Aumentou a família de capivaras em Porto Alegre, presente na foz do Arroio Dilúvio e que, há alguns meses, chama a atenção de frequentadores da área. Os cinco filhotes existentes em maio agora são dez, somados a um macho e uma fêmea adultos, fazendo com que o cuidado também seja redobrado. Placas instaladas pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), em conjunto com as secretarias municipais do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) e do Gabinete da Causa Animal (GCA), ajudam a mostrar que elas mandam naquele ambiente natural.
O maior roedor vivente do mundo, cujos adultos podem pesar até 75 quilos, segundo a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), não costuma interferir na rotina dos seres humanos que circulam pela área, sendo atraídos mesmo pelas gramíneas, seu principal alimento. O Gabinete da Causa Animal (GCA) da Prefeitura, que as monitora, afirma que elas provavelmente tenham chegado a este a partir das enchentes de 2024, transportadas pelo curso natural da água a partir de áreas onde são mais comuns, como a região do Arquipélago, especificamente nas ilhas da Pintada e Jangadeiros, onde já foram vistas.
Elas, de nome científico Hydrochoerus hydrochaeris, também já foram visualizadas no bairro Lami, no extremo Sul da Capital, e não há consenso claro sobre se já tenham sido flagradas na área urbana da Capital antes do começo de 2025. “Do ponto de vista das capivaras, o ambiente de alimentação é limitado, sendo a área de gramado restrita. Isso significa que existe um espaço para o bando crescer, não sabemos quanto, mas não muito. O ambiente não é de boa qualidade: a água é contaminada, existem riscos altos de atropelamento, predação por filhotes de cães e eventualmente por pessoas”, disse o professor Demetrio Luis Guadagnin, especialista em fauna silvestre do Departamento de Ecologia da UFRGS.
Cinco filhotes de capivara aumentam a família que vive às margens da avenida Ipiranga, em Porto Alegre
Também segundo ele, há alto risco de zoonoses, doenças de animais domésticos, especialmente cães, que podem contaminá-las. “No caso das zoonoses, muitas espécies silvestres, domésticas e humanos podem ser infectados de forma cruzada. Não é razoável afirmar que uma ou outra seja o reservatório ou a vítima, todas são reservatórios e vítimas ao mesmo tempo”, acrescentou ele, aludindo à cautela. “Tudo que podemos fazer por ora é estar atentos, bem informados, e preparados a uma eventual necessidade de intervenção”. Mas se o risco de doenças é moderado, o da agressividade delas é relativamente baixo.
Consideradas “pouco preocupantes” conforme a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), capivaras são animais silvestres, sendo sua caça proibida e passível de responsabilizações criminais. No final de maio, a Prefeitura e o governo do Estado discutiram alternativas diante da presença delas, como o cercamento provisório da área para evitar o contato direto entre pessoas e animais, além da instalação de câmeras para monitoramento do grupo e ações de educação ambiental.
Apesar de contaminada, a foz do Dilúvio é ponto de moradia de outros animais, como tartarugas, largamente vistas na área. De qualquer forma, ainda no caso das capivaras, a Administração Municipal recomenda a não aproximação, assim como não alimentá-las; evitar transitar a pé, à noite, próximo à área; reduzir a velocidade ao trafegar pelo local; não tentar capturar ou direcionar os animais.
