Uma em cada quatro mulheres de 15 a 29 anos não estudava e nem estava ocupada em 2023, aponta IBGE

Uma em cada quatro mulheres de 15 a 29 anos não estudava e nem estava ocupada em 2023, aponta IBGE

Necessidade de trabalhar e gravidez são as principais razões do abandono escolar feminino

Correio do Povo

Mulheres têm taxa de desocupação maior do que os homens

publicidade

No Brasil, em 2023, havia 48,5 milhões de pessoas de 15 a 29 anos de idade e 15,3% delas estavam ocupadas e estudando, 19,8% não estavam ocupadas nem estudando, 25,5% não estavam ocupadas, porém estudavam e 39,4% estavam ocupadas e não estudavam, segundo a mostra Educação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do IBGE.

Cerca de 25,6% das mulheres não estavam ocupadas, nem estudando ou se qualificando, enquanto 14,2% dos homens estavam nessa condição. Por outro lado, a proporção dos homens que apenas trabalhavam (47,3%) superava a das mulheres (31,3%) nessa condição.

Entre as pessoas brancas, 18,4% trabalhavam e estudavam, percentual maior que o das pessoas pretas ou pardas (13,2%). Por outro lado, o percentual de pretos ou pardos que não estudavam e não estavam ocupados (22,4%) foi bem superior ao dos brancos (15,8%) nessa condição.

Abandono escolar se intensifica a partir dos 15 anos

No grupo etário de 14 a 29 anos, 9,0 milhões não completaram o ensino médio, seja por terem abandonado a escola antes do término desta etapa ou por nunca a terem frequentado. Destes, 58,1% eram homens e 41,9% eram mulheres. Considerando-se cor ou raça, 27,4% eram brancos e 71,6% eram pretos ou pardos.

Os maiores percentuais de abandono se deram nas faixas a partir dos 16 anos (16,0%), atingindo 21,1% aos 18 anos, idade que também registrou o maior aumento frente a 2019 (5,4 p.p.).

No entanto, “o grande marco da mudança foi a idade de 15 anos que, em geral, é a idade de entrada no ensino médio. Nessa idade, o percentual de jovens que abandonaram a escola (12,6%) quase duplicou frente aos 14 anos de idade (6,6%)”, destaca Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE.

Necessidade de trabalhar e gravidez são as principais razões do abandono escolar feminino

Em 2023, 41,7% dos jovens de 14 a 29 anos com nível de instrução inferior ao médio completo apontaram a necessidade de trabalhar como fator prioritário para terem abandonado ou nunca frequentado escola, proporção que subiu 1,5 p.p. em comparação a 2022.

Para 53,4% dos homens nesse grupo etário, o principal motivo para deixar a escola foi a necessidade de trabalhar, seguido pela falta de interesse em estudar (25,5%). Para as mulheres, o principal motivo foi também a necessidade de trabalhar (25,5%), seguido pela gravidez (23,1%) e por não ter interesse em estudar (20,7%).

Além disso, para 9,5% das mulheres, os afazeres domésticos ou o cuidado de pessoas foram o principal motivo para terem abandonado ou nunca frequentado escola, enquanto entre homens, este percentual foi inexpressivo (0,8%).

Veja Também

70,6% dos jovens pretos e pardos deixaram os estudos sem concluir o ensino superior

Em 2023, a taxa de escolarização das pessoas de 18 a 24 anos foi de 30,5%, percentual próximo ao de 2022. Por sua vez, 21,6% desses jovens frequentavam cursos da educação superior e 8,9% estavam atrasados, frequentando a educação básica. Já 4,3% haviam completado o ensino superior e 65,2% não frequentavam escola e não concluíram o nível superior.

Entre os pretos ou pardos no mesmo grupo etário, 26,5% estavam estudando e apenas 16,4% cursavam uma graduação superior. Nessa mesma faixa, 6,5% dos brancos tinham graduação completa, mais que o dobro da proporção de pretos e pardos graduados (2,9%).

Enquanto 57,0% das pessoas brancas com 18 a 24 anos de idade deixaram os estudos sem concluir o ensino superior, para pessoas pretas ou pardas essa taxa chegava a 70,6%. Entre os brancos desse grupo etário, 36,5% estavam estudando e 29,5% estavam no ensino superior.

“Idealmente, as pessoas de 18 a 24 anos de idade estariam no ensino superior, caso completassem o ensino básico na idade adequada. Contudo, o atraso e a evasão escolar estão presentes no ensino fundamental e no ensino médio. Consequentemente, muitos jovens nessas idades já não frequentam mais a escola, ou ainda frequentam o ensino básico obrigatório”, explica a coordenadora.

Em 2023, um percentual maior de mulheres de 18 a 24 anos frequentava a escola (33,4% frente a 27,7% dos homens). Além disso, 25,1% delas eram estudantes de graduação e 5,1% tinham este grau concluído, enquanto, entre os homens, os percentuais foram, respectivamente, 18,3% e 3,5%.

“A Meta 12 do PNE é que a taxa de frequência escolar líquida no ensino superior para a população de 18 a 24 anos suba para 33% até 2024. Em 2023, no Brasil, essa meta havia sido alcançada somente entre as pessoas de cor branca, com taxa de 36,0%. O desafio do país será reduzir essas desigualdades, combatendo o atraso escolar e incentivando a permanência na escola”, completa.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895