Celular na escola: aliado ou vilão?
Por Luís Felipe Loro, professor da educação básica e Conselheiro Estadual de Educação do RS
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Avança no Congresso Nacional um projeto de lei que propõe regras mais claras sobre o uso de celulares nas escolas de educação básica. O avanço desse debate no parlamento é alvissareiro e vai ao encontro de ações já adotadas em diversos países, onde o uso desses aparelhos nas salas de aula tem sido regulamentado nos últimos anos. Uma série de estudos internacionais, como o Pisa 2022, reforça a necessidade de normatização, ao demonstrar que a distração causada pelos smartphones prejudica o desempenho acadêmico dos estudantes, levando a uma diminuição significativa na qualidade de aprendizado.
No entanto, é fundamental que as regras propostas por essa legislação sejam bem definidas para os educadores e a sociedade. O termo a ser destacado aqui, e que o texto do projeto deixa claro, é “regulamentar”; e não “proibir” ou “banir”, como várias manchetes têm propagado. Celulares, quando bem utilizados, podem ser grandes aliados no processo de ensino-aprendizagem, sobretudo no contexto dos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio, onde os recursos tecnológicos podem tornar as aulas mais interativas e dinâmicas. Jogos educativos, aplicativos para resolução de problemas e até simulações interativas são apenas alguns dos exemplos de como os aparelhos podem agregar valor pedagógico às aulas.
Além disso, a figura do professor se torna cada vez mais importante como mediadora no uso dessa tecnologia. Como o texto do projeto destaca, não se trata de excluir o celular, mas de estabelecer um uso responsável e produtivo, capaz de potencializar o aprendizado e direcionar o uso dessa ferramenta para fins educacionais. Cabe ao educador o papel de guiar os estudantes a fazer um uso saudável e proveitoso do aparelho, preparando-os para a sociedade conectada em que estão inseridos e ajudando-os a desenvolver a capacidade de autogerenciamento.
A questão, portanto, não é se o aparelho celular é “aliado” ou “vilão” da educação, mas sim como podemos usá-lo a nosso favor. Encontrar esse caminho é a verdadeira resposta para um dilema que vem desafiando educadores no mundo todo.