Varizes pélvicas e endometriose: como diferenciar sintomas tão parecidos?

Varizes pélvicas e endometriose: como diferenciar sintomas tão parecidos?

Mesmo com sintomas semelhantes, as condições têm causas, diagnósticos e tratamentos distintos

Correio do Povo

Endometriose e a congestão pélvica compartilham alguns sintomas semelhantes

publicidade

As varizes pélvicas são veias dilatadas e tortuosas dentro da pelve que não funcionam adequadamente e levam ao acúmulo de sangue, causando a chamada “congestão venosa pélvica”. Segundo a cirurgiã vascular Isabela Tavares, da Prime Care Medical Complex, as varizes podem surgir por vários fatores, incluindo múltiplas gestações, alterações hormonais e anatômicas como compressões ou malformações.

Já a endometriose é a presença de tecido semelhante ao endométrio (revestimento interno do útero) fora do útero. Trata-se de uma condição complexa e o desenvolvimento da doença provavelmente envolve associações genética, hormonal e imunológica.

A endometriose e a congestão pélvica compartilham alguns sintomas semelhantes, o que pode tornar o diagnóstico diferencial entre elas bastante desafiador. Assim como a endometriose, os sintomas das varizes pélvicas são dores crônicas na parte baixa da pelve, dores durante ou após relações sexuais e até problemas urinários e intestinais.

Apesar dos sintomas comuns, as causas de cada doença e o tratamento são bem diferentes, por isso o diagnóstico preciso com exames específicos é essencial. Para detectar varizes pélvicas, é feito uma avaliação clínica detalhada e complementada com exames de imagem.

“Ambas as condições afetam de forma importante a qualidade de vida das mulheres, mas as varizes pélvicas foram subdiagnosticadas por muito tempo como causa de dor pélvica crônica. Hoje, com uma maior conscientização e um crescente número de pesquisas, a discussão sobre o tema se ampliou e as varizes pélvicas têm sido diagnosticadas com mais frequência, permitindo que mais pacientes recebam o tratamento adequado”, diz Isabela.

A prevalência de varizes pélvicas entre mulheres pode variar de 10% a 30%, com alguns estudos indicando que até 40% das mulheres com dor pélvica crônica podem ter varizes pélvicas. Considerando a população feminina brasileira em torno de 105 milhões, uma estimativa aproximada pode sugerir que entre 10 e 30 milhões de mulheres poderiam ser afetadas de alguma forma pela condição.

Como diferenciar?

Varizes pélvicas

• Dor pélvica após períodos prolongados em pé ou sentada;
• Piora ao longo do dia e pode aliviar ao deitar;
• Sensação de peso ou pressão;
• Dor persistente ou que até intensifica após a relação sexual;
• Associação com varizes nas pernas e hemorroida;
• Micção frequente, sensação de peso na bexiga.

Veja Também

Endometriose

• Dor cíclica, é mais intensa durante a menstruação, mas pode ser contínua;
• Sangramento menstrual abundante ou irregular;
• Dor profunda durante a relação sexual;
• Alterações intestinais (dor ao evacuar, constipação, diarreia);
• Dor para urinar;
• Infertilidade.

O tratamento principal para as varizes pélvicas é uma técnica endovascular chamada de embolização. “É importante entender o que está causando essas varizes para indicar o tratamento correto. Na maioria das vezes, as pacientes que sofrem por congestão pélvica o tratamento definitivo será pela técnica minimamente invasiva de embolização. Quando as veias dilatadas são apenas um achado de exame, a paciente deve ser orientada sobre o diagnóstico e manter acompanhamento. O uso de meias de compressão e medicação podem ser usados para ajudar no alívio dos sintomas.” comenta a especialista.

Varizes pélvicas X varizes nas pernas

Segundo o cirurgião vascular e diretor da Prime Care Medical Complex, Vitor Gornati, muitas mulheres que têm varizes nas pernas e que acabam por fazer procedimentos e operações várias vezes devem ser investigadas. “Muitas vezes, as varizes pélvicas estão funcionando como uma torneira aberta que está alimentando as varizes das pernas”, diz.

Para tratar as varizes pélvicas por meio do plano de saúde é preciso aprovação prévia, pois ainda não tem um código específico na tabela de procedimentos da ANS. No SUS, o tratamento pode ser encontrado em centros de referência especializados. “A comunidade médica está trabalhando pela melhoria do acesso para todas as mulheres”, finaliza Isabela.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895