A luta pela eliminação da discriminação racial: uma data para refletir

A luta pela eliminação da discriminação racial: uma data para refletir

Por Paulo Sergio Gonçalves*

Paulo Sergio Gonçalves

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Nunca se falou tanto em combate à discriminação racial como nos tempos atuais. É muito comum vermos em noticiários, jornais, revistas e outros instrumentos de comunicação matérias que relatam situações de flagrante de racismo. Parece até, a olho nu, que os casos de discriminação aumentaram, mas, na verdade, o que aumentou foi a coragem de denunciar e também o apoio das mídias sociais e dos veículos de comunicação. Não se pode, ainda, deixar de falar, que todo este movimento é resultado de anos e anos de luta dos movimentos negros que sempre batalharam pela diminuição das situações de discriminação. 

O Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, que se passa neste 21 de março, é mais um momento para reflexão sobre este assunto tão urgente. Não é um dia de comemoração, mas sim de reflexão, reitero, pois em 21 de março de 1960 um terrível massacre deixou 69 vítimas fatais e 186 feridos na cidade de Joanesburgo, na África do Sul, onde as pessoas protestavam contra o Apartheid, ou Lei do Passe, que obrigava a população negra a portar um cartão com os locais onde era permitida sua circulação. Foi esse terrível acontecimento que fez com que a data fosse proclamada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um marco na luta da população negra contra a discriminação e o racismo estrutural. 

No Brasil, nos dias atuais, ainda conseguimos observar várias situações de racismo no dia a dia e em todas as áreas. No futebol, na vida cotidiana e também nos setores mais altos da sociedade. Porém, podemos perceber um grande avanço. Atualmente, a legislação está sofrendo adaptações para punir com mais rigidez os praticantes deste ato infame. Entretanto, por ser um avanço recente, o racismo ainda exige políticas de inclusão mais eficazes, além do cumprimento efetivo da legislação. O preconceito resulta em problemas que dificultam o acesso à saúde, mercado de trabalho e condições dignas de vida.

Os movimentos negros universitários, os grupos militantes e todos os negros e negras, e também os não negros, se colocam em estado de vigilância constante contra este ato. Reflexão, informação e denúncia, esta é a receita para a inibição dos atos discriminatórios.

*Coordenador do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (NEABI) e professor de direito, literatura e sociologia da Estácio


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