A voz dos ginecos-obstetras e pediatras

A voz dos ginecos-obstetras e pediatras

O debate sobre o aborto no Brasil ganha destaque com a proposta de estabelecer um limite de 12 semanas de gestação como marco para a prática descriminalizada.

Dra. Tatiana Della Giustina

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O debate sobre o aborto é diretamente ligado ao direito à vida, ao direito reprodutivo e às políticas públicas de saúde. O cumprimento da atual legislação, de forma adequada, está bem conduzido. A proposição que será discutida pelo STF põe em pauta a proposição de 12 semanas de gestação como limite para prática descriminalizada do aborto, quando a gestante o decidir. 

O CFM pretende que, se houver votação sobre este tema, a mesma seja feita no plenário presencial do STF, onde existem as possibilidades de manifestações orais de representantes de entidades e oitivas de especialistas sobre diferentes aspectos da questão. 

Na questão do aborto é preciso que se dê voz e ouvidos aos gineco-obstetras e pediatras, que estão engajados em fazer crianças sobreviverem e viverem mesmo após partos muito complexos e com incidentes inesperados, que trabalham para amenizar as intercorrências advindas de gestações de risco, e, como em outras áreas da medicina, lutam pela vida, e neste caso, até mesmo pela vida de quem ainda está por nascer. 

Os avanços da medicina e dos tratamentos para prematuros e gestantes de risco, assim como as melhorias nas UTIs neonatais, têm salvado bebês cada vez mais jovens. Em novembro de 2021 um bebê sobreviveu ao nascimento prematuro de 21 semanas, batendo recorde mundial registrado. Curtis Zy-Keith Means nasceu com 420 gramas e foi salvo por uma equipe médica da Universidade do Alabama no Estados Unidos, superando uma chance de sobrevivência de menos de 1%.

O aborto não se trata de método de planejamento familiar. O que alguns movimentos políticos defendem é a completa liberalização do aborto, esquecendo que procedimentos abortivos se constituem em uma agressão física e psicológica contra a mulher. Esperamos que, neste tema árduo, nossos colegas pediatras, obstetras e ginecos-obstetras sejam ouvidos e que seus posicionamentos técnicos sejam levados em consideração, assim como o imprescindível bom senso na elaboração de políticas públicas de saúde. 
A medicina luta sempre pela vida.


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