Salto alto prejudica a coluna? Fisioterapeuta dá dicas para escolher os calçados ideais

Salto alto prejudica a coluna? Fisioterapeuta dá dicas para escolher os calçados ideais

De acordo com especialista, o problema está na altura, no formato e no tempo de uso do salto

Correio do Povo

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Quem não dispensa um sapato alto certamente já ouviu críticas quanto ao uso constante do salto e os malefícios que pode causar à estrutura corporal. Isso porque a altura do calçado altera a angulação da coluna, exigindo maior equilíbrio no caminhar. Contudo, não é preciso eliminar esse item elegante do guarda-roupa para manter a saúde da estrutura corporal.

O fisioterapeuta Ciro Sena, coordenador do curso de Fisioterapia da Faculdade Anhanguera, explica que o salto não é um mal para a coluna. De acordo com ele, o problema está na altura, no formato e no tempo de uso. “Estes são, sem dúvida, fatores que colaboram para disfunções na coluna vertebral. É essencial escolher sapatos de salto que sejam confortáveis, com uma altura adequada e uma boa sustentação para os pés”, explica. Ele também ressalta que o uso de palmilhas ortopédicas ou almofadas de gel pode ajudar a distribuir a pressão nos pés de forma equilibrada. 

Um artigo publicado no Brazilian Journal em 2021 avaliou o impacto do uso dos calçados com salto em mulheres com idade entre 18 e 35 anos. Os estudos descrevem que esses sapatos começam a ser usados na pré-adolescência, com altura em torno de 2,5 cm, evoluindo para 13,5 cm aos 23 anos, mantendo-se até aos 30 anos, quando começam a reduzir a altura em busca de maior conforto. Cerca de 57% do peso corporal é distribuído sobre região posterior do pé e 43% sobre região anterior, sendo esses valores alterados de acordo com o tipo de calçado e o grau de elevação do salto desencadeando disfunções musculoesqueléticas.

O uso de salto provoca a elevação do calcanhar e, com a inclinação do corpo para a frente, a distribuição do peso se concentra no joelho e força a lombar, o que pode gerar dores. Os músculos do calcanhar também ficam menos flexíveis, tendo em vista que podem ser comprimidos. “As dores nas articulações da coluna, pernas e pés que podem estar relacionadas aos sapatos devem ser observadas quando iniciam, por exemplo, após um longo dia em pé (acima de 6 horas) ou após uma longa caminhada”, diz Ciro. Se a dor persistir por mais de uma semana mesmo com a troca de calçado, a recomendação é procurar um especialista médico ou fisioterapeuta que avaliará a causa do desconforto e dará o diagnóstico e tratamento adequado.

O especialista destaca que a ausência total de salto também pode causar a dor, mesmo que em proporção menor, se comparado ao salto alto. O formato “rasteira” não amortece o impacto durante a caminhada e acaba levando ao desgaste nas cartilagens dos tornozelos, joelhos, quadris e lombar. O ideal é que não sejam utilizados por muito tempo ou para caminhadas longas.

Aliar conforto e beleza é possível, de acordo com Ciro. Para ter mais estabilidade, o salto adequado deve ter até 5 centímetros de altura e ser largo, de preferência. “O modelo deve dar apoio para o arco plantar (a curva dos pés), não deve comprimir, nem ficar largo demais. A moderação e o cuidado com a postura, além do fortalecimento muscular adequado, são fundamentais para minimizar os impactos negativos do uso de salto alto”, completa.

Algumas disfunções podem surgir devido ao uso dos sapatos inadequados. “Fascite plantar, lombalgia, encurtamento muscular do tríceps sural (músculo da panturrilha), agravamento do joanete e alterações posturais compensatórias, entre outras”, alerta o coordenador. Em casos de dor já identificada, a dica é realizar fortalecimento e alongamentos musculares constantemente sob orientação de um profissional capacitado.


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