O homem, o cavalo e o guri
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O cavalo ainda era um potrinho quando o homem o comprou de um vizinho. Era mirrado, mostrando as costelas e com feridas pelo lombo. Tinha olhos grandes e tristes. Depois, bem tratado pelo homem, encheu-se de viço, ficou alegre, nem precisou ser domado. Um dia o homem o encilhou e ele tranqueou satisfeito com o dono no lombo. Noutro dia o homem o atrelou à carroça. Depois no arado. Para tudo o potro, agora cavalo, se prestava. O homem era todo orgulho com seu Tostado, bom de rédea, bom de pata e de força descomunal, que atendia ao chamado do homem de dia e de noite. Foram muito felizes os dois. Um mês depois que o homem morreu, o cavalo também amanheceu morto, de olhos abertos, parecendo fitar o céu anil da antiga Vila Rica.
O guri estava abandonado, andava rolando de um lugar para o outro, sem o carinho da mãe, sem o conselho de um pai. O homem o encontrou e o levou para sua casa. Fez dele seu filho, o ensinou a ser um homem trabalhador, honesto e reto, como o próprio homem sempre havia sido. O menino tinha os olhos vidrados como os do cavalo, mas logo também se encheram de luz e de esperança, pois ganhara um lar, uma mãe, um pai e um cavalo. Era tudo o que o guri precisava na vida.
Meus amigos: o guri era eu. O cavalo era o meu companheiro Tostado. E o homem foi e sempre será o meu pai.
FELIZ DIA DOS PAIS A TODOS OS LEITORES!!!