O Correio com cara de guri novo

O Correio com cara de guri novo

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Tive a mesma sensação da colega Alina Souza há exatos 25 anos, quando em outubro de 1990, entrei no majestoso prédio do Correio do Povo para uma entrevista de emprego. Ganhei o trabalho e daqui não sai mais. Já havia passado por alguns jornais do Interior do Estado, Santa Maria e Caxias do Sul, também antigos e importantes, mas ser contratado pelo Correio foi um orgulho que carrego até hoje. Sei do passado e conheço o presente deste valoroso matutino, como se dizia antigamente, e para ele dediquei boa parte da minha vida. Mas ele sempre me deu muito mais do que pude oferecer. Ele entrou com a credibilidade e o respeito que muitos jornalistas que já se foram moldaram ao longo dos anos. Eu entreguei a vontade, a alegria e o humilde trabalho de um guri que vinha de uma pequena cidade do interior, um menino que se criou bolicheando, carroceando e tirando leite nas madrugadas para ajudar sua família a bancar o sustento e os estudos dos filhos. Ter me tornado jornalista foi uma grande vitória pessoal, mas trabalhar no Correio do Povo tornou-se um prêmio que nunca poderia imaginar. Embora sonhasse desde pequeno, quando lia pelos galpões os poemas de Mario Quintana, Apparício Silva Rillo e tantos outros no Caderno de Sábado.


Sei da responsabilidade que tenho ao escrever nas suas páginas ou nas novas plataformas. Agradeço a tantos e todos os homens e mulheres experientes que me ensinaram o caminho e apontaram o dedo. Destaco um, Édison Moiano, índio de quatro costados, de coração mole e alma doce como as pitangas maduras da sua Santiago do Boqueirão. Mas que no dia a dia da redação era duro para criticar, cobrar trabalho e dedicação, texto limpo e informação precisa. Em nome do Moiano, que hoje descansa em sua casa em Canoas, homenageio todos os demais colegas que me ensinaram a ser um jornalista e que me mostraram aquilo que a gente não aprende nos bancos acadêmicos.


E hoje, no aniversário do meu Correio, o vejo tão lindo, renovado, com cara de guri novo, um potro sem dono que bota o freio nos dentes e galopa coxilha afora. Com a manga da camisa seco meus olhos já encharcados. Se conheço o passado e o presente do Correio do Povo, não sei do seu futuro. Só sei que gostaria de envelhecer como ele. Que dádiva é estar ao lado deste potro que galopa livre no rumo de seus horizontes de luz e de saber. Que busca sempre aquilo que nunca morre...



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