Da terra nascem os frutos

Da terra nascem os frutos

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O Rio Grande foi forjado a pata de cavalo, as fronteiras defendidas com o ferro das espadas e com as pontas afiadas das lanças. O mesmo espírito guerreiro foi transplantado para a terra, onde os nossos homens e mulheres a revolveram com arados toscos, a prepararam e nela jogaram as sementes que frutificaram para que nunca faltasse o pão na mesa. Clareiras foram abertas nas matarias a facão e a machado para que surgissem novas searas. Uma querência sempre ligada ao boi, ao cavalo e ao arado que, simbolicamente, significam a nossa agropecuária. A terra onde a  economia principiou e que nela permanece atrelada.

Ao começar nova Expointer, quero saudar a todos os produtores, pequenos, médios e grandes. Eu me criei no campo e conheço as agruras dessa gente que levanta ainda antes do sol nascer e só para quando já é noite. Um povo que trabalha sem olhar para o relógio, que não tem dia da semana e nem feriado. É labuta o tempo todo, inverno e verão, faça chuva ou faça sol. Respeito o peão campeiro, o tratorista, o caminhoneiro boiadeiro, o changueiro, o alambrador, o moderno cabanheiro, os ginetes e tratadores, os técnicos agrícolas, os agrônomos, os veterinários, os administradores, os fiscais, os compradores de reses e leiloeiros. Cada um deles agrega um pouco nesta faina diária do campo. Agora é chegada a hora de dizer a eles o nosso obrigado, o quanto nós que hoje vivemos nas cidades devemos ao trabalho desses que produzem no fundão das granjas, das fazendas, na imensidão das propriedades de todas as regiões do Estado.

Eu os bendigo, gaúchos de tantos nomes que sofrem, que lutam e carregam a saudade dos entes queridos enquanto perambulam por esses corredores, campos e lavouras distantes. Uma gente que nasce e se cria no lombo do cavalo, que vive levando solavanco de trator. Muitas sonham com premiações para os seus animaisou para os que cuidam. Então se decepcionam quando o reconhecimento não chega. Povo que chora pelas safras perdidas, pelos animais mortos de doenças, que perde anos e anos de trabalho durante um vendaval e se enche de dívidas. Mas este é o mesmo povo que nunca desanima, que sempre levanta, pois carrega a esperança nos braços e no coração.

Bendito povo campeiro do Sul , povo que faz gemer a terra. Cada terneiro ou potro que abre os olhos é o antigo Rio Grande que renasce, escarceando na coxilha, reinventando o passado, o presente e o futuro...

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