Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Por José Antônio Ohlweiler*

José Antônio Ohlweiler

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Está na Constituição: o transporte coletivo é um serviço público essencial e um direito social. Afinal, possui papel fundamental para milhares de trabalhadores que levam adiante o sistema produtivo — em hospitais, nas indústrias, no comércio, nas escolas e nas mais diversas atuações. É por isso que os governos federal, estaduais e municipais precisam estar sempre atentos a esse tema. A crise no transporte coletivo não é de hoje e se agravou com a pandemia. No RS, o sistema metropolitano, por exemplo, perdeu 75% no volume de passageiros no início da pandemia. A média atual de usuários é equivalente a 54% da quantidade de 2019. Já a alta acumulada do diesel, principal insumo para o transporte, foi de 64% em 2021.

<TB>Mesmo com o trabalho sério e responsável das empresas, buscando se reinventar e cortando gastos, infelizmente não há garantia de reequilíbrio do sistema se a demanda não for recuperada. Ou seja, a ação do poder público é decisiva, não apenas para o sistema se manter, mas para dar mais eficiência e qualidade ao serviço. Temos dois bons exemplos recentes. Um é a lei do governo do Estado, aprovada na Assembleia, que garantiu auxílio para o pagamento de milhares de trabalhadores do sistema metropolitano. O outro é da prefeitura de Gravataí, que reduziu a passagem para R$ 3,75 e previu melhorias para os usuários. Merece destaque também a mobilização liderada pelo presidente da Granpal, prefeito Sebastião Melo, para a criação de um SUS do Transporte.

Dar atenção ao transporte representa viabilizar uma passagem mais justa e acessível, contribuindo para aumentar o número de passageiros e oxigenar o sistema. Significa, também, investir no trabalhador, especialmente o de baixa renda, que mais precisa deste serviço. É contribuir para tornar o serviço mais atrativo e eficiente, com ônibus modernos e sustentáveis, climatizados, com acessibilidade, aplicativos em tempo real, entre outros benefícios aos passageiros.

Inovar não é só fazer coisas novas, mas, também, resolver problemas que se arrastam há anos em áreas de enorme impacto social e econômico no dia a dia da população e dos municípios. Quem teve a coragem de enfrentar o tema e encaminhar soluções vislumbra um novo cenário. Quem esqueceu dessa responsabilidade já vê bater à porta o alerta de colapso nesse sistema indispensável. Já nos ensinou Geraldo Vandré: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.

*Presidente da Associação dos Transportadores Intermunicipais Metropolitanos de Passageiros (ATM)


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