1 é reduzi-la para menos de 70 mortes por 100 mil nascidos vivos até 2030. A análise dos dados revelou que o Rio Grande do Sul teve mortalidade acima da meta em 2010, 2012 e 2021.

Em 2020, com a eclosão da pandemia de Covid-19, embora tenha se mantido dentro da meta, a razão de mortalidade materna aumentou 21,0% em relação a 2019, alcançando 48,3 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos. Em 2021, atingiu 99,6 óbitos, com taxa de variação de 106,4% em relação ao ano anterior. Em 2022, o indicador retornou a patamar próximo de 2019, com 38,9 mortes por 100 mil nascidos vivos.


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